Restaurante
da rede McDonald's em Caracas, na Venezuela.
(Foto:
Federico Parra/AFP)
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Fechamento
evidencia as dificuldades de continuar operando após as medidas que incluem
reduções forçadas dos preços e aumentos salariais em uma economia quase
paralisada.
O fechamento de
várias lojas da rede McDonald's na
Venezuela evidencia as dificuldades de continuar operando após as reformas
econômicas do governo, que incluem reduções forçadas dos preços e aumentos
salariais impossíveis de custear em uma economia quase paralisada.
"Continuamos
a adaptar nossos negócios à dinâmica dos mercados em que estamos presentes.
Encerramos recentemente as atividades em um número reduzido de
restaurantes", anunciou no sábado Arcos Dorados, que opera a marca
americana no país.
A empresa não
informou o número de instalações fechadas, mas a imprensa local e usuários
indicaram que pelo menos sete fecharam as portas, quatro em Caracas. Cerca de
120 ainda operam.
Preços nas
alturas
No restaurante
de Sabana Grande, no leste da capital, segue funcionando apenas o serviço de
sorvetes, com preços impagáveis para muitos.
"Nove
milhões de bolivares por um sorvete! Estão loucos!", reclamou um cliente.
Homem come
doce em frente a um restaurante fechado
da rede McDonald's em Caracas, na Venezuela.
(Foto:
Federico Parra/AFP)
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Uma casquinha
custa 90 bolívares soberanos, denominação lançada pelo presidente Nicolas
Maduro em 20 de agosto e que suprimiu
cinco zeros da moeda, pulverizada por uma inflação que deve chegar a
1.000.000% em 2018, segundo o FMI.
"Se o
dinheiro não é suficiente para comprar alimentos básicos, como posso ir a um
McDonald's?", disse à AFP Julián Peña, de 79 anos. Um sorvete custa o
mesmo que um quilo de carne.
Ao caso do
McDonald's, que teve que mudar seu cardápio devido à escassez de insumos, se
soma o do fabricante de pneus Pirelli, que na segunda-feira (2) passada fechou sua fábrica na Venezuela por
falta de matéria-prima. Segundo o governo e o sindicato, chegou-se a um acordo
para retomar as operações.
Outras
multinacionais fecharam nos últimos anos devido à crise, como General Motors,
Kimberly-Clark, Clorox e Kellogs.
Alto risco
Mas não é só o
McDonald's que fechou restaurantes: na avenida Sabana Grande, a maioria das
lojas estão fechadas. Algumas não podem pagar o aumento salarial de mais de
3.400% decretado por Maduro; outras temem fiscalizações que as obriguem baixar
os preços.
Nessas
operações, 131 pessoas foram presas, incluindo gerentes de supermercados,
muitos dos quais ficaram com as prateleiras vazias.
Eles são
acusados de "revenda, especulação, boicote ou desestabilização da
economia", segundo as autoridades.
"Perder
dinheiro e expor seus funcionários é um risco muito alto para manter as
operações, especialmente para as multinacionais", indicou à AFP Luis
Vicente León, diretor da empresa Datanálisis.
Apesar de estar
satisfeito com o aumento do salário mínimo (cerca de US$ 30 de acordo com o
câmbio oficial), Darwin Pastrana, um modelo de 25 anos, teme que mais empresas
fechem.
"Com o
aumento, o dinheiro rende mais. Mas acredito que as empresas não poderão pagar
um salário como esse", declarou à AFP.
"Cerca
de 40% dos comerciantes fecharam este ano com tanta incerteza, improvisação,
diante de uma política monetária que gerou hiperinflação", apontou a
presidente do sindicato Consecomercio, Maria Uzcategui.
Com um setor
privado operando a 30% de sua capacidade, a economia está quase paralisada,
segundo Coindustria.
Um homem
mostra novas notas de bolívares no centro
de Caracas, na Venezuela. (Foto: Federico
Parra/AFP)
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O governo
socialista fixou os preços de 25 produtos básicos, vários dos quais, como
carne, frango e ovos, desapareceram dos supermercados. Também começou a regular
o custo de produtos de higiene pessoal e de limpeza.
O governo
sustenta que os preços foram acordados com os empresários e levam em conta os
custos de produção, mas a Consecomercio garante que apenas 35 empresas foram
consultadas e não representam todo o setor.
Crise na
Venezuela
A Venezuela
enfrenta uma seca de moeda devido ao colapso da produção de petróleo - fonte de
96% da renda - e à falta de financiamento. Foi declarada em default parcial em
2007 e é alvo de sanções dos Estados Unidos.
Como parte das
medidas para tirar o país de quatro anos de recessão, Maduro também
desvalorizou o Bolívar em relação ao dólar em 96%.
"A
situação é muito grave para franquias e empresas estrangeiras. A desvalorização
alterou os resultados nos livros, os custos trabalhistas subiram
vertiginosamente e as vendas estão no chão. Como repor os estoques sem aumentar
os preços?", comentou o economista Leonardo Vera.
Por France Presse
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