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Images Incêndio no Museu Nacional da Quinta
da Boa Vista
destrói séculos de Ciência no Brasil.
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Brasil começaria nesta segunda-feira (3) a Semana Temática de Educação, Ciência
e Tecnologia para refletir sobre os desafios do próximo presidente e Parlamento
nessas áreas. Infelizmente, teremos de abrir a série com este artigo em luto
pela Ciência no Brasil com a destruição do Museu Nacional da UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro), devastado por um incêndio de causas
desconhecidas neste domingo.
Com o museu em
chamas, perde-se a História da arqueologia brasileira. O conhecimento produzido
com séculos de pesquisa em paleontologia, zoologia, botânica se esvai.
Esqueletos, múmias, fósseis, inclusive o fóssil humano mais antigo das
Américas, viram cinzas. Assim como milhões de insetos. Milhares de livros de
ciências naturais. E até um meteorito... Um acervo de 20 milhões de peças
severamente afetado.
A SBPC
(Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) do Rio de Janeiro diz que o
incêndio é símbolo do descaso do governo de Michel Temer com ciência, cultura e
patrimônio. Mas admite que essa indiferença vem da gestão petista. "Desde
2014 o governo federal não faz os repasses apropriados para a manutenção do
museu", afirma a SBPC do Rio em nota.
Uma tragédia
anunciada!
O presidente da
SBPC, Ildeu de Castro Moreira, postou no Facebook propostas
elaboradas em 2010 pela comunidade científica ressaltando a necessidade de
"uma política pública para preservação do patrimônio cultural e científico
do País". O texto, que reunia diretrizes para governantes e parlamentares,
foi elaborado ao fim da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação,
em Brasília. "Resta dizer que não foram implementadas", lamenta
Moreira.
© Ricardo
Moraes / Reuters Comunidade científica lamenta
destruição
de acervo do Museu Nacional da UFRJ.
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A curadora e
pesquisadora acadêmica Ivana Bentes, ex-secretária de Cidadania e Diversidade
Cultural do Ministério da Cultura, classifica o incêndio de
"barbárie" e não "acidente". Ela também ressalta o descaso
com o Museu Nacional, que resultou na precariedade de suas instalações. "O
museu sobrevive com o mínimo de recursos do Estado; o público fazia vaquinha
ajudar na manutenção", lembra.
Bentes recorda
outros incêndios que atingiram o MAM (Museu de Arte Moderna), há 40 anos
no Rio, e a Cinemateca Brasileira e o Museu da Língua Portuguesa,
em São Paulo, mais recentemente. Em 2010, também na capital paulista, um
incêndio no Instituto Butantan destruiu maior acervo de cobras do País.
Todos, segundo
Bentes e tantos outros pesquisadores, refletem o total desinteresse do poder
público em preservar séculos de Ciência e, claro, História e Cultura.
Emocionado, o
divulgador científico Hugo Fernandes-Ferreira, professor na UECE (Universidade
Estadual do Ceará), argumenta em vídeo no Facebook que o Brasil não perdeu apenas o
passado com o incêndio, mas também o futuro.
"Hoje,
você não descobre espécies novas andando no campo, não é assim para a Ciência.
Essas espécies são descobertas em coleção [para comparar] que esta é diferente
daquela. Então, o animal coletado há 200 anos serve para ser descrito
hoje", explica Fernandes-Ferreira.
Uma explicação
que expressa o luto da Ciência brasileira neste início de semana.
Afinal, nas
palavras do professor, "perder o futuro dói muito mais".
Diego
Iraheta
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Brasil
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