© Fornecido
por AFP Venezuelanos fazem fila para conseguir permissão
de residência temporária e visto em Lima, em
29 de agosto
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O fato de haver
"venezuelanos que tenham ido para outros países foi usado de maneira
bárbara, criminosa e xenófoba por governos xenófobos e racistas", afirmou
nesta quarta-feira (29) o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, que chamou
de "fake news" a relação feita entre os fluxos migratórios e uma
"crise humanitária".
Prometendo que
o plano econômico em vigor desde 20 de agosto salvará o país, Maduro convidou
os venezuelanos a voltarem para o país.
"Digo aos
venezuelanos (...) que queiram retornar do escravagismo econômico: deixem de
lavar banheiros no exterior e venham viver na pátria", disse Maduro na
terça-feira em sua primeira declaração sobre o tema nessas semanas em que o
êxodo disparou.
Na maior crise
migratória latino-americana em décadas, milhares de venezuelanos fugiram para a
Colômbia, Equador, Peru, Brasil, Chile e Argentina, diante da falta de comida e
medicamentos, em meio à hiperinflação que o FMI projeta em 1.000.000% para 2018
e salários equivalentes a 30 dólares.
Diante desse
fluxo, o presidente Michel Temer ordenou o envio das Forças Armadas ao estado
de Roraima, na fronteira com a Venezuela, duas semanas depois de um conflito entre
os imigrantes venezuelanos e moradores do município de Pacaraima.
Além
disso,Temer adiantou que poderão se "distribuir senhas" para limitar
o fluxo de imigrantes no estado de Roraima.
O fluxo atinge
toda a América Latina: no Brasil, no Peru e no Panamá houve surtos xenófobos na
população local que vê nos imigrantes uma ameaça a seus empregos e serviços
básicos. Salvo na Costa Rica, os países centro-americanos, incluindo a aliada
Nicarágua, impuseram vistos aos venezuelanos.
"É claro
que a migração de venezuelanos subiu na região. É um tema complexo, mas é coisa
de ver os número e que, sim, subiu", disse à AFP Marcelo Pisani, diretor
da Organização Internacional para as Migrações (OIM) para a América do Norte,
América Central e Caribe.
Para o analista
e ex-embaixador britânico em Cuba, Paul Hare, Maduro é "visto não somente
como um líder que debochou da Constituição venezuelana, mas também como uma
ameaça para a estabilidade" regional.
Nenhum país
está preparado
© Fornecido
por AFP Policial registra as impressões digitais
de um
migrante venezuelano, em 29 de agosto
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De ônibus ou à
pé, famílias inteiras se dirigem à vizinha Colômbia. Alguns ficam e outros
seguem rumo ao sul do continente. Muitos foram acolhidos em abrigos, alguns
acampam nos terrenos baldios e parques ou vivem de doações.
Saí
"buscando uma vida melhor para meus filhos e minha família porque lá um
salário não dá para nada", disse à AFP Jackson Durán, de 22 anos, que
chegou a Quito após a travessia de 20 dias.
Mais de um
milhão de venezuelanos entraram na Colômbia no último um ano e meio, mais de
400.000 no Peru e cerca de 300.000 no Chile. No Equador neste ano entraram
600.000 e cerca de 100.000 vivem na Argentina.
"Nenhum
dos países está preparado para tratar dos migrantes e do impacto que sua
chegada terá nas populações (...). É necessário um enfoque comum",
advertiu Peter Hakim, do Diálogo Interamericano.
Segundo a ONU,
2,3 milhões de venezuelanos (7,5% da população de 30,6 milhões) vivem no
exterior. Destes, 1,6 milhão migrou a partir de 2015, quando a crise se
intensificou.
O êxodo
acelerou depois que o Peru e o Equador decidiram exigir passaporte dos
venezuelanos, medida que Quito suspendeu por ordem judicial. No Peru, podem
entrar sem o documento venezuelanos que peçam refúgio.
Nesse contexto
de urgência, Quito convocou uma reunião regional na segunda e na terça-feira da
semana que vem, enquanto que Bogotá e Lima decidiram compartilhar uma base de
dados de migrantes. O Peru declarou emergência sanitária em sua fronteira com o
Equador.
A OEA também
convocou uma sessão extraordinária de seu conselho permanente para o dia 5 de
setembro na sede do organismo regional em Washington.
Especialistas
acreditam que a migração aumentará a pressão contra Maduro. "Desafiei
muitos padrões de comportamento político na região (...), que agora tem uma
motivação coletiva para colocar a Venezuela de novo nesse caminho (da
democracia)", opinou David Smilde, do centro de pesquisa WOLA, em
Washington.
Crise ou
'fake news'?
O governo
socialista atribui o êxodo a uma "campanha da direita" e disse estar
certo de que os migrantes voltarão, porque o plano de Maduro, que inclui um
aumento de 3.400% do salário mínimo, dará resultado.
Acolhidos pelo
plano "Volte à pátria", cerca de 90 venezuelanos retornaram na
segunda-feira.
Muitos teme,
entretanto, uma maior escassez e o aumento de preços. "As coisas estavam
caras, mas as conseguíamos. Agora estão mais caras e não se conseguem mais. Eu
esperava que (com as medidas) fosse melhor, mas não", disse à AFP Edilé
Bracamonte, cuja filha foi para a Colômbia há um mês.
"O êxodo
deixa claro que milhões de venezuelanos perderam a esperança de qualquer
mudança", assegurou Hakim.
No entanto,
Rodríguez assegura que 20% dos residentes na Venezuela são colombianos,
peruanos e equatorianos, cujos subsídios custam ao país mais de 3 bilhões de
dólares por ano.
Sua
permanência, argumenta, desmonta a "fake news" (notícia falsa) de que
na Venezuela há uma crise humanitária.
Por Maria
Isabel SANCHEZ
AFP
AFP
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