Poeta
chinesa Liu Xia sorri ao chegar nesta terça-feira (10)
ao Aeroporto
Internacional de Helsinque, na Finlândia
(Foto: Jussi Nukari / Lehtikuva / AFP)
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Liu Xia, de
57 anos, estava em prisão domiciliar desde que seu marido venceu o Prêmio
Nobel.
A poeta chinesa
Liu Xia, viúva do dissidente chinês e vencedor do Prêmio Nobel da Paz Liu
Xiaobo, deixou a China nesta terça-feira (10) e chegou ao Aeroporto
Internacional de Helsinque, na Finlândia.
Liu, de 57
anos, estava em prisão domiciliar porque não tinha liberdade de movimento desde
2010, quando seu marido venceu o Prêmio Nobel. A morte de Liu Xiaobo, vítima de
um câncer de fígado em julho de 2017, não havia alterado a situação.
"Hoje, às
11h, Liu Xia embarcou em um voo da Finnair e deixou Pequim rumo a Helsinque,
capital da Finlândia", afirmou à agência AFP Ye Du, amigo da poeta. Mais
tarde, a agência divulgou fotos de Liu Xia no aeroporto de Helsinque.
O dissidente
Liu Xiaobo, que participou dos protestos da Praça Tiananmen (Paz Celestial) em
1989, foi condenado em 2009 a 11 anos de prisão por "subversão" por
ter assinado um pedido de eleições livres na China. O ativista morreu no ano passado enquanto cumpria a pena,
um fato trágico que fez dele o primeiro vencedor do Novel a morrer preso desde
o período nazista na Alemanha.
Liu Xia era
vigiada pela polícia política da China apesar de não ter sido condenada. Ela
continuou sob este regime após a morte do marido, apesar das declarações das
autoridades chinesas de que ela estava em liberdade.
Em maio, cinco
diplomatas ocidentais tentaram visitar Liu Xia mas foram impedidos pela polícia
sem qualquer explicação. Estados Unidos, União Europeia e o Alto Comissariado
da ONU para os Direitos Humanos pediam sua libertação a Pequim.
Em uma recente
ligação telefônica emotiva a um amigo, o escritor chinês Liao Yiwu, Liu disse:
"Terão que acrescentar uma frase na Constituição que diga, 'Amar Liu
Xiaobo é um crime grave, é uma sentença para a vida'".
Pressão
internacional
A saída de Liu
Xia aconteceu após a visita da chanceler alemã Angela Merkel a Pequim no fim de
maio.
No mesmo mês,
vários escritores e artistas reconhecidos, entre eles Michael Chabon, Paul
Auster e Khaled Hosseini, pediram que ela fosse autorizada a passar por um
tratamento médico no exterior.
Um de seus
amigos, o escritor dissidente Liao Yiwu, que vive no exílio na Alemanha,
afirmou na ocasião que a poeta havia confessado durante uma conversa telefônica
que estava disposta a
"deixar-se morrer" pela proibição do governo chinês para
que saísse do país.
Tratamento
no exterior
"É
realmente maravilhoso que Liu Xia seja finalmente autorizada a abandonar a
China depois de tudo que sofreu nos últimos anos", afirmou Patrick Poon,
da ONG Anistia Internacional.
"Ela sofre
de depressão e é bom que possa receber tratamento no exterior", completou.
Poon, no
entanto, expressou preocupação com o destino do irmão de Liu Xia, Liu Hui, que
permanece na China.
Liu será
recebida em Berlim pelo opositor chinês Liao Yiwu, segundo uma organização de
direitos humanos taiwanesa.
Por France Presse
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