Marcelo
Traça cita ainda que parlamentares Paulo Melo e Edson Albertassi também
recebiam valores indevidos. Defesa dos três mencionados na delação premiada
nega acusações.
O
ex-vice-presidente da Fetranspor Marcelo Traça Goncalves afirmou que passou
mais de R$ 18 milhões em propina para o ex-presidente da Assembleia Legislativa
do Rio (Alerj), Jorge Picciani (PMDB) em pouco mais de um ano. A declaração foi
dada durante um depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), em acordo de
delação premiada da Operação Lava Jato.
A verba era
enviada por empresários de ônibus e repassada pelo ex-vice-presidente da
federação que representa as empresas de ônibus do estado do Rio.
“Eu entreguei
ao deputado Picciani, através de quem ele determinou, em torno de R$ 18,6
milhões. Eu pagava por uma determinação do Zé Carlos. Um compromisso que o Zé
Carlos tinha com ele”, disse o delator.
Ministério
Público Federal: “Mas qual era a contrapartida?”
Marcelo Traça:
“Específica? Eu não tenho como lhe dizer, mas certamente pela posição que ele
ocupa dentro dessa estrutura do governo, como presidente da assembleia, pela
influência que ele tem e sempre teve dentro da organização política do Estado.
Acredito que seja isso”, continuou o depoimento.
Além de
Picciani, outro deputado estadual citado era o parlamentar Edson Albertassi
(PMDB), que recebia o pagamento sem sair do gabinete. “Eu ligava para ele e
marcava. Entregava para ele dentro do gabinete dele na assembleia. Ou às vezes
num café ali do lado da assembleia. Uma vez eu fui na casa dele. Algumas vezes
no escritório da rádio dele em Volta Redonda”, disse Traça.
Marcelo Traça
foi preso em julho de 2017 e resolveu contar como funcionava o esquema em que
donos de empresas de ônibus pagavam propina a políticos para conseguirem
favores. Ao falar de Albertassi, o delator garante que ele tinha uma função bem
definida.
“A
contraprestação do deputado era monitorar esses projetos que entravam dentro da
assembleia, que gerariam um ônus e dificuldades para o setor de transporte de
passageiros. Então o deputado Albertassi ficava encarregado de monitorar esses
projetos, e de alguma forma tentar inviabilizá-los dentro da assembleia”,
afirmou Marcelo Traça.
Propina paga
mensalmente
Traça revelou
que a propina era paga mensalmente e, em alguns casos, sem prazo de validade.
Ele cita que o deputado estadual Paulo Melo (PMDB) recebia “caixinha”, mesmo
dois anos depois de deixar a presidência da Assembleia Legislativa do Rio.
“O Paulo Melo
recebia por conta do Legislativo, da posição dele como tinha sido no passado
presidente da assembleia, e recebia por conta dessa posição dele no
Legislativo”.
Jorge Picciani,
Paulo Melo e Edson Albertassi foram presos em novembro de 2017, na Operação
Cadeia Velha. Todos continuam no presídio de Benfica, onde também estava o
ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, até ser transferido para Curitiba, em
janeiro de 2018.
A defesa de
Jorge Picciani disse que o delator fez afirmações vazias, de quem quer receber
benefícios da Justiça. O advogado de Edson Albertassi negou as acusações e
declarou que mais de 100 dias se passaram, desde que ele foi preso, e que ainda
não teve notícias de uma ação penal válida. A assessoria de Paulo Melo afirmou
que o deputado jamais praticou irregularidades.
Por Marcelo Gomes, GloboNews
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