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Cartazes do
candidato ao governo do estado de Miranda,
Hector
Rodrigues, são vistos em Caracas
(Foto:
REUTERS/Ricardo Moraes)
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Desconfiança
envolvendo a Justiça eleitoral é um dos motivos. Governo e oposição disputam 23
estados da Venezuela no final de semana que vem.
A uma semana
das eleições regionais, em que o governo e a oposição disputam 23 estados da
Venezuela, a apatia domina o ambiente, em meio a uma grave crise econômica e à
frustração após quatro meses de protestos.
O músico Ángelo
Capacho, de 26 anos, diz que não votará, porque não vê um "discurso
claro" por parte dos líderes opositores.
"Chamavam
à desobediência; depois, saíram com eleições regionais e a rua se esvaziou. De
que valeram tantos mortos? Sinto que se trata de uma luta por fatias do
poder", declarou à AFP.
Os protestos,
que, de abril a julho, deixaram mais de 120 mortos, exigiam a saída do
presidente Nicolás Maduro, mas perderam força com a instalação, em agosto, da
Assembleia Nacional Constituinte, convocada por Maduro e integrada
exclusivamente por governistas.
Mildred Varela,
de 42 anos, não acredita na justiça eleitoral, motivo pelo qual não sabe se
comparecerá no próximo domingo às urnas.
A desconfiança
envolvendo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado de servir ao chavismo,
ganhou força depois que a empresa Smartmatic, que deu suporte tecnológico em
várias eleições, denunciou uma manipulação dos resultados na votação da
Constituinte.
"Estou
esperando até o último momento para decidir se irei votar. Vai depender de como
estiver o ambiente nesse dia. Faz falta uma injeção de ânimo. A oposição tem este
dever", diz o administrador de empresas Carlos, 35.
Problemas
econômicos
Maduro prometeu
que a Constituinte, considerada uma fraude pela oposição e não reconhecida
pelos Estados Unidos e por vários governos latinos e europeus, seria a
"solução definitiva" para os problemas econômicos do país.
Analistas
apontam, no entanto, que a situação piorou, e que a Venezuela pode experimentar
este ano uma queda do PIB de entre 12% e 14% e uma inflação de 1.200% a 1.400%,
segundo a empresa Ecoanalítica.
Estas são as
razões para votar, diz o alfaiate Enrique Raúl, 79. "Temos que sair para
votar. Em 45 anos, nunca vi tanta gente revirando lixo. É uma pena",
declarou à AFP.
Sombra da
abstenção
Nas eleições
regionais de dezembro de 2012, a abstenção foi de 46,06%. O chavismo
conquistou, então, 20 dos 23 governos. Mas a oposição diz ter certeza de que
pode reverter o mapa político eleitoral.
"Se não
votarmos, daremos mais força ao governo. Nas últimas, não votei, e o governo
ficou com a maioria dos governos", assinala Raúl.
Em dezembro de
2015, a oposição acabou com 18 anos de hegemonia governista ao conquistar a
maioria no Parlamento. Mas o Supremo Tribunal de Justiça, acusado de servir ao
governo, anulou as decisões do Legislativo, acusando o mesmo de
"desacato".
'Vitória
histórica'
Raúl está
convencido de que os opositores continuam sendo maioria. "Isto ficou claro
nas eleições para a Assembleia Nacional", assinala.
O escritor e
professor universitário Francisco Suniaga afirma que, "neste tipo de
eleição, sempre houve menos entusiasmo", mas advertiu que, no atual
contexto político, "um eleitor que se abstiver estará favorecendo o
governo".
O governo
movimenta sua máquina para conquistar, principalmente, o voto dos funcionários
públicos e de setores populares beneficiados por subsídios.
"Corremos
o risco de conquistar os 23 governos, estamos às portas de uma vitória
histórica da revolução. Já a oposição, começou a cantar fraude", disse
Maduro neste domingo em seu programa de TV.
A oposição
multiplicou os chamados a votar. "Não é o momento de se distanciar da
política", disse o ex-candidato à presidência Henrique Capriles, durante
um ato em Vargas (norte).
A opositora
Mesa da Unidade Democrática (MUD) acusa o CNE de buscar favorecer o governo ao
não permitir que o partido substitua os candidatos que havia inscrito
inicialmente.
Por France Presse
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