Os políticos
opositores Leopoldo López e Antonio Ledezma
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Governo diz que opositores
descumpriram condições da prisão domiciliar e, por isso, foram presos na
madrugada desta terça (1º). União Europeia condenou as detenções.
O Serviço Bolivariano de
Inteligência (Sebin) da Venezuela voltou a deter na madrugada desta terça-feira
(1º) os políticos opositores Leopoldo López e Antonio Ledezma, que estavam em
regime de prisão domiciliar, informaram fontes próximas aos dois dirigentes.
Os dois líderes opositores fizeram
apelos na última semana para que as pessoas não votassem no domingo (30) na
eleição da polêmica Assembleia Constituinte, convocada por Maduro e rejeitada
pela oposição e por vários países.
"Acabam de levar Leopoldo de
casa. Não sabemos onde ele está, nem para onde o levaram. (Nicolás) Maduro é
responsável se algo lhe acontecer", escreveu Lilian Tintori, a esposa de
López, no Twitter. A oposição vem convocando manifestações pelo país contra a
instalação da Assembleia Constituinte após a eleição realizada no último
domingo (30).
O presidente da Comissão
Presidencial para a Assembléia Nacional Constituinte, Elías Jaua, afirmou que
as prisões ocorreram proque eles violaram regras da prisão domiciliar, segundo
a CNN, citando uma entrevista dada à VTV.
Ele afirmou que Antonio Ledezma e
Leopoldo López, como estavam em prisão domiciliar, tinham “uma limitação, uma
restrição de declaração política e de emissão de mensagens. Sobretudo se essas
mensagens evocam o desconhecimento das instituições, o desconhecimento dos
resultados [da assembleia constituinte]”, declarou. A União Europeia condenou
as detenções, de acordo com a France Presse.
O deputado Richard Blanco, coordenador do
partido Alianza Bravo Pueblo (ABP), indicou por sua vez através desta mesma
rede social que o Sebin também levou "o prefeito Ledezma" nesta
madrugada, segundo a Efe.
Vários representantes da coalizão
opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) divulgaram no Twitter um vídeo que
mostra Ledezma sendo retirado de sua residência por funcionários do Sebin.
Alguns dirigentes do Vontade
Popular (VP), o partido de López, bem como do ABP, a legenda de Ledezma,
reiteraram essas informações, responsabilizaram o presidente Nicolás Maduro
pela integridade física de ambos e asseguraram desconhecer o local para onde
eles foram levados.
Prisões anteriores
Ledezma, de 62 anos, foi detido em
fevereiro de 2015 acusado de conspiração e formação de quadrilha e, após dois meses
na prisão militar de Ramo Verde, nas proximidades de Caracas. Ele recebeu uma
"medida cautelar" e, por motivos de saúde, passou a cumprir a pena em
sua residência desde 2015. Quase dois anos e meio após sua detenção, Ledezma
ainda não foi condenado.
López, de 46 anos, por sua vez,
passou mais de três anos na mesma prisão e seus advogados denunciaram que ele
foi torturado em várias ocasiões. Ele cumpria prisão domiciliar desde 8 de
julho, depois de passar três anos e cinco meses na mesma prisão militar. López
cumpria uma pena de quase 14 anos, condenado pela acusação de instigar a
violência nos protestos de 2014 contra Maduro, que deixaram 43 mortos, de
acordo com a a France Presse.
A ONG Foro Penal afirma que a
Venezuela tem 490 "presos políticos", após a onda de detenções nos
protestos iniciados em abril para exigir a saída de Maduro.
Escalada na tensão
No domingo (30), 545 deputados
foram eleitos para compor a Assembleia Constituinte que redigirá a nova
constituição para substituir a que foi aprovada em 1999, durante o governo do
antecessor de Maduro, o presidente Hugo Chaves.
A proposta de promover a
constituinte é, segundo Maduro, uma maneira de consolidar as conquistas do
chavismo e trazer paz à Venezuela. Para a oposição, o objetivo é manter Maduro
no poder. Na prática, a constituinte deve atrasar a próxima eleição, que está
prevista para 2018.
A Constituinte será instalada na
quarta-feira (2), dia em que a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática
(MUD) convocou um grande protesto em Caracas para denunciar sua
"ilegitimidade".
Países ao redor do mundo,
incluindo o Brasil, denunciaram a votação
A Venezuela enfrenta uma grave
crise econômica e um aprofundamento da crise política nos últimos meses. As
manifestações são diárias desde de abril, após o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ)
assumir as funções do Parlamento, que é de maioria opositora. Com a forte
oposição interna e da comunidade internacional, a medida foi revista, mas o
clima seguiu tenso.
A procuradora-geral da Venezuela,
Luisa Ortega, divulgou afirmou que 121 pessoas morreram, incluindo as 10 deste
domingo (quando aconteceu a votação da constituinte) e quase 2 mil ficaram
feridas.
Segundo ela, há evidências de que
25% das 121 mortes ocorridas desde 1º de abril nos protestos contra o governo
resultaram da “ação das forças de segurança". Já 40% dessas mortes foram
provocadas por civis armados que atuam contra os manifestantes.
Eleição de Assembleia Constituinte
na Venezuela foi marcada pela violência
Sanções americanas
Na segunda-feira (31), o
Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou sanções contra o presidente
Nicolás Maduro. Segundo comunicado, todos os ativos de Maduro que estejam
sujeitos à jurisdição dos EUA estão congelados, e todos os americanos estão
proibidos de fazer negócios com ele. Ao anunciar as sanções, as autoridades
americanas chamaram Maduro de ditador. O presidente venezuelano rejeitou as
sanções, dizendo que não recebe "ordens imperialistas".
Por G1
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