Violência no
Rio se reflete em aumento da
procura por carros blindados
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Apesar do alto custo e da
burocracia, números só crescem, devido ao aumento da criminalidade no estado.
Frota de veículos particulares blindados na capital já chega a 13 mil.
O aumento da violência no Rio tem
provocado uma maior procura por carros blindados no estado. De acordo com o
serviço de Fiscalização de Produtos Controlados da 1ª Região Militar (SFPC/1),
responsável pela fiscalização no estado do Rio, de janeiro a junho deste ano o
número de carros blindados aumentou 12%, na comparação com o mesmo período de
2016.
Estima-se que 13 mil veículos na
cidade do Rio sejam blindados, e os donos garantem que o reforço na lataria
traz uma maior sensação de segurança ao andar pelas ruas do Rio. "Com
certeza a segurança é maior. Diante da insegurança crescente e das diversas experiências
violentas que pessoas à nossa volta têm vivenciado, decidi que faria o possível
para reduzir a chance de ser mais uma dessas vítimas. Me sinto um pouco mais
seguro em um carro blindado", diz um médico, que preferiu não se
identificar.
Em um ano, a busca por ofertas de
carros blindados em sites na internet subiu 21,8%, e o mercado de blindagem de
veículos já fatura mais: uma empresa da Zona Oeste do Rio que oferece o serviço
viu o faturamento crescer 16% em 2017, também comparação com os seis primeiros
meses do ano anterior.
Rodrigo Pereira, gerente comercial
de uma blindadora no Rio de Janeiro, acompanha esse aumento na procura pelo
serviço desde 2013. Segundo ele, a perpectiva é de um aumento de 20% até o fim
de 2017.
"Tivemos um aumento significativo
na procura por blindagem, devido ao aumento da criminalidade e dos roubos de
veículos desde 2013. Se compararmos os primeiros cinco meses de 2017 com o
mesmo período de 2016, o aumento foi de 16%, e a perspectiva é de chegar 20%
até o fim do ano", conta Pereira.
Rodrigo Pereira explica que a
blindagem mais procurada é a de nível III, capaz de suportar tiros de calibres
22, 38, 44, 357 e 9 milímetros. "Na blindagem opaca, utilizamos nove
camadas de manta confeccionada em fibra de aramida e aço inox. Nas partes
transparentes, usamos vidros balísticos curvos. A blindagem suporta desde armas
de punho até uma submetralhadora", diz.
Todos os carros podem ser
adaptados para receber a proteção balística, mas segundo o especialista, é
importante atentar para o peso do veículo após o reforço. "Eu recomendo,
por causa do peso da blindagem, um veículo a partir de 115 cavalos de potência.
Abaixo disso o peso é muito grande para o automóvel. Quanto maior a
motorização, menos você vai sentir o peso da blindagem, que varia de 170 a 200
quilos", afirma Rodrigo.
Procura maior também na
internet
Segundo dados da Associação
Brasileira de Blindagem (Abrablin), a frota de blindados no país, que em 1995
era de 388 veículos, atualmente chega a 200 mil unidades. A forte expansão
também é visível na internet: segundo dados da empresa de e-commerce OLX, as
vendas pela internet aumentaram 21,8% nos últimos 12 meses. O termo “blindado”
aparece entre os 100 mais buscados no site da OLX na categoria carros, com
aproximadamente 60 mil pesquisas realizadas nos primeiros seis meses de 2017.
O G1 entrou em
contato também com a SulAmerica Seguros, que informou que o número de veículos
segurados no Rio de Janeiro com cobertura para blindagem aumentou 11,4% de
janeiro a maio de 2017, em relação ao mesmo período do ano passado.
Burocracia e custo alto
O motorista que estiver disposto a
blindar o carro deve encarar um processo longo e burocrático, além do alto
custo. É preciso cumprir algumas exigências do Exército, como apresentar a
folha de antecedentes criminais, e pagar uma taxa de R$ 500.
A blindagem máxima permitida para
carro de passeio é a do tipo III, cujo valor pode variar entre R$ 50 mil e R$
75 mil. O nível mais elevado de blindagem, ideal para a proteção contra todas
as armas, inclusive granadas, não é permitida para veículos de civis.
Em média, a blindagem de um
veículo fica pronta em até 35 dias úteis. O veículo é desmontado para a
instalação de placas protetoras em seu interior e a troca dos vidros. O
trabalho só é finalizado após uma vistoria realizada pelo Departamento Estadual
de Trânsito (Detran).
Por Bruno Albernaz, G1 Rio
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