Representantes
sindicais denunciam sindicato pirata
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Nova entidade não tem
representantes da categoria e marca reuniões no interior de favela insegura no
RJ. Justiça impediu recebimento de contribuição sindical, que chega a R$ 4
milhões.
Dois anos após deixar para trás
o escândalo
envolvendo a família Mata Roma, que por 50 anos dirigiu o Sindicato dos
Comerciários do Rio de Janeiro, a entidade está envolvida em outra discussão.
Desta vez, um sindicato tenta se estabelecer com o discurso de representar
trabalhadores de supermercados e shoppings centers. Só que ninguém frequenta
onde deveria ser a sede e as assembleias são sempre agendadas para a favela do
Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana, considerada uma das mais
violentas do estado.
Toda a situação está sendo
questionada na Justiça. Em 27 de abril, o registro do Sindicato dos
Trabalhadores de Supermercados e Shopping Centers (Sindsuper) foi cassado, o
que impediu que a entidade tentasse receber contribuições que atingem R$ 4
milhões.
O registro foi restabelecido dias
depois, mas em 8 de maio passado, a juíza Evelyn Corrêa Guimarães determinou a
anulação de uma assembleia convocada para dentro da favela e que pretendia
destituir a diretoria e alterar o estatuto do Sindsuper.
O Sindicato dos Comerciários do RJ
representam cerca de 400 mil trabalhadores no comércio do Rio, sendo 250 mil em
supermercados e mercados.
"São assembleias fraudulentas
convocadas por pessoas de fora da categoria. Não se vê comerciários. Nem
comerciantes. Essas pessoas podem estar fazendo o que chamamos de 'esquentar a
carteira', que é se passam como comerciários de uma empresa sem nunca terem
trabalhado no local", afirmou Márcio Ayer, presidente do Sindicato dos
Comerciários do RJ.
Fundação questionada
A fundação do Sindsuper vem sendo discutida
desde da convocação da primeira reunião do grupo em abril de 2009. Na ocasião,
foi convocada uma assembleia para um prédio na Rua da Quitanda, no Centro do
Rio. Representantes de entidades ligadas aos comerciários em 10 municípios
compareceram ao local para se mostrar contrários à criação da entidade.
Nova reunião de ratificação da
criação do sindicato foi convocada em 6 de fevereiro de 2015. Agora, o endereço
(Estrada da Conceição, 1) é o principal acesso da favela do Salgueiro, em São
Gonçalo.
Novamente, representantes dos
comerciários de 14 municípios do Rio foram ao bairro tentar encontrar o
endereco, que não existe. Nenhum representante do Sindsuper estava no local. O
caso foi registrado por um tabelião para dar legalidade ao procedimento.
Em 27 de abril deste ano, uma nova
assembleia foi convocada. Novamente para o interior da favela do Salgueiro. Na
comunidade fica o endereço residencial do presidente Cláudio Rocha Souza,
candidato a vereador, não eleito, nas eleições do ano passado em São Gonçalo.
Entre segunda (10) e domingo (16),
Cláudio foi procurado pelo G1 e não foi encontrado. A equipe
de reportagem também esteve na sede onde deveria funcionar o Sindsuper, na
Avenida Marechal Câmara, no Centro do Rio. Na porta não há placa indicando o funcionamento
da entidade. Ninguém atendeu no local.
Escândalo Mata Roma
A
família Mata Roma esteve à frente do Sindicato dos Comerciários por 50 anos. Luizant
Mata Roma foi o presidente durante 40 anos. Quando morreu, em 2006, o filho
dele Otton da Costa Mata Roma assumiu o cargo.
Na lista de funcionários: 15
pessoas da família Mata Roma com salários que variavam entre R$ 10 mil e R$ 23
mil. Diretores tinham salários de R$ 50 mil a R$ 60 mil.
“A maioria dos parentes não
trabalhava. Eles eram lotados todos nesse gabinete aqui. mas você não os via no
sindicato”, afirmou, na ocasião, o interventor José Carlos Nunes.
Uma auditoria contratada pela
Justiça investigou a contabilidade entre os anos de 2009 e 2014 e descobriu um
rombo de R$ 100 milhões. O valor reúne as diferenças encontradas nas contas do
sindicato, despesas suspeitas com advogados, dívidas em impostos, juros e
multas e outros gastos.
“Na verdade, o presidente do
sindicato junto com sua família, porque aquilo era uma reunião de familiares,
usavam aquilo para fins próprios”, contou, na época, o juiz Marcelo Antônio de
Moura.
Por Marco Antônio Martins, G1 Rio
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