Agentes da
Polícia Federal em prédio comercial da Rua
Visconde de
Pirajá, 407 (Foto: Diego Haidar / TV Globo)
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Ação visa cumprir um mandado de
condução coercitiva e três de busca e apreensão. Operação Ponto Final já
resultou na prisão de 11 pessoas ligadas ao transporte público no estado.
A Polícia Federal realiza um
desdobramento da Operação Ponto Final, na manhã desta quarta-feira (5), no Rio
de Janeiro. Os agentes saíram da sede da PF, no Centro, por volta das 5h30, com
rumo a diferentes endereços. Eles visam cumprir um mandado de condução
coercitiva, que é quando a pessoa é levada para prestar depoimento, e três de
busca e apreensão.
(Correção: ao ser publicada,
esta reportagem errou ao informar que estavam sendo cumpridos três mandados de
condução coercitiva. O erro foi corrigido às 7h55).
Por volta das 6h20, os agentes
saíram de um prédio da Rua Alberto de Campos, em Ipanema, na Zona Sul da
cidade, conduzindo coercitivamente um homem. Ele foi levado a um prédio
comercial na Rua Visconde Pirajá, no mesmo bairro.
Três equipes da PF cumprem
mandados de condução coercitiva em bairros da Zona Sul do Rio
Na segunda-feira (3), a ação foi
desencadeada e resultou na prisão de 10 pessoas ligadas ao transporte público
no estado. Além dessas, o empresário Jacob Barata Filho foi preso na noite de
domingo (2) no aeroporto Internacional Galeão quando tentava embarcar para
Portugal. Também foram cumpridos menos 30 mandados de busca e apreensão.
De acordo com a investigação da PF
e do Ministério Público Federal, empresários são acusados de desviar até R$ 500
milhões sob o comando do ex-governador Sérgio Cabral. Esse esquema criminoso
envolvia agentes públicos, políticos e também representantes de órgãos
responsáveis por fiscalizar o transporte público e também empresários desse
setor de transporte.
Nesta terça, a Secretaria de
Administração Penitenciária (Seap) informou que dez dos presos na operação já
passaram a noite de segunda-feira (3), na Cadeia Pública José Frederico
Marques, em Benfica, região central do Rio.
Estão presos na unidade Jacob Barata
Filho, Marcelo Traça Gonçalves, Lelis Marcos Teixeira, João Augusto Morais
Monteiro, Marcelo Marques Pereira de Miranda, Carlos Roberto Alves, Otacílio de
Almeida Monteiro, Eneas da Silva Bueno, Claudio Sa Garcia de Freitas e David
Augusto da Câmara Sampaio.
Rogério Onofre, ex-presidente do
Detro, foi preso em Florianópolis pela Polícia Federal e transferido para a
unidade carioca, mas, segundo a Seap, ainda não deu entrada no presídio de
Benfica.
O único foragido é José Carlos
Reis, Lavoura. Conselheiro da Fetranspor suspeito de receber R$ 40 milhões, ele
está em Portugal. A Interpol foi acionada.
Saiba como funcionava o esquema
A Operação Lava Jato interrompeu
um esquema de corrupção antigo: foram 26 anos de propinas, segundo o
colaborador Edimar Moreira Dantas. Ele era funcionário da empresa Hoya, a
corretora de valores e câmbio do doleiro e delator Álvaro José Novis. Era ela
quem controlava as planilhas e os pagamentos do caixa dois da Fetranspor.
Dantas revelou que a federação, a mando de Lavouras, passou a utilizar os
serviços dele para guardar dinheiro e fazer pagamentos de vantagens indevidas a
políticos.
Dantas contou que, entre 1990 e
2016, as ordens para os pagamentos eram dadas unicamente por José Carlos
Lavouras, presidente do conselho da Fetranspor, sempre em bilhetes.
Os procuradores descobriram que
Lavouras foi um dos que mais receberam propina entre 2010 e 2016: R$ 40
milhões, em três contas.
O conselheiro da Fetranspor é o
único que ainda não foi preso na operação Ponto Final entre os que tiveram
prisão decretada. Ele está em Portugal, e os advogados disseram que ele volta
ao Rio no próximo sábado.
Edimar Dantas também entregou aos
procuradores uma tabela com a relação das empresas de ônibus que participavam
do esquema ilegal. Só em janeiro do ano passado, elas arrecadaram cerca de R$
6,5 milhões. Quase R$ 1,2 milhão foram descontados para pagar o que os
investigadores chamam de "despesas operacionais".
Essa era a verba mensal,
necessária para manter a quadrilha funcionando, pagando seguranças,
funcionários e taxas em geral. Os R$ 5,2 milhões que sobraram foram repassados
para uma conta da quadrilha.
Por Arthur Guimarães, Bom Dia Rio
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