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Dusek/Estadão Raquel Dodge durante debate
na sede da
Procuradoria em 22 de junho de 2017
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BRASÍLIA - Com um terço dos
senadores alvo de investigações na Lava Jato, a subprocuradora-geral Raquel
Dodge não deve enfrentar dificuldades para ter seu nome aprovado no Senado após
ser indicada para comandar a Procuradoria-Geral da República pelo presidente
Michel Temer. Na avaliação de parlamentares da base e da oposição, o fato de
ela ter figurado na lista tríplice levada ao presidente a capacita para ocupar
o cargo.
A previsão é de que Raquel seja
sabatinada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado no dia 12 de
julho. O relator da indicação será o senador Roberto Rocha (PSB-BA), que já
sinalizou um parecer favorável. “A princípio não há motivo para ser contra a
indicação”, afirmou o senador. “Foi uma grande escolha e vamos testemunhar isso
na sabatina.”
Ao indicar Raquel para substituir
Rodrigo Janot, Temer rompeu uma tradição de governos do PT de escolher sempre o
mais votado da lista tríplice da Associação Nacional de Procuradores da
República (ANPR). Em guerra com o atual procurador-geral, o presidente optou
pela segunda colocada, em vez do mais votado, o subprocurador-geral Nicolao
Dino, aliado de Janot.
Embora Raquel tenha sido apontada
como um nome de preferência da base de Temer, parlamentares do PT avaliam que o
fato de ela se colocar como opositora a Janot pode indicar que vai conter
possíveis excessos da Operação Lava Jato. Ela, porém, sinalizou que manterá a
operação. Em entrevista ao Estado no fim do mês passado, Raquel defendeu a Lava
Jato e disse que “a atuação do Ministério Público Federal não pode retroceder
nem um milímetro sequer”.
O líder da bancada, Lindbergh
Farias (PT-RJ), admitiu que, no “mérito”, não tem nada contra o nome da
subprocuradora, mas estranha a celeridade que governistas querem dar para a
análise da indicação. Para ele, a sabatina deveria ocorrer apenas em agosto,
após o recesso. “Tem de dar um tempo, porque daí dá tempo para a imprensa
investigar. Foi assim com Alexandre de Moraes (ministro do Supremo Tribunal
Federal)”, afirmou.
Sem volta. Um dos
senadores da oposição mais atuantes, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que a
escolha do segundo da lista não desabona Raquel. “O fato de ter indicado alguém
da lista tríplice, mesmo quebrando a tradição de escolher o mais votado, não
deixa receio de que o que foi conquistado pelo Ministério Público vá ter algum
tipo de reversão”, disse.
“O (ex-procurador-geral)
Roberto Gurgel foi indicado pelo ex-presidente Lula e foi implacável no
julgamento do mensalão. Ela foi colocada na lista tríplice porque teve a
confiança dos demais procuradores”, afirmou Randolfe.
O líder do governo, Romero Jucá
(PMDB-RR), minimizou ontem o apoio que Raquel recebeu de nomes de seu partido.
Nas últimas semanas, a subprocuradora vinha recebendo nos bastidores apoio de
caciques, como o senador Renan Calheiros (AL) e o ex-presidente José Sarney
(AP). “O PMDB e nenhum partido apadrinham a nomeação do procurador-geral da
República. Eu trabalhei pela aprovação e pela recondução de Janot, e nem por
isso o PMDB apoiou a indicação. Senadores sabatinam e votam de acordo com suas
consciências”, disse.
Questionado se haverá
constrangimento pela participação de senadores investigados na sabatina, Jucá
negou. “Não vejo nenhum empecilho regimental. Não cabe a mim criar óbice.
Caberá a cada um deles avaliar”, afirmou o senador.
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