O procurador
Regional da República Nicolao Dino
(VEJA.com/Divulgação)
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Nicolao Dino foi o mais votado
pelos procuradores da República. Raquel Dodge e Mario Bonsaglia completam lista
a ser encaminhada a Temer
Os membros da Associação
Nacional dos Procuradores da República (ANPR)escolheram nesta terça-feira
os nomes dos três subprocuradores que comporão a lista tríplice à sucessão
de Rodrigo
Janot na chefia da Procuradoria-Geral da
República. Nicolao Dino (621 votos), Raquel
Dodge (587 votos) e Mario Bonsaglia (564 votos) foram
os três mais votados no pleito realizado hoje, que teve 1.108 eleitores, um
recorde, e quórum de 85% de comparecimento dos procuradores. A lista será
encaminhada pela ANPR ao presidente Michel Temer (PMDB),
a quem cabe escolher o sucessor de Janot.
Em meio à sua maior ofensiva
contra a Operação
Lava Jato e a PGR, contudo, o peemedebista pode ignorar os nomes
mais votados pela classe e indicar outro procurador ao posto. O escolhido pelo
presidente ainda passará por sabatina no Senado antes
de ter a nomeação à PGR confirmada.
Durante os governos do Partido dos Trabalhadores
(PT), entre 2003 e 2016, a tradição do Planalto foi nomear ao comando
do Ministério Público Federal o mais votado na lista tríplice. Com Michel Temer
à frente do Executivo, no entanto, Nicolao Dino, o “vencedor”, dificilmente
será o novo procurador-geral. Ele é visto como candidato mais alinhado a Janot
na eleição. Nesta terça-feira, Temer
fez duros ataques a Rodrigo Janot, que ontem o
denunciou ao STF por corrupção passiva a partir das delações
de executivos do Grupo J&F.
Além disso, Dino é irmão do
governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), rival político do
ex-presidente e ex-senador José Sarney (PMDB).
Outro ponto a jogar contra a nomeação de Nicolao Dino foi sua atuação no como
vice-procurador-geral-eleitoral, em que pediu ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) a cassação da chapa Dilma-Temer por abuso de poder
econômico nas eleições de 2014.
Os outros dois nomes na lista
tríplice, Raquel Dodge e Mario Bonsaglia, têm maior interlocução política e
diálogo com o PMDB, especialmente a subprocuradora. Raquel e Bonsaglia já
haviam figurado a última lista tríplice encaminhada ao Palácio do Planalto, em
agosto de 2015. Naquela disputa, Rodrigo Janot recebeu 799 votos, Mario
Bonsaglia teve 462 votos e Raquel Dodge recebeu 402 votos. A então
presidente Dilma
Rousseff indicou Janot à sabatina no Senado e ele acabou
reconduzido ao posto. O atual mandato do procurador-geral da República termina
no dia 17 de setembro.
Os outros candidatos na eleição da
ANPR neste ano foram Ela Wiecko (424 votos), Carlos Frederico Santos (221
votos), Eitel Santiago (120 votos), Sandra Cureau (88 votos) e Franklin
Rodrigues da Costa (85 votos).
Planalto mira Lava Jato, PGR e
STF
A nomeação do próximo chefe do
Ministério Público Federal se dará no momento em que o governo Temer,
encurralado pelas delações dos executivos do Grupo J&F, lança sua maior
ofensiva contra a Lava Jato, a PGR e o Supremo Tribunal Federal. O presidente
chegou a a afirmar, em um duro pronunciamento nesta terça-feira, que a lógica
empregada na denúncia do procurador-geral contra ele permitiria sugerir que
Janot recebeu dinheiro do ex-procurador da República Marcello
Miller, que deixou a PGR para ser advogado da JBS.
Temer comparou, no discurso, a
relação entre ele e o ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures e
a relação entre Janot e Miller. Na acusação formal por corrupção contra Temer e
Rocha Loures, o procurador-geral da República sustenta que o presidente se
valeu do cargo para receber para si, por intermédio do ex-assessor, 500.000
reais em propina do Grupo J&F, valor combinado com o empresário Joesley
Batista e entregue pelo diretor de relações institucionais da JBS Ricardo Saud
em troca da resolução de um problema da empresa no Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade).
Na outra ponta, conforme
VEJA revelou, Michel Temer acionou a Agência Brasileira de Inteligência
(Abin) para bisbilhotar a vida do relator da Lava Jato e das delações da JBS no
STF, ministro Edson Fachin, e encontrar fatos que pudessem constrangê-lo.
Os perfis dos eleitos
Nicolao Dino: irmão do
governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), ingressou no Ministério Público
Federal em 1991. É subprocurador-geral da República e vice-procurador-geral
eleitoral, cargo em que defendeu a cassação da chapa Dilma-Temer no TSE por
abuso de poder econômico nas eleições de 2014. Foi coordenador da Câmara de
Combate à Corrupção do MPF, presidente da ANPR entre 2003 e 2007. É Mestre em
Direito pela Universidade Federal de Pernambuco e professor da Faculdade de
Direito da Universidade de Brasília. Recebeu 621 votos na eleição à lista
tríplice.
Raquel Dodge: no
Ministério Público Federal desde 1987, é subprocuradora-geral da República
junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em matéria criminal e integra o
Conselho Superior do Ministério Público. Teve atuação na Operação Caixa de
Pandora e, em primeira instância, foi membro da equipe que processou
criminalmente Hildebrando Paschoal, o “deputado da motosserra”, e o Esquadrão
da Morte. É Mestre em Direito pela Universidade de Harvard. Recebeu 587
votos na eleição à lista tríplice.
Mario Bonsaglia: ingressou
no Ministério Público Federal em 1991 e é subprocurador-geral da República.
Atua em processos criminais da 5ª e 6ª Turmas do STJ e em sessões da 2ª Turma,
de direito público. Atual Conselheiro e Vice-Presidente do Conselho Superior do
Ministério Público Federal, já integrou o Conselheiro do Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP). Em São Paulo, foi procurador regional eleitoral e
procurador do estado. É Doutor em Direito do Estado pela Universidade de São
Paulo. Recebeu 564 votos na eleição à lista tríplice.
Por João Pedroso de Campos
Veja.com
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