Presidente
da Conferência Episcopal venezuelana, cardeais
e bispos conversam com o papa Francisco nesta
quinta-feira (8)
no Vaticano
(Foto: Osservatore Romano/Handout via REUTERS)
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Cúpula da igreja na Venezuela
entrega informe sobre mortos em protestos e cifras sobre as crises
humanitárias.
A hierarquia da Igreja católica
venezuelana se reuniu nesta quinta-feira (8) com o papa Francisco, no Vaticano,
para informar o pontífice sobre o agravamento da situação política e social no
país latino-americano e pedir que ele advogue pela criação de canais
humanitários.
"Viemos advogar por nosso
povo. Não temos interesse em entrar em confronto com o governo", explicou
à imprensa o monsenhor Diego Padrón, presidente da Conferência Episcopal
venezuelana, ao final de um longo dia no Vaticano. "A solução [para a
crise] é que o governo admita o quanto antes que suas políticas são erradas. E
que haja um reconhecimento das necessidades do povo e de se abrir à ajuda
humanitária", assegurou o religioso.
Padrón e os cardeais Jorge Urosa
Savino e Baltazar Porras, assim como os bispos José Luis Azuaje, Mario Moronta
e Hugo Basabe conversaram durante 50 minutos com o papa Francisco, um encontro
particularmente longo, para ilustrar de forma detalhada a situação do país, que
se agravou nos últimos meses devido aos confrontos entre as forças de segurança
e manifestantes, e que deixaram, até agora, 70 mortos e centenas de feridos e
detidos.
"Neste momento toda a
Venezuela sofre, não é uma questão de cores, nem de ideologia. Todo o povo
sofre com fome, falta de remédios, insegurança e decadência", resumiu
Padrón, arcebispo de Cumaná.
"Não importa o nome com que
se chame. Se o governo não gosta de 'canal humanitário', podemos usar outro,
como solidariedade fraterna. O que não podemos negar é que o povo tem grande
necessidade de alimentos e medicamentos e que muita gente morre por falta de
remédios", afirmou.
Solidariedade do papa
O papa, que em várias ocasiões
manifestou publicamente sua preocupação e solidariedade com a Venezuela,
reiterou, segundo Padrón, seu apoio à Igreja a ao povo venezuelano, e indicou
que considera válidas as condições estabelecidas em dezembro pelo cardeal
Pietro Parolin, secretário de Estado e número dois da Santa Sé, para sair da
crise, entre elas fixar um calendário eleitoral, a libertação de opositores
presos, a autorização de assistência sanitária internacional e a restituição
das prerrogativas do Parlamento.
"O papa sabe que o povo da
Venezuela está sofrendo e sem dúvida está com o povo", assegurou o bispo.
"O papa tem um grande raio de ação porque tem todos os contatos e a moral
para falar os governos e os povos. Pode fazer muito a favor da Venezuela.
Confiamos nesta visão internacional e nesta ajuda internacional", disse.
A cúpula da igreja entregou ao
pontífice argentino um informe sobre os falecidos durante os protestos e cifras
e documentos sobre as crises humanitárias, elaborados pela conferência
episcopal.
A cúpula da Igreja venezuelana
reuniu-se também com o cardeal Parolin, que foi núncio da Venezuela durante o
governo de Hugo Chávez e com o secretário para as Relações com os Estados, o
monsenhor britânico Paul Richard Gallagher, ambos diplomatas veteranos.
A Igreja venezuelana toma cada vez
mais posição sobre a situação e espera uma saída negociada para a crise, uma
posição compartilhada por toda a hierarquia da Igreja católica
latino-americana.
Por France Presse
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