Manifestante
anti-governo fotografado ao lado de uma bandeira
da Venezuela
durante protesto que obstruiu a estrada Francisco
Fajardo em Caracas - 27/05/2017 (Luis
Robayo/AFP)
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Com a pressão do governo, as
manifestações da oposição recebem pouco destaque na televisão
O governo da Venezuela proibiu
as redes de televisão de realizarem coberturas ao vivo dos protestos. Segundo
denúncias de funcionários da Globovisión,
o órgão regulador das telecomunicações no país ameaça constantemente tirar do
ar os canais que transmitirem imagens das manifestações sem declarações
oficiais de membros do governo ou usarem palavras como “ditadura e
“desobediência” em sua programação.
“A ameaça é diária”, afirmou um
funcionário da Globovisión ao jornal argentino La
Nación, que pediu para não ser identificado. “É a Conatel que decide a
cobertura”, acrescentou, referindo-se à Comissão Nacional de Telecomunicações, órgão regulador do setor na
Venezuela.
Nas poucas vezes em que o canal Globovisión transmite
imagens ao vivo dos protestos, a cobertura não pode durar mais de um minuto e
tem que, obrigatoriamente, vir seguida de uma declaração oficial da
administração de Nicolás Maduro. Também segundo o La Nación,
nos outros principais canais de televisão privados, as reportagens muitas vezes
são editadas depois de prontas para suprimir palavras como “repressão” ou
imagens que mostram o choque entre os guardas e os manifestantes.
O governo, que afirma ser vítima
de um complô organizado pelos grandes meios de comunicação internacionais, já
realizou reuniões com seus representantes para pedir moderação na cobertura.
Protestos
Neste domingo, a oposição anunciou
que vai aumentar ainda mais a pressão nas ruas contra o presidente Nicolás
Maduro para impedir a Assembleia Constituinte convocada pelo chefe de
Estado. As manifestações já duram 58 dias e deixaram nove mortos, segundo a
Justiça venezuelana.
A coalizão opositora Mesa
da Unidade Democrática (MUD) convocou para esta segunda-feira uma
marcha até a Defensoria do Povo, no centro de Caracas, destino
previsto em manifestações anteriores que acabaram bloqueadas por militares e
policiais em meio a bombas de gás lacrimogêneo. “Todas as nossas lideranças
estão claras: se permitirmos que se instaure essa fraude que querem disfarçar
de Constituinte, a Venezuela estará perdida”, disse Freddy Guevara,
vice-presidente do Parlamento, único poder controlado pela oposição.
Na terça-feira, os deputados vão a
embaixadas e consulados de países que tiverem expressado preocupação com a
crise venezuelana e farão uma sessão especial em homenagem aos mortos nos
protestos. Para a quarta-feira está prevista outra mobilização até a
chancelaria, no centro da capital.
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