Fuzis
apreendidos durante operação na Cidade Alta,
em Cordovil
(Foto: Henrique Coelho / G1)
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Maior facção do Rio foi a mais
afetada na operação policial após a invasão da Cidade Alta. Para especialistas,
ação gera desfalque momentâneo a grupo.
A apreensão de 32 fuzis pela
Polícia Militar do Rio, nesta terça-feira (2), após o confronto entre facções
pelo controle na venda de drogas da comunidade de Cidade Alta, na Zona Norte,
representou um prejuízo aos traficantes da ordem de R$ 1,6 milhão.
O número é estimado por
investigadores da Polícia Civil do Rio, levando em conta que no mercado
clandestino, um fuzil custa, em média, R$ 50 mil. Os cálculos deixam de lado as
pistolas, munições e granadas apreendidas na ação.
'Não podemos achar normal a
apreensão de 32 fuzis', disse Roberto Sá em entrevista após operação desta
terça
Até a noite desta terça, enquanto
ainda era elaborado o boletim de ocorrência da operação na Cidade Alta, pelo
menos, 15 fuzis pertenciam à facção que invadiu a comunidade. Outras nove armas
seriam da facção local.
O secretário de Segurança, Roberto
Sá, informou, na entrevista coletiva sobre a operação que a Desarme, nova
delegacia criada para repressão ao tráfico de armas, já iniciou o levantamento
para rastrear de onde vieram os fuzis.
A polícia também pretende levantar
a localização de depósitos onde essas armas são guardadas nas comunidades.
A apreensão, em uma ação que teve
45 presos e duas pessoas mortas, foi classificada por Sá como uma ação histórica
da PM, pelo grande número de fuzis apreendidos em um único dia.
Baque momentâneo, dizem especialistas
Especialistas ouvidos pelo G1,
entretanto, alertam que o baque para a facção que tenta invadir a Cidade Alta
pode ser apenas momentâneo. Eles afirmaram ainda que não há uma política para
reprimir o financiamento da facção responsável pela invasão, garantido pela
venda de drogas e aluguel de outras armas.
"Essa apreensão mostra
algumas coisas: uma delas que as facções estão se armando para retomar
territórios perdidos diante da fragilidade da segurança pública do Rio de
Janeiro. Mas essa apreensão foi um baque momentâneo pois não se atinge as
estruturas que alimentam essa criminalidade", alerta o antropólogo e
consultor de segurança Robson Rodrigues, ex-chefe do Estado Maior da PM do Rio.
De acordo com o professor da
Faculdade de Direito da Mackenzie, no Rio, e especialista em Segurança Pública
Newton Oliveira a apreensão representa um "raio em dia de céu azul".
"A pancada foi em uma facção.
Foi válida, mas a gente percebe que é uma questão passageira porque vão tentar
se organizar rápido", analisa o professor, para quem a apreensão pareceu
uma ação de "sorte, acaso, talvez visualidade e falta de acordo".
Para o coronel Robson Rodrigues, o
problema é q ue a facção pode iniciar uma série de ações para se recuperar
rápido do prejuízo. "Uma operação criminosa que perde um número
considerável de armas de uma vez pode representar uma cobrança interna ou
repassar esse prejuízo para outras modalidades aumentando assim a
insegurança", comenta Rodrigues.
Caixinha da facção
Para participar da invasão à
Cidade Alta foram recrutados criminosos de diversas comunidades do Rio. Vários
dos fuzis apreendidos pela polícia tinham a inscrição "CX", que
investigadores dizem ser a identificação das armas da "caixinha". Um
percentual da arrecadação das favelas da facção seria destinado para reforço em
confrontos com rivais. Assim, os traficantes que contribuem podem solicitar
armas em invasões.
O secretário estadual de Segurança
Pública, Roberto Sá, disse em entrevista coletiva, na tarde desta terça, que a
inscrição nas armas é uma abreviatura de "Caxias", representando
favelas do município da Baixada Fluminense que são dominadas pela facção que
tentou tomar a Cidade Alta.
Já o Chefe de Polícia Civil,
Carlos Leba, afirmou que há investigações que tratam do empréstimo de armas
entre diferentes lideranças dentro da facção.
Esforços para desmobilizar polícia
Durante a operação, nove ônibus e
dois caminhões foram incendiados por criminosos – a maioria na Rodovia
Washington Luiz.
Os ataques foram interpretados
pelos investigadores como tentativa de desmobilizar a operação e causaram um
caos no trânsito da cidade, já que os veículos queimados estavam em vias
expressas, usadas por motoristas para trafegar em direção ao Centro do Rio, em
horário de grande movimento. A cidade entrou em estágio de atenção às 10h50,
segundo o Centro de Operações.
Devido aos ataques, motoristas
tentaram voltar na contramão e passageiros de outros coletivos que passavam na
região ficaram em pânico. O congestionamento na cidade, por volta das 11h,
atingiu 66 quilômetros — equivalente a uma viagem entre o Rio e Maricá.
Por Marco Antônio Martins, G1
Rio
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