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Diorio|Estadão No caso da Odebrecht, os suíços indicam
que a
empresa se beneficiou de contratos do governo
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GENEBRA – Com mais de contas
bloqueadas envolvendo a Operação Lava Jato, a Suíça admite que os bancos do
país foram usados para “lavar” dinheiro da propina nos casos de ex-diretores da
Petrobras, políticos e na Odebrecht. Num informe publicado nesta quarta-feira,
31, sobre suas atividades, o Departamento de Justiça Federal destaca o caso
brasileiro como um exemplo da cooperação internacional e admite que o número de
contas encontradas é “atípico”.
Mas também faz um alerta geral a
todos os governos: um processo de investigação por corrupção pode ser barrado
se um dos estados envolvidos se recusar a cooperar, principalmente quando a
elite política do país estiver envolvida.
Com um terço da fortuna global
depositados em seus bancos, as autoridades suíças adotam tradicionalmente uma
cautela para falar sobre suas instituições financeiras. Mas com 42 bancos
suíços envolvidos na Lava Jato e mais de US$ 1 bilhão congelados, o órgão que é
o equivalente ao Ministério da Justiça reconhece a dimensão do caso.
De acordo com o Departamento de
Justiça suíço, o “escândalo massivo de corrupção que chacoalhou o mundo dos
negócios e político no Brasil ao seu coração” começou com prisões sem qualquer
significado.
Mas, de acordo com o informe,
procuradores brasileiros revelaram um sistema de corrupção centrado na
Petrobras e Odebrecht. “Empresas brasileiras e estrangeiras subornaram
diretores da Petrobras em troca de contratos. Em muitos casos, o volume
extremamente elevado de dinheiro encontrou seu caminho até os políticos
brasileiros”, disse.
No caso da Odebrecht, os suíços
indicam que a empresa se beneficiou de contratos do governo. “Parte do dinheiro
obtido nessas transações foi lavado por meio de contas em bancos suíços, onde
parte ainda continua depositado”, disse o informe. De acordo com as
autoridades, o Ministério Público suíço está conduzindo processos criminais em
diversas frentes sob a base de lavagem de dinheiro.
Mas as autoridades admitem que
diversos casos foram delegados ao Brasil. Um deles foi o de Eduardo Cunha,
ex-presidente da Câmara dos Deputados.
Para os suíços, a cooperação
internacional foi “crucial” para atingir progresso nos processos em ambos os
países. Um “elevado número” de pedidos de cooperação por parte do Brasil foi
realizado. Mas Berna também solicitou ajuda, principalmente para ouvir
suspeitos e testemunhas, além de extratos bancários.
O governo suíço, apesar de estar
acostumado com dezenas de escândalos de corrupção, reconhece que a dimensão da
corrupção no Brasil sai dos padrões. “É atípico, porém, o grande número de
contas bancárias envolvidas e a escala das evidências que tem sido coletada”,
apontou.
“Apesar da resistência de vários
dos implicados, vários pedidos brasileiros por ajuda foram executados e as
evidências foram entregues às autoridades brasileiras”, explicou. “O apoio
suíço tem sido um dos fatores em diversas condenações no Brasil”, destaca o
informe oficial.
Região. De acordo com
os suíços, as investigações ainda revelaram que o escândalo ia bem além das
fronteiras brasileiras. “Novos pedidos de assistência legal foram recebidos uma
vez que as investigações sobre a Petrobras, e em especial a Odebrecht,
revelaram que o escândalo de corrupção se estendeu para outros estados
sul-americanos”, disse, numa referência a casos no Peru, Panamá, República
Dominicana, Equador e outros.
Para o Departamento de Justiça, a
cooperação internacional é um “desafio” nesse caso, não apenas para o Brasil,
mas também para os suíços. “Provamos estar à altura do desafio”, disse,
lembrando que a “sinergia e confiança” entre as autoridades brasileiras e
suíças permitiu que um caso complexo fosse lidado de forma “eficiente”.
Mas os suíços deixam claro que não
há como dar por garantido que haverá uma vontade política sempre de cooperar.
“Se o caso da Petrobras oferece um exemplo positivo de um esforço internacional
unido, o 1MDB (fundo da Malásia) ilustra a dificuldade em combater a
corrupção”, alertou. A referência era ao governo malaio que, por diversas
vezes, impediu qualquer troca de informação. Mas a advertência valeu para
todos.
“O interesse numa investigação não
pode ser dado como uma garantia, especialmente quando a corrupção se estende
aos níveis políticos mais altos de um estado estrangeiro”, alertou. “Um
processo com sucesso pode ser obstruído ou até mesmo inteiramente barrado se um
ator principal se recusa a conduzir seu próprio processo criminal e trabalhar
com outros estados”, completou.
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