Manifestante
em protesto contra o governo em Caracas,
nesta segunda (1º) (Foto: Carlos Garcia
Rawlins/Reuters)
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Protestos pedem eleição geral;
distúrbios deixaram 28 mortos e centenas de feridos no último mês. Presidente
diz que movimento para tirá-lo do poder é golpe 'fascista'.
A oposição venezuelana, que
completa um mês de mobilizações contra o presidente Nicolás Maduro, marcha
novamente nesta segunda-feira em diferentes pontos do país, em aberto desafio
ao governo, que organizou uma grande concentração pelo 1º de Maio.
Embora até agora tenham sido
bloqueados pelas forças de segurança, os opositores tentam chegar à sede do
Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) e do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) nos 24
estados para exigir eleições gerais.
"Estou lutando até que Maduro
vá embora. Isso é uma ditadura disfarçada. A Venezuela está em terapia
intensiva. Não há comida e te matam por um par de sapatos", declarou à AFP
Matilde Rodríguez, de 67 anos, moradora do popular bairro Petare (leste), na
Plaza Altamira, reduto opositor.
Barreiras
Policiais e militares vigiam
pontos estratégicos de Caracas e bloqueiam algumas vias com barreiras
metálicas. O transporte funciona parcialmente e 31 estações de metrô estão
fechadas.
O presidente socialista liderará
uma concentração de seus seguidores na Plaza Bolívar, no centro de Caracas,
considerado um reduto dos chavistas e onde estão o CNE, o TSJ e outros poderes
públicos.
Na véspera da comemoração do Dia
do Trabalhador, Maduro aumentou o salário mínimo mensal - salário básico e
bônus alimentar - de 150.000 a 200.000 bolívares (US$ 280 dólares na taxa
oficial, mais alta, e US$ 50 no mercado paralelo).
"Isso nos ajuda a remediar
esta situação que estamos vivendo pela guerra econômica da direita. Estamos
marchando em apoio a Maduro e pelas conquistas da revolução", disse à AFP
Edmundo Marcano, de 55 anos, em uma concentração chavista.
Mas a oposição afirma que este
reajuste salarial mostra o desastre da gestão econômica e que a crise se
resolverá quando Maduro, cujo mandato -- que termina em janeiro de 2019 e é
rejeitado por sete em cada dez venezuelanos, segundo pesquisas privadas --
deixar o poder.
O país com as maiores reservas de
petróleo do planeta sofre uma severa escassez de alimentos e remédios e uma
inflação, a mais alta do mundo, que o FMI estima em 720% para 2017.
A 'emboscada' de abril
Manifestação
contra o governo de Maduro em Caracas
nesta
segunda (1º) (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
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Os protestos explodiram no dia 1º
de abril depois que o STJ assumiu as funções do Parlamento. Embora tenha
voltado atrás nesta decisão após fortes pressões internacionais, os protestos
continuam e trouxeram à tona as lembranças das manifestações de 2014, que
deixaram 43 mortos.
Em um mês, os confrontos entre
forças antimotim e manifestantes, os saques e tiroteios deixaram 28 mortos e
centenas de feridos, e governo e oposição se acusam mutuamente.
"Foi uma verdadeira
emboscada, uma arremetida violenta para provocar o caos na sociedade, atacar o
poder político e impor na Venezuela uma contrarrevolução violenta",
denunciou Maduro.
O presidente afirma que seus
adversários buscam aplicar um golpe de Estado e propiciar uma intervenção
estrangeira. A oposição o acusa de instaurar uma ditadura.
Sem uma solução à vista, a
oposição promete seguir nas ruas até conquistar um calendário eleitoral;
enquanto Maduro repetiu no domingo seu enigmático pedido de apoio aos seus
seguidores para o que estiver por vir.
"Estou convocando a um novo
cenário na Venezuela para acabar com esta situação de golpe continuado e
fascista (...). Não vou vacilar, não é tempo de medo", afirmou.
O presidente socialista cogitou a
possibilidade de convocar uma Assembleia Constituinte, sem dar detalhes.
O chefe parlamentar Julio Borges
denunciou que esta Constituinte seria eleita "a dedo", o que se
traduziria na continuação de um golpe de Estado.
Por France Presse
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