Imagem de
agosto de 1989, Noriega acena pouco antes de ser
deposto no Panamá (Foto: Arquivo / Manoocher
Deghati / AFP Photo)
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Ex-ditador governou o país
entre 1983 e 1989, depois de um golpe de Estado. Ele foi deposto e foi
condenado por tráfico de drogas.
O ex-ditador do Panamá, Manuel
Antonio Noriega, morreu na noite de segunda-feira (29), aos 83 anos, em um
hospital, na Cidade do Panamá. O antigo "homem forte" do Panamá
governou o país entre os anos de 1983 e 1989, quando foi derrubado por uma
invasão dos Estados Unidos.
Noriega estava internado em uma
unidade de terapia intensiva (UTI), em estado grave, desde o dia 7 de março,
quando lhe foi removido um tumor cerebral benigno. Enquanto o ditador estava
internado no Hospital Santo Tomás, o maior do país, foram frequentes os rumores
da sua suposta morte ou de mais complicações de sua saúde já frágil.
A morte foi confirmada nesta terça
(30) por seu advogado, Ezra Ángel, e pelo secretário de Estado de Comunicação,
Manuel Dominguez. Ele morreu por volta das 23h (horário local, 1h de Brasília,
nesta terça).
Considerado um militar sem
escrúpulos, o temido ditador panamenho manteve relações simultâneas com o
narcotraficante colombiano Pablo Escobar, o líder cubano Fidel Castro e com
vários serviços de inteligência.
Em sua trajetória foram
registrados casos de opositores assassinados, fortunas duvidosas, condenações
por narcotráfico, uma invasão militar e denúncias repetidas de traição.
Noriega foi extraditado para o
Panamá no dia 11 de dezembro de 2011, após cumprir mais de 20 anos de prisão
nos Estados Unidos e na França por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Ele cumpria mais de 60 anos de
pena na prisão El Renacer, nos arredores da capital panamenha, até o dia 28 de
janeiro deste ano, quando a Justiça lhe concedeu prisão domiciliar temporária
para que fizesse o pré e o pós-operatório fora da prisão.
O ex-ditador
panamenho Manuel Noriega na chegada
à prisão
(Foto: Arquivo / Rodrigo Arangua / AFP Photo)
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Em 2010, a Justiça panamenha abriu
um novo processo criminal contra ele por sua suposta responsabilidade no
desaparecimento, em 1970, e posterior morte do líder da esquerda, Heliodoro
Portugal, mas o julgamento foi suspenso no ano passado por conta dos problemas
de saúde do ex-ditador.
História
Nascido na capital panamenha em 11
de fevereiro de 1934 em uma família humilde, Noriega abraçou muito jovem a
carreira militar e governou o Panamá com mão de ferro entre 1983 e 1989,
segundo a France Presse.
Depois de participar em 1968 em um
golpe contra o presidente Arnulfo Arias, sua ascensão foi meteórica quando, um
ano depois, o governante do Panamá, general Omar Torrijos, o nomeou para
comandar o serviço de inteligência G-2.
A suspeita é de que foi nesta
época que a CIA, onipresente no Panamá para vigiar o Canal, recrutou Noriega,
que aumentou seu poder após a morte de Torrijos em 1981 em um misterioso acidente
aéreo.
Em 1983 assumiu o comando da
extinta Guarda Nacional e iniciou seu governo de fato.
Este foi o seu período de glória,
quando morava com a esposa Felicidad e as três filhas (Sandra, Lorena e Thays)
em uma mansão luxuosa que incluía um minizoológico, cassino privado e salão de
baile.
Em um contexto de guerras civis na
América Central, "cara de abacaxi", como era chamado por seus
opositores pelas marcas de acne, atuou em várias frentes para permanecer no
poder.
Mudança
Após a chegada à Casa Branca de
George H. W. Bush (1989-92), Noriega deixou de ser um aliado fiel dos Estados
Unidos passou a ser considerado um inimigo vinculado ao narcotráfico.
Em 1986, um vazamento da
inteligência americana levou o jornal “The New York Times” a destacar o papel de
Noriega no assassinato, em 1985, do opositor Hugo Spadafora, cujo corpo foi
encontrado decapitado.
Noriega, no entanto, sempre negou
participação em crimes. "Em nome de Deus, não tive nada a ver com a morte
de nenhuma destas pessoas. Sempre houve uma conspiração permanente contra mim,
mas estou aqui de frente, sem covardia", afirmou durante uma audiência.
O coronel Roberto Díaz Herrera,
ex-comandante do Estado-Maior panamenho e segundo nome do regime, o acusou de
corrupção, fraude eleitoral e do acidente que provocou a morte de Torrijos.
As acusações provocaram protestos
e um clima de instabilidade social, o que levou o governo dos Estados Unidos a
exigir que abandonasse o poder, o que o general se nego a fazer de modo
veemente.
Imagem de
dezembro de 2011, do ex-ditador na prisão
(Foto: Governo do Panamá / via AFP Photo)
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Justa Causa
Em 20 de dezembro de 1989, na
operação conhecida como "Justa Causa", tropas americanas invadiram o
Panamá para capturá-lo, o que provocou a morte de milhares de civis na última
operação deste tipo de Washington na América Latina, de acordo com a France
Presse.
Depois de passar vários dias
refugiado na Nunciatura e ao som elevado de músicas de rock, que ele não
suportava, Noriega se rendeu em 3 de janeiro de 1990 e foi levado prisioneiro
aos Estados Unidos, onde foi condenado a 40 anos de prisão narcotráfico. O ex-ditador
cumpriu apenas 21 anos por "bom comportamento".
Noriega foi extraditado para a
França em 2010 e condenado a sete anos de prisão por lavar três milhões de
dólares em bancos franceses para o Cartel de Medellín.
Em 1987, Noriega havia recebido a
Legião de Honra.
Noriega foi extraditado a seu país
em 2011. Ele chegou ao Panamá de cadeira de rodas, enfermo e "sem ódios
nem rancores", como afirmou, para cumprir três penas de prisão de 20 anos
cada pelo desaparecimento de opositores.
Apesar de ter solicitado perdão e
ter sofrido vários derrames cerebrais, complicações pulmonares, câncer de
próstata e depressão, as autoridades panamenhas negaram todos os pedidos de
prisão domiciliar.
Sua filha Sandra afirmou há algum
tempo à AFP que a vida de seu pai "não entra em um livro".
Por G1
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