Opositores
venezuelanos entram em confronto com forças de
segurança
durante protesto nesta quinta-feira (18) em Brasília
(Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)
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Guarda Nacional lançou bombas
de gás lacrimogêneo e jatos d'água. Mais uma vez, manifestantes não conseguiram
chegar à sede do ministério do Interior.
Distúrbios foram registrados nesta
quinta-feira (18) no leste de Caracas, após confrontos de manifestantes e
militares que os impediram de marchar até a sede do ministério do Interior e
Justiça, no centro da cidade, comprovou uma equipe da AFP.
A bordo de blindados, homens da
Guarda Nacional atiraram bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água contra os
manifestantes, que tinham chegado aos milhares até a principal autoestrada de
Caracas de dois pontos.
Como é habitual desde que tiveram
início os protestos contra o presidente Nicolás Maduro, em 1º de abril, um
grupo de jovens encapuzados respondeu atirando pedras e bombas incendiárias nos
militares.
Alguns bloquearam as cápsulas de
gás com escudos de madeira e metal, protegendo-se com capacetes de moto e
máscaras antigás.
"Valentes, valentes!",
repetiam alguns manifestantes a estes chamados "escudeiros", enquanto
avançavam para a linha de frente com os blindados.
Um jovem executava uma marcha
bélica com um tambor. "O governo nos declarou guerra (...) e tenho que
incentivar os guerreiros que estão aqui", disse à AFP Carlos Herrera, com
o rosto coberto por uma máscara.
Um cinegrafista de uma emissora
digital de televisão foi atingido em uma perna por uma cápsula de gás
lacrimogênio.
Manifestação
contra o governo tem distúrbio nesta quinta
(Foto:
FEDERICO PARRA / AFP)
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Embora a violência se
intensifique, com distúrbios e saques em vários pontos do país, os opositores
tentam chegar ao Ministério do Interior, no centro de Caracas, aonde nenhuma
das marchas iniciadas em 1º de abril conseguiu chegar devido à repressão das forças
de ordem.
Os protestos exigem eleições
gerais para antecipar a saída de Maduro do poder, que até agora deixou 43
mortos e centenas de feridos. Setecentas pessoas foram detidas, das quais 159
continuam presas por ordem de tribunais militares, segundo a ONG Foro Penal, o
que foi criticado por grupos de direitos humanos, governo e organismos
internacionais.
As manifestações têm como caldo de
cultura uma grave deterioração econômica e social no país petroleiro, com
severa escassez de alimentos e remédios, a inflação mais alta do mundo - que
chegaria a 720% este ano, segundo o FMI - e uma criminalidade nas alturas.
Trump promete ajuda
Em coletiva de imprensa conjunta
com o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, em Washington, o americano,
Donald Trump disse que a crise política e econômica na Venezuela é uma vergonha
para a humanidade.
"A gente vê a riqueza desse
país e se pergunta por que isso está acontecendo? Mas é que o país tem sido
administrado incrivelmente mal por vários anos", disse Trump.
Trump também declarou que fará
"o que for necessário" em cooperação com outros países do continente
para "recuperar" a situação humanitária na Venezuela.
"Faremos o que for
necessário. Trabalharemos com outros para fazer o que for necessário para
ajudar a recuperar isso (a crise econômica e humanitária na Venezuela)",
disse.
Capriles sem passaporte
Também nesta quinta, o governo
venezuelano impediu a viagem do líder opositor Henrique Capriles, que iria a
Nova York denunciar no Alto Comossariado dos Direitos Humanos da ONU a
"repressão" aos protestos contra o presidente.
"Não vou poder assistir à
reunião com o Alto Comissariado dos Direitos Humanos. Estou fora da área de
Migração, sem passaporte", relatou Capriles usando o aplicativo Periscope
no aeroporto de Maiquetía, que atende a Caracas.
Opositores
usam estilingue para jogar bomba de fezes contra
forças de segurança nesta quinta-feira (18) em
Caracas
(Foto:
REUTERS/Carlos Garcia Rawlins )
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Nas imagens, Capriles é visto em
um escritório de Migração do aeroporto alegando com os funcionários e escoltado
por policiais. "Fui informado que meu passaporte foi cancelado",
afirmou.
'Repressão brutal'
Após sair do aeroporto, Capriles
se preparava para aderir a uma marcha de opositores em repúdio ao que chamam
uma "repressão brutal" contra os protestos que começaram há sete
semanas e geraram batalhas campais entre manifestantes e forças de segurança.
"Isto é resistência. Sabemos
que vão nos reprimir, mas temos que sair para protestar, tem gente morrendo de
fome e por falta de remédios", declarou à AFP um músico de 45 anos que se
identificou como Napolenrique.
O governo e a oposição se
responsabilizam mutuamente pela violência, enquanto a Procuradoria investiga as
mortes, razões pelas quais apontaram grupos armados não identificados e imputou
alguns civis, policiais e militares.
A oposição venezuelana
responsabiliza diretamente o ministro Néstor Reverol, um proeminente general
acusado de tráfico de drogas pelos Estados Unidos, de liderar a repressão.
O governo, por sua vez, acusa a
oposição de terrorismo e de apelar à "insurgência armada" para
depô-lo, destacando particularmente o chefe do Parlamento, Julio Borges, e
Capriles.
A tensão aumentou depois que
Maduro se dispôs na quarta-feira enviar 2.600 militares ao estado de Táchira
(na fronteira oeste com a Colômbia), onde desde a segunda-feira foram registrados
saques e distúrbios. Quinhentos já tinham chegado à região, mas ainda não há
uma forte presença de efetivos nas ruas.
A situação gerou forte preocupação
internacional. O Conselho de Segurança da ONU abordou a crise nesta
quarta-feira, enquanto os chanceleres da Organização de Estados Americanos
(OEA) o farão em 31 de maio.
Por France Presse
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