BRASÍLIA - Uma das últimas
testemunhas ouvidas no âmbito da ação que apura irregularidades na chapa de
Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) em 2014, a empresária Mônica Moura
deu detalhes ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre conversas mantidas com
a petista quanto à "questão financeira" da campanha. Segundo
Mônica, Dilma teria se colocado à disposição para resolver atrasos nos
pagamentos feitos ao marqueteiro João Santana.
Mônica Moura relatou um encontro
com Dilma para falar de questões financeiras cerca de dez dias depois de
Santana ter se encontrado com a presidente para discutir estratégias de campanha,
em maio de 2014. Nessa ocasião, a petista a teria tranquilizado sobre a
repetição de problemas ocorridos em 2010, como as dívidas.
"Ela disse: 'Este ano, tomo
conta eu da minha campanha, não vai ter interferência do PT, porque as coisas
lá são confusas, porque doações que entram vão para outras coisas e não se
cumpre o que estava acordado'", relatou a empresária.
Dilma não teria falado de valores.
Teria orientado a empresária a procurar o então ministro da Fazenda, Guido
Mantega, com o qual acertaria as cifras e a forma dos pagamentos, que viriam a
ser feitos pela Odebrecht por meio de várias entregas de dinheiro em espécie.
A empresária declarou que nunca
tratou de valores com Dilma ou fez referência explícita a pagamentos de caixa
dois. A então presidente, no entanto, teria se colocado à disposição, em alguns
momentos da campanha, para destravar repasses quando havia atrasos. "Ela
me dizia: 'calma que vou resolver isso, vou conversar'", contou Mônica.
A mulher de João Santana disse
que, na sua compreensão, Dilma sabia que, nessas conversas, tratava de
pagamentos a serem feitos "por fora", porque os compromissos
oficiais, de caixa 1, não estavam atrasando.
"Na minha compreensão ela
entendia que eu estava falando do valor não contabilizado, que estava com problemas,
estava emperrando. Tanto é que ficou uma dívida enorme depois",
contou a empresária.
Questionada se Dilma sabia que
parte do valor pago ao casal era caixa 2, Mônica respondeu: "A presidente
sabia sem nenhuma sombra de dúvida. Além dessa conversa que eu tive no início,
depois que foi acertado e, em alguns momentos em que eu tinha dificuldade de
receber, a gente conversava com ela, eu tinha essa abertura com ela, o João
também, a gente conversava que estava com dificuldade, de novo acontecendo os atrasos,
a gente precisa do dinheiro das duas formas, porque quando se trabalha com
caixa 1 e caixa 2, você tem que receber e gastar em caixa 1 e caixa 2".
Mônica alegou que, por sua
vontade, receberia sempre por meio de doações oficiais, mas era convencida pelos
dirigentes do PT, entre eles o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, de que
o empresariado não aceitava de outra forma para evitar expor o quanto doava a
cada político. "Por que diabos que eles não fazem essa doação pra vocês,
vocês me pagam e acaba com essa confusão toda de eu ter que ficar aqui
recebendo malinha de dinheiro?", teria questionado Mônica.
Defesas. Guido Mantega nega que
tenha participado de captação de recursos para a campanha.
O PT não se pronunciou.
A defesa de Dilma Rousseff reiterou
que João Santana e Mônica Moura "faltaram com a verdade" nos
depoimentos ao TSE, "fazendo afirmações desprovidas de qualquer fundamento
ou prova". "Tudo indica que o casal, por força da sua prisão por um
longo período, tenha sido induzido a delatar fatos inexistentes, com o objetivo
de ganhar sua liberdade e de atenuar as penas impostas por uma eventual
condenação futura", diz nota divulgada pela ex-presidente.
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