As principais centrais
sindicais do país divulgaram nesta segunda-feira, Dia do
Trabalhador, uma nota conjunta sinalizando com uma nova greve geral,
desta vez de dois dias, e uma“invasão de trabalhadores” a Brasília
para pressionar o Congresso a não aprovar as reformas trabalhista e
da Previdência.
Na sexta-feira, uma greve geral
convocada contra as reformas propostas pelo presidente Michel Temer
(PMDB) atingiu parcialmente todos os estados, deixou algumas capitais
com “cara de feriado”, mas não registrou grandes concentrações de manifestantes
nas ruas e terminou em confrontos violentos com a polícia no Rio e em São Paulo.
“O dia 28 de abril de 2017 entrará
para a história do povo brasileiro como o dia em que a maioria esmagadora dos
trabalhadores disse não à PEC [proposta de emenda constitucional] 287 [da
reforma da Previdência], que destrói o direito à aposentadoria, não ao projeto
de lei 6.787 [da reforma trabalhista], que rasga a CLT [Consolidação das Leis
do Trabalho], e não à lei 4.302, que permite a terceirização de todas as
atividades de uma empresa”, dizem as centrais no documento.
O documento, assinado pela CUT,
CTB, CSB, UGT, Força Sindical e Nova Central, foi intitulado “A greve do 28 de
abril continua” e foi lida em todos os eventos deste 1º de Maio. As centrais
sindicais voltarão a se reunir nesta semana para discutir as próximas ações.
No dia da greve geral, Temer, em
vídeo, disse que as manifestações “ocorreram livremente em todo o país”, mas
que isso não o faria desistir das reformas e que a discussão deveria ser
tratada na “arena adequada, que é o Congresso Nacional”.
“Não aceitamos a reforma
trabalhista como está. E vamos para a Câmara. E vamos para o governo. Se o
governo Temer quiser negociar a partir de amanhã, nós estamos dispostos a
negociar. Agora, se não abrir negociação, se não discutir com centrais, se não
mudar essa proposta, vamos parar o Brasil novamente”, disse Paulo Pereira da
Silva, presidente da Força Sindical e deputado federal pelo Solidariedade-SP –
ele integra a base do governo. “Quem sabe a gente consiga fazer com que
Brasília ouça as vozes das ruas”, disse.
Atos
As declarações de Paulinho da
Força foram dadas durante o ato de 1º de Maio da central que comanda, na
praça Campo de Bagatelle, na zona norte paulistana. O evento, que durou das
11h40 às 12h30, teve discursos de políticos como os deputados Orlando Silva
(PCdoB-SP), Roberto Lucena (PV-SP) e Major Olímpio (SD-SP) e líderes sindicais,
além de shows musicais, entre eles os de Zezé di Camargo & Luciano,
Fernando & Sorocaba e Maiara e Maraisa.
A Central Única dos Trabalhadores
(CUT) fez o seu ato no início da tarde na Avenida Paulista, com discursos de
políticos e sindicalistas – depois, os manifestantes se dirigiram à Praça da
República, onde haveria shows musicais de artistas como o rapper Emicida e a
sambista Leci Brandão.
A organização do ato na Avenida
Paulista gerou um entrevero entre a CUT e o prefeito João Doria (PSDB),
que não autorizou o evento na via por ter shows musicais, o que contraria um
termo de ajustamento de conduta firmado pela prefeitura com o Ministério
Público Estadual, que prevê apenas três eventos por ano na via: a Parada Gay, a
Corrida de São Silvestre e o Réveillon. Após disputa na Justiça, foi
firmado um acordo: o ato político seria na Paulista e os shows, na Praça da
República.
Em Brasília, onde as centrais
querem promover uma “invasão de trabalhadores”, o ato foi modesto. Cerca de 200
trabalhadores participaram do evento, que teve entre os oradores a senadora
Gleisi Hoffmann (PT-PR), que classificou as reformas como um “desmonte da
Constituição”.
No Rio de Janeiro, o ato na
Cinelândia, centro da cidade, teve uma confusão quando um homem segurando a bandeira
do Brasil, foi hostilizado pelos manifestantes e teve de ser retirado do local.
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