Kenneth
Williams em foto de 17 de março (Foto: Kenneth Williams em
foto de 17 de março Handout/Arkansas
Department of Corrections/AFP)
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Kenneth Williams, de 38 anos, teve
reações após receber injeção do sedativo midazolam. Advogado questiona uso do
medicamento, que já ocasionou casos semelhantes, e cita emenda constitucional
que proíbe castigo 'cruel e desumano'.
O advogado do homem que foi
executado na noite de quinta-feira (27) no Arkansas, a mais recente de uma
série de execuções antecipadas nesse estado americano, exigiu uma investigação
porque seu cliente teria sofrido convulsões durante a aplicação da injeção
letal.
"Os relatos da execução de
Williams são horrendos", escreveu em um comunicado um dos seus advogados,
Shawn Nolan. "Os relatórios de jornalistas apontam que passados três
minutos do início da execução, nosso cliente começou a tossir, convulsionar e
se sacudir com um som que se podia ouvir inclusive com o microfone
desligado".
Nolan acrescentou que sua equipe
exige uma "investigação completa" sobre o ocorrido, enquanto a
organização de direitos humanos ACLU acusou o governador Asa Hutchinson de
ignorar os "riscos bem documentados" do midazolam, o medicamento no
centro da polêmica.
Kenneth Williams, de 38 anos,
autor de quatro homicídios, morreu pouco antes da meia-noite de quinta-feira
depois de que advogados, ativistas e inclusive a filha de uma das suas vítimas
mortais fizeram o possível para que a justiça lhe concedesse clemência.
Mas a Suprema Corte de Justiça
desestimou todos os recursos e o homem recebeu o sedativo midazolam - o
primeiro dos três medicamentos do coquetel letal - às 22h52 locais.
Williams era o último dos oito
réus do cronograma acelerado de execuções que Hutchinson tinha previsto para
este mês, argumentando que o prazo de validade dos seus estoques de midazolam
expirava neste domingo. Metade dos oito homens conseguiu adiar suas execuções.
Os jornalistas que testemunharam a
execução de quinta-feira declararam que Williams começou a se sacudir três
minutos depois de receber o midazolam.
"Seu peito se sacudia
fortemente e se escutavam barulhos", descreveu a repórter da Fox 16 Donna
Terrell. "O microfone estava desligado e ainda assim podíamos ouvir (...).
Soava como se ele estivesse ofegante tentando respirar".
Nolan indicou que "isto é
muito alarmante, mas não é de forma alguma surpreendente dada a história do
arriscado sedativo midazolam, utilizado em muitas execuções descuidadas".
O relato dos jornalistas que
estiveram no local lembra o caso de Clayton Lockett, que depois de receber o
midazolam aparentemente despertou e se contorceu, sofrendo visivelmente,
durante sua execução em Oklahoma (centro) em 2014.
Alabama, no sudeste, utilizou o
midazolam na execução de Ronald Smith em dezembro de 2016. O homem se sacudiu e
ofegou por quase 15 minutos antes de morrer.
Reações involuntárias
Vários dos recursos de última hora
que buscaram suspender as execuções deste mês em Arkansas argumentaram que o midazolam
não é capaz de sedar adequadamente os prisioneiros e implica portanto o risco
de lhes causar mais sofrimento, o que é inconstitucional.
"Os relatos de que Kenneth
Williams tossiu, convulsionou e se sacudiu durante sua execução levantam sérios
questionamentos sobre se o estado, na sua pressa para utilizar seus estoques de
midazolam antes de que passassem da validade, violou a oitava emenda da
Constituição, que proíbe o castigo cruel e desumano", disse Rita Sklar,
diretora do ACLU de Arkansas.
Ante tais acusações, o porta-voz
do governador Hutchinson, J.R. Davis, defendeu seu chefe dizendo que Williams
só tinha experimentado "reações musculares involuntárias" durante sua
execução.
O senador estatal de Arkansas
Trent Garner, republicano, também contradisse os relatos dos jornalistas ao
escrever no Twitter que ele havia presenciado a execução e que esta tinha sido
"efetiva, eficiente e respeitosa".
"O réu não sofreu nem parecia
sentir dor. Seu rosto estava calmo. Não foi cruel, inusual, desleixado nem uma
tortura", acrescentou.
Kenneth Williams tinha sido
condenado inicialmente à prisão perpétua por ter estuprado e matado em 1998 a
estudante Dominique Hurd.
Williams fugiu da prisão em 1999,
e em sua fuga matou Cecil Boren. Depois roubou a caminhonete da sua vítima e
foi até o Missouri, onde provocou um acidente de trânsito que causou a morte de
Michael Greenwood.
Enquanto a filha e a viúva de
Greenwood pediram clemência ao réu, a viúva de Boren apoiou a condenação.
Por France Presse
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