O presidente
das Filipinas, Rodrigo Duterte, faz uma violenta
campanha
antidrogas (Foto: Noel Celis/AFP)
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'Estamos aqui', disseram
detentos escondidos atrás de estante durante aparição surpresa de comissão de
direitos humanos e repórteres.
Uma dezena de pessoas foram
encontradas amontoadas em um espaço minúsculo escondido atrás de uma estante em
uma delegacia de polícia nas Filipinas, o que alimenta novamente o temor de
supostos abusos na guerra antidrogas do presidente Rodrigo Duterte.
Membros da Comissão Governamental
para os Direitos Humanos, acompanhados de alguns jornalistas, encontraram
homens e mulheres durante uma visita surpresa, na tarde de quinta-feira (27),
ao posto policial localizado nas favelas da capital, Manila.
Os visitantes ouviram gritos -
"Estamos aqui, estamos aqui" - procedentes de uma parede. Em seguida,
encontraram uma porta escondida atrás da estante que levava a um pequeno
espaço.
Os prisioneiros correram
rapidamente para fora. Alguns pediam água, outros, chorando, imploravam para
que os membros da Comissão não os abandonassem.
Os prisioneiros disseram estar
detidos ali há uma semana, após sua prisão por suposto uso ou tráfico de
drogas. Também acusaram a polícia de ter exigido um grande resgate para sua
libertação.
"Eles foram presos sob o
pretexto das drogas, mas não foram acusados de nenhum crime", declarou
nesta sexta-feira à AFP Gilbert Boisner, diretor em Manila na Comissão de
Direitos, encarregada desta operação.
O responsável da delegacia em
Manila, o delegado Robert Domingo, afirmou aos jornalistas presentes durante a
inspeção que os detidos haviam sido presos na noite anterior e os agentes se
preparavam para acusá-los.
Domingo foi suspenso de suas
funções depois de uma investigação, declarou o chefe de polícia de Manila,
Oscar Albayalde, que reconheceu que as prisões ilegais se generalizaram nos
últimos tempos.
Corrupção
Segundo a organização Human Rights
Watch, trata-se de uma nova revelação sobre os abusos dos direitos humanos
cometidos durante a campanha de repressão contra as drogas, que provocou a
morte de milhares de pessoas.
"A descoberta desta prisão
secreta é apenas o sinal mais recente de como a polícia explora, com fins
pessoais, a campanha antidrogas abusiva de Duterte", estimou a ONG.
Em janeiro, o presidente do país
afastou brevemente a polícia da campanha antidrogas, já que uma investigação
havia revelado que os oficiais da brigada de entorpecentes sequestraram e
assassinaram um empresário sul-coreano para obter uma recompensa de sua
família.
Duterte declarou então que a
polícia era "corrupta até a medula" e prometeu limpar suas fileiras.
No entanto, um mês depois, os policiais continuaram em suas funções sem que uma
grande reforma tenha sido realizada.
Os defensores de direitos humanos
duvidaram da vontade do presidente - que havia estimado que 40% dos agentes se
dedicavam a estas atividades ilegais - para que a polícia abandone a corrupção.
A polícia anunciou ter matado ao
menos 2.724 pessoas, em situação de legítima defesa, no âmbito da luta
antidrogas.
Milhares de pessoas foram
assassinadas por milícias, de acordo com a Human Rights Watch.
Por France Presse
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