Vítima postou mensagem de repúdio contra a tentativa de linchamento em Araruama após boato no WhatsApp (Foto: Reprodução / Facebook) |
Mulher fez post em rede social nesta
quinta (6), um dia após agressão. 'Como fica a minha dignidade agora?', questiona em outro trecho.
A mulher que sofreu uma tentativa de linchamento em
Araruama, na Região dos Lagos, após boatos circularem no WhatsApp a
acusando de sequestrar um bebê, desabafou em uma rede social nesta quinta-feira
(6). Em um texto publicado no Facebook, ela relatou os momentos de apreensão vividos ao lado de Luiz Aurélio de Paula,
com quem estava dentro de um carro e que também foi vítima da multidão.
Ela ainda agradeceu à Guarda Civil,
que impediu o linchamento do casal durante as agressões por populares no bairro
Mutirão.
"Um mal entendido, uma
informação sem saber a veracidade do ato, quase custou a vida de dois
inocentes. Que hoje estamos com medo de sair na rua sem saber a reação das
pessoas. Eu agradeço aos rapazes da Guarda que chegaram lá e me tiraram de lá,
senão agora eu não estaria nem aqui relatando o que aconteceu. Como fica a
minha dignidade agora? Como fica a minha vida?, disse a mulher, que é moradora
do bairro, em parte da postagem.
O vídeo feito de um celular mostra o
momento em que a multidão fica aglomerada em volta do veículo. Os moradores
quebraram o carro, tentaram virá-lo. Uma pessoa, que foi detida, ateou fogo no
veículo, que já estava desocupado.
A mulher ainda relatou como
aconteceu o episódio nesta quarta-feira (5). Segundo a vítima, ela estava indo
trabalhar com Luiz Aurélio de Paula em uma loja. Foi, então, que os dois,
dentro de um carro, começaram a sofrer as agressões.
"Começou a circular na Internet
uma foto minha com um senhor, no qual estavam falando que estávamos
sequestrando crianças. Eu não estava no momento, mas falaram que ele estava
apenas brincando com a criança, e uma outra pessoa que disse a mãe que ele
estava tentando sequestrar. Ou seja, logo depois eu estive na hora errada e com
a pessoa errada. Eu ia trabalhar para ele e o encontrei no local do acontecido
para ele me levar até a loja onde eu iria ficar. Foi quando ele me deixou no
local que tudo aconteceu. Muita gente se uniu e não quis saber a real história,
pessoas agredindo tanto eu quanto ele. Estamos cheios de hematomas no corpo e
muitos ferimentos, sem contar o trauma que vai ficar para o resto da
vida", relata em outro trecho.
Buscas da polícia
A Polícia Civil busca os responsáveis por iniciar o boato no WhatsApp. Segundo Luiz Henrique Marques, titular da 118ª Delegacia, áudios, fotos e vídeos serão usados para tentar identificar quem começou a espalhar a informação falsa.
A Polícia Civil busca os responsáveis por iniciar o boato no WhatsApp. Segundo Luiz Henrique Marques, titular da 118ª Delegacia, áudios, fotos e vídeos serão usados para tentar identificar quem começou a espalhar a informação falsa.
O caso aconteceu depois que
boatos de que uma criança teria sido sequestrada circularam no aplicativo de
mensagens. As vítimas foram hostilizadas e agredidas dentro de um
carro por uma multidão, que cercou o veículo. O homem e a mulher só foram
retirados após a intervenção da Guarda Civil. Uma mulher ainda ateou fogo no
veículo vazio. Ela foi presa em flagrante por dano qualificado, segundo a
Polícia Civil. O motorista, Luiz Aurélio de Paula, que sofreu ferimentos no
rosto, disse que pensou que fosse morrer.
O delegado cogita a possibilidade de
acionamento da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática. Segundo Luiz
Henrique Marques, os vídeos que mostram a tentativa de linchamento serão usados
para tentar identificar quem começou a agressão física. De acordo com a Polícia
Militar, cerca de 200 pessoas participaram do ato no bairro Mutirão; a agressão
durou 40 minutos, e o homem e a mulher tiveram escoriações no rosto.
Vítimas foram impedidas de sair
do carro
O vídeo feito de um celular mostra uma multidão aglomerada em volta do veículo no bairro Mutirão. Os moradores quebraram o carro, tentaram virá-lo. Uma pessoa, que foi detida, ateou fogo no veículo, que já estava desocupado. Só após a chegada de agentes da Polícia Militar e Guarda Civil, as vítimas foram encaminhadas à delegacia.
O vídeo feito de um celular mostra uma multidão aglomerada em volta do veículo no bairro Mutirão. Os moradores quebraram o carro, tentaram virá-lo. Uma pessoa, que foi detida, ateou fogo no veículo, que já estava desocupado. Só após a chegada de agentes da Polícia Militar e Guarda Civil, as vítimas foram encaminhadas à delegacia.
Agentes da Guarda Municipal chegaram
e conseguiram tirar o casal da confusão. A viatura da guarda também teve o
vidro quebrado e um policial ficou ferido. Um dos guardas contou como
aconteceu.
"A gente partiu pra lá e
conseguiu isolar, defendeu o senhor até porque era só suspeita, não tinha
nenhuma acusação. O ânimo lá tava de ódio. Tava querendo pegar o casal para
fazer um linchamento. Provavelmente ia acontecer um homicídio lá, eles iam
matar o casal. Era um clima muito de ódio", explica Alex Silvestre,
subcomandante da Guarda Municipal em Araruama.
Do G1 Região dos Lagos
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