O delegado
informou que áudios, fotos e vídeos têm sido
usados para ajudá-los na identificação de quem
começou
a espalhar a informação falsa. Reprodução Intertv
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Gravação foi a primeira divulgada
no WhatsApp, acredita polícia no RJ. Casal foi espancado em Araruama por multidão após boato de sequestro.
A Polícia Civil divulgou, na tade
desta quinta-feira (6), o primeiro áudio que levou à tentativa de
linchamento de um homem e de uma mulher no fim da tarde de quarta (5) em Araruama,
na Região dos Lagos do Rio. Na gravação, um homem informa sobre o sequestro de
um bebê, além de detalhes sobre o carro onde o casal estava.
"Atividade, atividade aí
agora, rapaziada. Tentaram roubar uma criança ainda agora, na frente do Tinoco,
em um Escort branco, antigo. É um coroa já de idade e uma mulher mais nova.
Tentaram roubar uma criança aqui, na frente do Tinoco", diz homem no
áudio.
O delegado titular Luiz Henrique
Marques, da 118ª Delegacia de Polícia, informou que áudios, fotos e vídeos
têm sido usados para ajudá-los na identificação de quem começou a espalhar a
informação falsa. Até a publicação desta reportagem, nenhum suspeito havia sido
detido.
O caso aconteceu depois que boatos de que uma criança teria sido
sequestrada circularam no aplicativo de mensagens. As vítimas foram
hostilizadas e agredidas. Uma multidão cercou o veículo onde elas estavam. O
homem pediu socorro em uma padaria, onde, segundo ele, havia prestado serviço
momentos antes. As agressões só pararam com a chegada da Polícia Militar e
Guarda Civil.
A multidão ainda tentou virar o
carro, mas já não havia ninguém dentro (veja vídeo). Depois, uma mulher ainda
ateou fogo no veículo. Ela foi presa em flagrante por dano qualificado, segundo
a Polícia Civil.
O motorista, Luiz Aurélio de
Paula, que sofreu ferimentos no rosto, disse que pensou que fosse morrer.De
acordo com a Polícia Militar, o ato no bairro Mutirão durou 40 minutos.
O motorista disse ainda que assim
que o grupo invadiu o carro, negou que tivesse praticado o ato e levou as
pessoas até uma paradaria para tentar provar que estava trabalhando com a venda
de produtos no local. Mesmo assim, as agressões começaram e o número de
envolvidos cresceu.
De acordo com o parágrafo 1 do
artigo 154 da Lei 12.737/12 do Código Penal, que dispõe sobre crimes
virtuais, "quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo
ou programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta
definida" pode ser condenado a pena de até dois anos de prisão e multa.
"Um monte de homem me
abordaram, eu pensei que fosse um assalto. Aí eu tentei justificar pra eles que
eu estava vendendo iogurte, queijo e linguiça aqui em Araruama. Não me deram
atenção [...] Me empurraram pra dentro do carro, eu não deixei eles dirigirem o
carro, eles mandaram entrar pra uma rua e eu entrei, falei 'vamo lá na padaria
que vocês vão ver que eu tô trabalhando'. O pessoal da padaria me identificou e
disse que trabalhava comigo".
Durante a confusão, uma viatura da
guarda também teve o vidro quebrado, e um policial ficou ferido. Um dos guardas
contou como aconteceu.
"A gente partiu pra lá e
conseguiu isolar, defendeu o senhor até porque era só suspeita, não tinha
nenhuma acusação. O ânimo lá tava de ódio. Tava querendo pegar o casal para
fazer um linchamento. Provavelmente ia acontecer um homicídio lá, eles iam
matar o casal. Era um clima muito de ódio", explica Alex Silvestre,
subcomandante da Guarda Municipal em Araruama.
A vítima, emocionada, falou sobre
a atitude tomada pela população após o boato.
"Tinha umas mil pessoas do lado de fora falando que iam me matar por causa desse WhatsApp, que tá incriminando as pessoas e matando as pessoas sem ter culpa. Eu tô morto de vergonha da minha esposa, da minha família, por estar passando uma situação dessa. Tentaram matar um homem trabalhador. O pessoal queria me linchar a troco de quê? Eu não fiz nada de errado. Eu simplesmente tô trabalhando... trabalhando honestamente, e ser abordado por homens desconhecidos e ser detonado na sociedade, nas redes sociais a troco de quê? Eu pensei que ia morrer porque tinha muita gente invadindo, querendo invadir a padaria", desabafou.
"Tinha umas mil pessoas do lado de fora falando que iam me matar por causa desse WhatsApp, que tá incriminando as pessoas e matando as pessoas sem ter culpa. Eu tô morto de vergonha da minha esposa, da minha família, por estar passando uma situação dessa. Tentaram matar um homem trabalhador. O pessoal queria me linchar a troco de quê? Eu não fiz nada de errado. Eu simplesmente tô trabalhando... trabalhando honestamente, e ser abordado por homens desconhecidos e ser detonado na sociedade, nas redes sociais a troco de quê? Eu pensei que ia morrer porque tinha muita gente invadindo, querendo invadir a padaria", desabafou.
Do G1 Região dos Lagos
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