A oposição da Venezuela retomou os
protestos nesta quinta-feira para pressionar o governo do presidente Nicolás
Maduro a realizar eleições, um dia depois de três pessoas morrerem durante
manifestações realizadas em meio a uma grave crise econômica.
O número de manifestantes, no
entanto, era menor do que as centenas de milhares de pessoas que foram às ruas
de Caracas e de outras cidades venezuelanas na quarta-feira, na maior e mais
recente ação ao longo das várias semanas de protestos contra o que opositores
de Maduro afirmam ser uma guinada do governo rumo a uma ditadura.
As autoridades governamentais
minimizam as manifestações, caracterizadas por barricadas de rua e confrontos
com as forças de segurança, classificando-as como esforços violentos e ilegais
para depor o governo de esquerda de Maduro, com apoio de adversários
ideológicos dos Estados Unidos.
A oposição afirma que
Maduro, profundamente impopular no momento em que os venezuelanos sofrem
com uma inflação de três dígitos e uma escassez de alimentos e de bens de
consumo, está tentando se manter no poder indefinidamente, impedindo que
líderes opositores ocupem cargos públicos e sufocando instituições
independentes.
"Iremos continuar nas ruas,
isso não tem fim", disse o guarda-costas Yorman Barrios, de 25 anos,
enquanto manifestantes e forças de segurança travavam choques nos arredores, na
quarta-feira.
A oposição conclamou apoiadores a
se reunirem em cerca de duas dúzias de pontos nos arredores de Caracas e
marchar para a capital, como tentaram fazer no dia anterior.
A onda atual de passeatas
anti-Maduro, a mais prolongada desde 2014, tem provocado conflitos constantes
nos quais jovens e soldados da Guarda Nacional travam confrontos violentos. Na
noite de quarta-feira também surgiram barricadas e houve alguns saques.
© REUTERS/Marco Bello Manifestante
de oposição arremessa de volta granada de gás lacrimogêneo lançada pela polícia
durante protesto
Dois estudantes e um agente da
Guarda Nacional foram mortos nas manifestações de quarta-feira, elevando o
saldo de mortes dos protestos deste mês a oito. O grupo de direitos humanos
Penal Forum disse que mais de 500 pessoas foram presas.
Em comunicado, um porta-voz do
secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo pelo fim da violência.
"Estamos preocupados com os
últimos acontecimentos na Venezuela e pedimos que todos os esforços sejam
feitos para reduzir as tensões e evitar futuros confrontos", disse nesta
quinta-feira.
Maduro, de 54 anos, pediu a seus
apoiadores para realizarem contramanifestações em Caracas. Aliados do
presidente dizem que os protestos de rua da oposição são rupturas violentas da
ordem pública que excedem os direitos de liberdade de reunião e que não seriam
toleradas em nenhum outro país.
A nova onda de manifestações foi
motivada por uma decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), de março, por
meio da qual este assumiu os poderes do Congresso de maioria opositora, medida
que a corte revogou poucos dias depois.
(Reportagem
adicional de Christian Veron)
Por Brian Ellsworth
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