Em gravação, Sérgio Côrtes tenta combinar delação: 'Vai falar sobre isso?' | Rio das Ostras Jornal

Em gravação, Sérgio Côrtes tenta combinar delação: 'Vai falar sobre isso?'

Sérgio Côrtes foi secretário de Cabral no RJ
(Foto: Reprodução/TV Globo)
Cunhado do ex-secretário de Saúde que é primo do delator César Romero teria intermediado negociação. Côrtes se ofereceu a pagar advogado do delator, diz MPF.
A decisão judicial que determina a prisão do ex-secretário de Saúde de Sérgio Cabral, Sérgio Côrtes, afirma que ele tentou "embaraçar as investigações", fazendo com que o delator César Romero, ex-subsecretário da pasta, não celebrasse o acordo de colaboração premiada ou que combinassem o que seria dito. Uma conversa entre os dois, no escritório de Romero, foi gravada.
Foram presos nesta terça-feira também os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita. A operação, que é mais um desdobramento da Lava Jato no Rio, foi batizada de "Fatura Exposta" e investiga fraudes em licitações para o fornecimento de próteses para o do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into).
Quando era diretor do Into, Côrtes teria favorecido a empresa Oscar Iskin, da qual Miguel é sócio, nas licitações do órgão. Gustavo Estellita é sócio de Miguel em outras empresas e já foi gerente comercial da Oscar Iskin.
Côrtes teria ido ao escritório do ex-subsecretário, como atestam imagens recolhidas pelo Ministério Público Federal (MPF) e chegou a se oferecer a pagar os advogados de Romero através de Sérgio Vianna Junior, que é cunhado de Côrtes e primo de Romero.
Veja o diálogo abaixo:
SÉRGIO CÔRTES: Peraí, César… você já estava fazendo, aí foi quando eu falei pro [Sérgio Vianna] Júnior. 'Júnior, o ideal é que pelo menos a gente tenha alguma coisa parecida… porque se ele falar de A,B,C,D e eu falar de C, D, F, G, f****, porque A e B eu não falei e F e G ele não falou'.
CÉSAR ROMERO: Olha só… eu fiz uma delação premiada… dessa menina...
SÉRGIO CÔRTES: Você já me contou essa história, eu lembro disso…
CÉSAR ROMERO: Dessa menina. Agora ela foi chamada de novo nessa Força Tarefa do Rio de Janeiro pra prestar mais uns depoimentos sobre aquele Vinícius Claret que é um dos doleiros… eu acompanhei ela nesse depoimento, de forma que o que eu tenho visto, não é minha especialidade, eu conheço o cara de Curitiba que é o bambam-bam disso e eu vou conversar com ele, até liguei pra ele… eu acho que uma delação tem que jogar a m**** toda no ventilador, porque se você ficar selecionando como o Júnior me disse, que você ia…
SÉRGIO CÔRTES: Não, não. Você vai dizer, você vai falar sobre isso?
CÉSAR ROMERO: Não. Mas você não acha que os caras não vão perguntar?
SÉRGIO CÔRTES: Não vão. Como, César?! César, me explica como é que eles vão saber quais são os processos que o Miguel participou se ele não tava… acho que a gente tinha que pegar os processos sobre os caras que “participou”...
CÉSAR ROMERO: Ele nunca participou na secretaria…
SÉRGIO CÔRTES: Então. Por isso que tô entregando o Miguel [MIGUEL ISKIN] na UPA, não sei o que, parara parara… mas como é que foi feito?…foi feito assim, assim, assado.”
Desvios na Saúde
A operação também apura desvios na secretaria estadual de Saúde, com o pagamento de propina para o esquema criminoso comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral. O esquema também envolveria pregões internacionais, com cobrança de propina de 10% nos contratos, nacionais e internacionais.
Desse percentual, 5% caberia ao ex-governador Sérgio Cabral, 2% ao Sérgio Côrtes, 1% para o delator Cesar Romero, 1% para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e 1% para sustentar o esquema. Ainda segundo a investigação, Iskin pagava uma mesada de R$ 450 mil para a organizacao criminosa do ex-governador. Os presos serão indiciados por corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa
As prisões foram pedidas a partir da delação premiada de César Romero, que trabalhou com o ex-diretor do Into, ex-secretário executivo de Côrtes na Saúde, e foi o resposável por entregar todo o esquema. Na delação homologada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, Romero diz que o desvio é de cerca de R$ 37 milhões.
Outro delator dessa fase é Vivaldo Filho, funcionário de Renato Chebar, que era operador do mercado financeiro que atuava em nome de Sérgio Cabral para enviar valores ao exterior. Ele disse que ia com o Carlos Miranda (ex-assessor de Cabral) pegar e receber propina do esquema de Cabral no endereço da Oscar Iskin.

Por Gabriel Barreira, G1 Rio
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