Sérgio
Cabral e Sérgio Côrtes aparecem em foto que ficou
conhecida
como 'farra do guardanapo'
(Foto:
Reprodução / TV Globo)
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Ex-secretário de Saúde já
esperava ser preso, e por isso retirou obras de arte de casa e pré-agendou uma
cirurgia de coluna, segundo delator Cesar Romero.
A Saúde do Rio enfrentava sérias
dificuldades em janeiro de 2007, quando Sérgio Cabral assumiu o Governo do
Estado e convidou Sérgio Côrtes para a pasta. Mas, segundo a denúncia do
Ministério Público Federal a ação que conseguiu a prisão de Côrtes e também dos
empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita, Côrtes estava otimista.
Em um jantar ainda naquele
primeiro mês de governo, disse ao interlocutor que "financeiramente"
o trabalho deles compensaria — segundo consta na denúncia. Questionado por que,
respondeu que já havia combinado com Cabral de receber 10% de vantagens
indevidas de todas empresas contratadas pela Secretaria de Saúde.
Dividia a mesa com ele naquela
ocasião Cesar Romero, ex-assessor jurídico do Instituto Nacional de
Traumatologia e Ortopedia (Into) e ex-subsecretário de Saúde, que se tornaria
delator do esquema.
"Sustenta [o MPF] que
diversos crimes foram praticados no âmbito da Secretaria de Saúde desde o
momento que o ex-governador Sérgio Cabral assumiu o Governo do Estado do Rio em
01.01.2017 e nomeou Sérgio Côrtes como seu Secretário de Saúde", diz
trecho da decisão da 7ª Vara Federal Criminal, assinada pelo juiz Marcelo
Bretas.
A operação, que é mais um
desdobramento da Lava Jato no Rio, foi batizada de "Fatura Exposta" e
investiga fraudes em licitações para o fornecimento de próteses para o Into.
O delator revela ainda que os
valores seriam divididos da seguinte maneira: 5% para Cabral, 2% para Côrtes,
1% para Romero, 1% para o Tribunal de Contas do Estado e 1% para o esquema. As
propinas eram pagas em contas em bancos dos Estados Unidos, para ocultar o real
proprietário.
Ex-secretário de Saúde, Sérgio
Côrtes está a caminho da sede da Polícia Federal
Côrtes esperava ser preso, diz
delator
O MPF sustenta ainda que Côrtes
tentou "embaraçar as investigações" e chegou a ir ao escritório de
Romero para combinar os temas que seriam incluídos no acordo de delação
premiada. A conversa foi gravada.
Nela, percebe-se que Côrtes já
esperava ser preso. Relata Romero: "Tendo inclusive retirado obras de arte
e objetos de valor de sua residência, bem como teria cirurgia de coluna
pré-agendada para, acaso fosse decretada a sua prisão, ter munição para
requerer uma liberdade provisória a fim de realizar o tratamento".
O desvio de verbas de Côrtes e
Cabral é criticado na decisão do magistrado, que cita "calamidade" e
"flagelo" na saúde pública fluminense.
Por Gabriel Barreira, G1 Rio
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