Jovens fumam
maconha em praça de Montevidéu,
no Uruguai,
em 2013 (Cristiano Mariz / VEJA)
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Estrangeiros não podem comprar a
droga pela lei, mas já existe um mercado cinza
Desde 1974, o consumo de drogas no
Uruguai em lugares públicos é permitido por lei. Naquele ano, quando o país
ainda vivia uma ditadura, um decreto-lei instituiu penas para todos os que
produzissem, importassem ou vendessem drogas, mas eximiu de qualquer punição
aqueles que fossem pegos com uma quantidade pequena para
consumo pessoal.
Ainda assim, poucas pessoas
falavam do país como um lugar atraente para fazer uma viagem mais animada
naquela época. O interesse só foi despertado quando, em 2013, sob o
governo do ex-presidente José Mujica, o governo regularizou a maconha.
Atualmente, existem 38 clubes em
que várias pessoas se unem para plantar a maconha e compartilhar a produção. Um
total de 6235 cidadãos uruguaios estão autorizados a ter até seis mudas no
quintal de suas casas. Na primeira quinzena de julho de 2017, farmácias
começarão a vender o produto para consumidores previamente cadastrados. Cada
grama custará 1,30 dólares.
A maconha estatal que deverá ser
vendida nas drogarias, contudo, não tem gerado muita empolgação. Para não
estimular o consumo, o governo selecionou plantas que tinham uma
quantidade baixa de THC, o tetra-hidrocanabinol, a substância que
proporciona o barato. O projeto governamental também não permite que
estrangeiros comprem a droga. Está vetado o turismo alucinógeno.
Para um brasileiro, o jeito
é conhecer um membro de um clube ou alguém que cultiva em casa. “Essas pessoas
já produzem drogas muito poderosas, com alto teor de THC e feitas apenas com as
flores da planta”, diz o jornalista uruguaio Guillermo Draper, do semanário Búsqueda, que está escrevendo um livro
sobre o assunto.
Muitas dessas pessoas começaram a
vender a maconha com mais THC para interessados, o que é proibido pela lei. “As
autoridades chamam isso de mercado cinza por ser diferente do
mercado negro do crime organizado, mas é ilegal do mesmo jeito“, diz
Draper.
Outro fenômeno recente no
Uruguai é que a cobiça pelas flores com mais THC suscitou o roubo de
flores pouco antes da colheita. Como essa parte da planta é chamada de cogollo,
seus ladrões foram batizados de cogolleros.
Veja.com
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