Em setembro, a Polícia Federal também divulgou relatório de conclusão do seu inquérito que apontava que Lula era o “Amigo” que aparecia na lista |
Ex-presidente da construtora diz
em depoimento a Moro que ‘Italiano’ e ‘Pós-Itália’ são, respectivamente,
Antonio Palocci e Guido Mantega; acusados negam
Marcelo
Odebrecht, ex-presidente da construtora, confirmou nesta segunda-feira
em depoimento ao juiz Sergio Moro que
o apelido “Amigo” citado nas planilhas em que a
empreiteira registra doações a políticos é o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. O depoimento é o primeiro dado pelo
empresário na condição de delator a Moro, mas ele já havia confirmado em
dezembro do ano passado, ao falar à força-tarefa da Operação
Lava Jato, que Lula havia recebido dinheiro da Odebrecht.
Em setembro, a Polícia Federal
também divulgou relatório
de conclusão do seu inquérito que apontava que Lula era o “Amigo”
que aparecia na lista – o apelido, às vezes, aparecia com variações como “Amigo
do meu pai” e “Amigo de EO”, ambos em referência a Emilio Odebrecht,
pai de de Marcelo, que reassumiu a presidência da companhia após a prisão do
filho.
Segundo a PF, o ex-presidente
teria recebido 8 milhões de reais de uma “conta-corrente” da propina,
como classificou a corporação, pagos entre o fim de 2012 e ao longo de 2013.
Segundo o Jornal Nacional, da TV Globo, o valor citado nesta
segunda-feira a Moro é de 13 milhões de reais. Parte do valor teria
sido usada para comprar um terreno para abrigar a sede do Instituto Lula.
O ex-ministro Antonio
Palocci, de acordo com Marcelo, seria o responsável pelos repasses do
dinheiro. Ainda segundo o Jornal Nacional, no depoimento de hoje, Marcelo
confirmou que “Italiano” era o apelido de Palocci na planilha e que outro
ministro dos governos petistas, Guido Mantega,
era o “Pós-Itália”.
No depoimento, Marcelo confirmou
tudo o
que já havia dito à força-tarefa da Lava Jato e ao Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), durante as audiências do processo que
analisa a cassação da chapa formada por Dilma Rousseff
(PT) e Michel Temer
(PMDB).
O depoimento de Marcelo deveria
ter sido sigiloso, mas parte do conteúdo foi vazado para a internet ainda com o
interrogatório em andamento, o que gerou reclamação de Moro. Na sala, havia 26
advogados, além do juiz e representantes da Polícia Federal, do Ministério
Público e do Judiciário.
Defesa
Em nota, o Instituto Lula negou as
irregularidades e disse que a sede da entidade “funciona em uma casa
adquirida em 1991 pelo antigo Ipet, que depois seria Instituto Cidadania e
depois Instituto Lula. O instituto jamais teve outra sede ou terreno”, diz.
“O ex-presidente Lula teve seus
sigilos fiscais e telefônicos quebrados, sua residência e de seus familiares
sofreram busca e apreensão há mais de um ano, mais de 100 testemunhas foram
ouvidas em processos e não foi encontrado nenhum recurso indevido para o
ex-presidente”, continua a nota do instituto, que diz ainda que “Lula jamais
solicitou qualquer recurso indevido para a Odebrecht ou qualquer outra empresa
para qualquer fim e isso será provado na Justiça”.
Ainda na nota, o instituto afirma
que “Lula não tem nenhuma relação com qualquer planilha na qual outros possam
se referir a ele como “amigo”, que nem essa planilha nem esse apelido são de
sua autoria ou do seu conhecimento, por isso não lhe cabe comentar depoimento
sob sigilo de Justiça vazado seletivamente e de forma ilegal”.
Os ex-ministros Mantega e Palocci
também negam a acusação. Palocci está preso em Curitiba.
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