Michel Temer
na cerimônia de Posse do Conselho de Administração
da Amcham - 20/03/2017 (Beto
Barata/PR/Divulgação)
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Programa partidário do PMDB será
exibido nesta quinta-feira com indiretas ao PT e sem exibir declaração de
Michel Temer
O programa nacional do PMDB traz
críticas indiretas ao PT e nenhuma fala do presidente da República, Michel
Temer. As investigações sobre corrupção em curso no Brasil
também passam ao largo da propaganda. O programa partidário será
exibido nesta quinta-feira no rádio e na TV, às vésperas de o
Tribunal Superior Eleitoral dar início ao julgamento que pode cassar o mandato
de Temer – caso a chapa com a ex-presidente Dilma Rousseff seja
condenada por abuso de poder econômico, em decorrência de doações irregulares
de empreiteiras, descobertas na Operação Lava-Jato.
Temer aparece apenas em tomadas
internas gravadas no ambiente controlado da Presidência, no início e no fim do
programa, sem nunca encarar a câmera. Ambientando no Palácio do
Planalto, o programa abusa de tons de claros, explora a claridade e
movimentos de câmera, com imagens captadas por um drone. Daí vem a primeira
indireta ao governo petista. “O Palácio do Planalto não foi concebido para os
que querem nele se entrincheirar e se manter, a qualquer custo, no poder. Não.
O palácio não é endereço fixo de ninguém”, afirma a apresentadora do partido.
Em seus últimos dias no palácio, Dilma deu palanque oficial para manifestações
de militantes encobertas de cerimônias – em uma delas petistas e aliados de
movimentos sociais decidiram ocupar o salão principal, pendurando bandeiras e
cartazes nas janelas.
Segundo o publicitário Elsinho
Mouco, diretor do programa, Temer optou por não gravar porque os
depoimentos falam do trabalho dele. Desde a mobilização favorável ao
impeachment, as aparições de políticos no horário da propaganda partidária
têm sido marcadas por panelaços e manifestações de repúdio. Ao evitar o contato
direto com a câmera, Temer, que admite a própria impopularidade, pode vir a
evitar esse constrangimento.
As medidas do governo Temer são
anunciadas em tom de comemoração por parlamentares do PMDB que se revezam no
plano – todas mulheres, a fim de vacinar o governo contra a crítica da
ausência delas no primeiro escalão ministerial e depois da controversa fala do
presidente sobre a participação feminina na economia, por ocasião do Dia
Internacional da Mulher.
Um dos principais temas é a
Reforma da Previdência, que desafia a base do governo, apontada “não como uma
imposição”, mas como uma “necessidade”. Também são citados o ajuste fiscal, a
concessão de aeroportos e a liberação para saque do FGTS. Na economia, outra
contraposição à era PT. A mudança de perfil no BNDES, comandado por Maria
Silvia Bastos Marques, para dar prioridade a investimentos “dentro do país” e a
ceder financiamentos a pequenas e médias empresas.
O programa exibe os senadores
Eunício Oliveira (CE), presidente do Senado, e Romero Jucá (RR), líder do
governo, ambos envolvidos na Operação Lava-Jato e citados na delação da
Odebrecht, prestes a vir a público no Supremo Tribunal Federal. O combate
à corrupção, aliás, ficou de fora do filme. Outra parlamentar que aparece é a
deputada Soraya Santos (RJ), suspeita de ajudar o ex-deputado Eduardo Cunha
(RJ) a pressionar empresários com requerimentos encomendados na Câmara.
O mote explorado pelo PMDB é “o
presidente certo, na hora certa”. O marqueteiro avalia que o governo “não tem
mais que se justificar, não precisa mais explicar como e a que veio”. “Este
homem está definitivamente sentado à cadeira de Presidente da República, para o
bem do país. Não há nada que o assombre”, diz Mouco. Apesar do otimismo, a
agenda do Judiciário, sobretudo do TSE e do STF, mostra que não é bem assim.
Por Felipe Frazão
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