Duda
Mendonça: marqueteiro revela financiamento clandestino
nas campanhas do Chile da Colômbia
(Victor
Moriyama/Folhapress)
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No Chile, o governo de Bachelet
veio a público prestar esclarecimentos. Na Colômbia, Óscar Zuluaga deu uma
coletiva de imprensa. No Brasil, silêncio
As revelações dos marqueteiros
Duda Mendonça e João Santana, publicadas por VEJA
em sua última edição, ganharam destaque no noticiário da Colômbia e do
Chile. Em proposta de delação premiada feita à Procuradoria-Geral da República,
os dois publicitários se colocaram à disposição dos investigadores da Operação
Lava-Jato para revelar detalhes de como as construtoras OAS e Odebrecht
financiaram clandestinamente as campanhas presidenciais no Brasil e no
exterior.
Na Colômbia, a rede de televisão Caracol,
a revista A
Semana e o jornal El
Tiempo, entre outros veículos, destacaram as revelações de Duda
Mendonça. De acordo com a proposta de delação do marqueteiro, a Odebrecht
bancou as despesas da campanha presidencial de Óscar Zuluaga, candidato do
ex-presidente Álvaro Uribe em 2014. A reportagem de VEJA conflagrou um debate
no país. Colocado sob suspeita, Zuluaga marcou uma entrevista coletiva para
esclarecer que, embora tenha contratado Duda Mendonça e se reunido com um
representante da Odebrecht em São Paulo, não teve conhecimento de qualquer
pagamento extraoficial feito pela empreiteira brasileira.
Num capítulo dedicado à campanha
de Zuluaga na Colômbia, Duda conta que, em meados de 2014, fez uma proposta de
4,3 milhões de dólares para fechar contrato com o então candidato a presidente.
Mas o orçamento foi considerado elevado pelo comitê de Zuluaga. A
Odebrecht, então, se ofereceu para bancar boa parte das despesas dos serviços
prestados pelo marqueteiro por meio de caixa dois. Diante da revelação do
publicitário, o ex-presidente colombiano Álvaro
Uribe se manifestou publicamente, dizendo que Duda deve se
explicar sobre os gastos não declarados oficialmente. Nesta quinta-feira, Uribe
ainda enviou um pedido de
investigação ao Conselho Nacional de Disciplina e Transparência.
No Chile, as revelações de Duda
Mendonça, segundo as quais a construtora OAS financiou as campanhas
presidenciais tanto de de Michelle Bachelet como de Enríquez-Ominami em 2013,
repercutiram nos principais veículos do país como CNN, Canal
9 Bio-bio Televisión, Tele13, La
Nacion, La
Tercera, El
Libero, entre outros. Após VEJA trazer à tona detalhes da proposta de
delação do marqueteiro, parlamentares chilenos disseram que irão solicitar a
ampliação das investigações relacionadas à campanha de Ominami para a de
Bachelet. “Queremos pedir que a investigação se estenda à presidente da
República”, disse Paulina Núñes, do partido RN (Renovação Nacional).
Mais tarde, em entrevista à Radio
Cooperativa, o procurador-geral do Chile, Jorge Abbott, polemizou ao
dizer que, caso seja comprovado, o crime eleitoral já estaria prescrito. “É
preciso analisar exatamente de que forma teria ocorrido algum financiamento,
porque pode ser uma infração à lei eleitoral, que tem um prazo de prescrição de
um ano, que já transcorreu”. “Mas pode eventualmente haver infrações de caráter
tributário”, complementou.
Em seu site, VEJA
ainda revelou que Duda Mendonça não é o único a mencionar Bachelet
em sua proposta de delação. O ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, também
reservou um capítulo de colaboração para contar detalhes dos bastidores das
campanhas no Chile. “As revelações de Léo Pinheiro não ficam bem para a
Bachelet”, disse um dos investigadores da Lava-Jato.
No final da tarde da última quarta-feira, a porta-voz do governo chileno negou, numa coletiva de imprensa, as acusações feitas por Duda Mendonça relacionando a OAS ao financiamento de campanha de Bachelet. “Já houve uma tentativa no passado de vincular a campanha da Presidente Bachelet com essa empresa. Tal como naquela oportunidade, descartamos decididamente qualquer vínculo entre a campanha e a empresa, taxativamente”, disse Paula Narváez.
No final da tarde da última quarta-feira, a porta-voz do governo chileno negou, numa coletiva de imprensa, as acusações feitas por Duda Mendonça relacionando a OAS ao financiamento de campanha de Bachelet. “Já houve uma tentativa no passado de vincular a campanha da Presidente Bachelet com essa empresa. Tal como naquela oportunidade, descartamos decididamente qualquer vínculo entre a campanha e a empresa, taxativamente”, disse Paula Narváez.
No Brasil, mesmo após vir à tona
as revelações de Duda Mendonça e João Santana, responsáveis pelas campanhas de
Lula e Dilma Rousseff, não houve qualquer manifestação dos ex-presidentes
petistas. Dilma, que é acusada por Santana de ter vazado informações sigilosas
da Lava-Jato, preferiu não se manifestar. De acordo com a proposta de delação do
publicitário, que coordenou a eleição e reeleição de Dilma, a ex-presidente o
avisou que ele e sua mulher, Mônica Moura, seriam presos pela Polícia Federal
em Curitiba. Santana, condenado pelo juiz Sergio Moro nesta quinta-feira a oito
anos e quatro meses de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro, também
confirma que a campanha da petista foi financiada com caixa dois da Odebrecht.
Veja.com
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