O presidente
da Colômbia Juan Manuel Santos em imagem
de arquivo (Foto: REUTERS/Ruben Sprich)
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O Ministério Público da Colômbia
informou nesta terça-feira (7) que parte de uma propina que a empreiteira
Odebrecht pagou a um ex-senador colombiano "teria sido" destinada à
campanha de reeleição do presidente Juan Manuel Santos em 2014.
O ex-congressista Otto Bula,
acusado de favorecer a Odebrecht na adição do contrato de uma obra pública,
"realizou durante o ano de 2014 duas remessas para a Colômbia (...) na
soma total de um milhão de dólares, cujo beneficiário final teria sido a
gerência da campanha 'Santos Presidente - 2014'", disse o
procurador-geral, Néstor Humberto Martínez, em coletiva de imprensa.
Segundo a acusação, o
ex-congressista foi contratado pela empreiteira brasileira para favorecer a
adição do contrato da Rola do Sol setor 2, um trecho viário de mais de 500 km
que liga o centro do país ao Caribe, cuja execução começou no mandato de Álvaro
Uribe (2002-2010).
Bula foi suplente entre 1998-2002
e 2002-2006 de Mario Uribe, primo do ex-presidente Uribe e preso por vínculos
como paramilitares.
Do milhão de dólares que
supostamente foi enviado para a campanha de Santos, eleito em 2010 para um
mandato de quatro anos e reeleito em 2014, "teria sido descontada uma
comissão de 10% em favor de terceiros já identificados pelo Ministério
Público", acrescentou Martínez.
A Odebrecht carrega uma dívida
cada vez maior desde que seu envolvimento nos crimes apurados na operação Lava
Jato veio à tona. Em dezembro, o grupo brasileiro reconheceu a prática de
suborno na América Latina. Na Colômbia, a empresa admitiu ter pago mais de US$
11 milhões em propina entre 2009 e 2014.
O ex-senador Otto Bula foi detido
no dia 14 de janeiro pela suspeita de receber propina da Odebrecht, a segunda a
acontecer na Colômbia por corrupção em contratos com a empreiteira brasileira.
O ex-vice-ministro de Transporte Gabriel García Morales, que exerceu o cargo
durante o governo do ex-presidente Álvaro Uribe, foi detido dois dias antes.
Morales é suspeito de facilitar o
acesso da empreiteira brasileira à construção do setor 2 da Estrada do Sol, um
trajeto de mais de 500 km que liga o centro do país à Costa do Atlântico e ao
Caribe. O contrato foi firmado em janeiro de 2010, durante o governo Uribe, e
segue em execução.
Partido de Uribe investigado
A Justiça também anunciou nesta
terça-feira que investiga o pedido do Centro Democrático, o partido chefiado
por Uribe, sobre o financiamento da campanha de seu candidato nas eleições
presidenciais de 2014, Óscar Iván Zuluaga.
Zuluaga, derrotado por Santos nas
eleições, é apontado por ter recebido aportes econômicos da empreiteira para a
sua campanha.
Odebrecht teve três convênios com
o Estado colombiano, informou o governo em dezembro.
O primeiro deles foi em 2009 para
a Rota do Sol setor 2, razão pela qual o ex-vice-ministro dos Transportes,
Gabriel García, se disse culpado de receber 6,5 milhões de dólares para
garantir que a Odebrecht fosse a empresa habilitada.
Além disso, houve outros dois
projetos, ambos no governo Santos: a estrada Puerto Boyacá - Chiquinquirá
(centro), adjudicada em abril de 2012, e outro para dar navegabilidade ao rio
Magdalena, o afluente mais importante do país, licitado em agosto de 2014.
Propina em 12 países
Em acordo de leniência firmado com
o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, derivado das investigações da Lava
Jato, a Odebrecht admitiu ter pago em propina US$ 788 milhões entre 2001 e 2016
e a Braskem, US$ 250 milhões entre 2006 e 2014, a funcionários do governo,
representantes desses funcionários e partidos políticos do Brasil e de outros
11 países. Para o órgão dos EUA, é o "maior caso de suborno internacional
na história".
A construtora brasileira pagou
propina para garantir contratos em mais de 100 projetos em Angola, Argentina,
Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique,
Panamá, Peru e Venezuela, segundo o Departamento de Justiça dos EUA.
Por France Presse
Por France Presse
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