Além de
advogado, Fonseca é escritor e foi conselheiro
do governo do ex-presidente do Panamá Juan
Carlos Varela
(Foto: AFP)
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Ramón Fonseca Mora, que também
é sócio do escritório Mossack Fonseca, fez declaração ao entrar na Procuradoria
para prestar esclarecimentos sobre suposto envolvimento na Lava Jato.
O presidente do Panamá, Juan
Carlos Varela, recebeu "doações" da Odebrecht, assegurou nesta
quinta-feira (9) Ramón Fonseca Mora, ex-ministro conselheiro e sócio do
escritório Mossack Fonseca, epicentro do escândalo conhecido como Panama
Papers.
"Que caia um raio em mim, se
isso for mentira. (Varela) me disse que tinha aceitado doações da Odebrecht
porque não podia brigar com todo mundo", declarou Fonseca Mora a
jornalistas antes de entrar nesta quinta no prédio da procuradoria panamenha,
onde é requerido por seu suposto envolvimento nos casos investigados pela Lava
Jato no Brasil.
"Estão procurando um bode
expiatório, alguém que desvie a atenção. Queria pedir à senhora procuradora
[Kenia Porcell], que talvez a enganaram como a mim, que por favor, de verdade,
investigue a Odebrecht no Panamá", disse.
Ao ser novamente questionado sobre
as supostas "doações" da construtora brasileira ao presidente do
Panamá, Fonseca Mora respondeu: "isso (Varela) me disse".
Visivelmente exaltado, Fonseca Mora explicou a jornalistas que decidiu
"falar" agora porque a pretensão do Ministerio Público panamenho de
envolver seu escritório no caso Odebrecht "é o cúmulo" após mais de
um ano do que chamou se "assédio" judicial.
"A Mossack Fonseca não tem
qualquer relação nem com a Odebrecht, nem com nenhuma outra companhia da Lava
Jato", disse o advogado, que reconheceu que "algumas empresas"
anônimas constituídas por seu escritório "foram vendidas a advogados ou a
bancos que tiveram relação com algumas das pessoas envolvidas" no maior
caso de corrupção na história do Brasil.
De acordo com a agência Efe, o
secretário de Comunicação da presidência do Panamá, Manuel Domínguez, não quis
dar uma resposta imediata e afirmou que nas próximas horas haverá um
posicionamento oficial do governo.
Fonseca Mora foi ministro
conselheiro de Varela e presidente do governista Partido Panamenhista até março
de 2016, quando pediu uma "licença" para se defender das acusações
derivadas do vazamento de documentos do escritório que fundou há mais de quatro
décadas com Jürgen Mossack e que apontam a criação de milhares offshores em
todo o mundo.
Suborno na América Latina
A Odebrecht carrega uma dívida
cada vez maior desde que seu envolvimento nos crimes apurados na operação Lava
Jato veio à tona. Em dezembro, o grupo brasileiro reconheceu a prática de
suborno na América Latina.
A Odebrecht admitiu o pagamento de
US$ 29 milhões a funcionários peruanos em troca de contratos para obras no país
entre os anos de 2005 e 2014, segundo documentos do Departamento de Justiça dos
Estados Unidos (DoJ).
No período, a construtora
participou de mais de 40 projetos no Peru, que envolveram cerca de US$ 12
bilhões em gastos públicos durante os governos de presidentes: Alejandro
Toledo, Alan García e Ollanta Humala.
No relatório de administração da
Odebrecht de 2016-2016, a empresa cita entre seus principais negócios obras dos
projetos de Irrigação Olmos e Chavimochic, da Central Hidrelétrica Chaglla, da
Vía de Evitamiento de Cusco e do Porto Matarani. A empresa também administra
concessões de rodovias no Peru.
Depois dos brasileiros, os
peruanos compõem a maior parte do quadro de trabalhadores da empresa. Dos 128
mil funcionários da empresa no grupo, cerca de 10 mil são peruanos.
Propina em 12 países
Em acordo de leniência firmado com
o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, derivado das investigações da
Lava Jato, a Odebrecht admitiu ter pago em propina US$ 788 milhões entre 2001 e
2016 e a Braskem, US$ 250 milhões entre 2006 e 2014, a funcionários do governo,
representantes desses funcionários e partidos políticos do Brasil e de outros
11 países. Para o órgão dos EUA, é o "maior caso de suborno internacional
na história".
A construtora brasileira pagou
propina para garantir contratos em mais de 100 projetos em Angola, Argentina,
Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique,
Panamá, Peru e Venezuela, segundo o Departamento de Justiça dos EUA.
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