No Peru,
Ministério Público pediu a prisão preventiva
de Alejandro
Toledo (Foto: Karel Navarro/AP)
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Alejandro Toledo, que governou
o país entre 2001 e 2006, é suspeito de receber US$ 20 milhões em propina da
construtora brasileira Odebrecht.
Um juiz peruano expediu nesta
quinta-feira (9) ordem de prisão, nacional e internacional, do ex-presidente
Alejandro Toledo, que governou o país entre 2001 e 2006, por suspeita de
envolvimento em cobrança de propina de US$ 20 milhões da construtora brasileira
Odebrecht.
O juiz Richard Concepción, titular
do Primeiro Juizado de Investigação da Sala Penal Nacional, acolheu o pedido de
prisão
preventiva solicitado pelo promotor Hamilton Castro, que imputa ao
ex-presidente os crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
Toledo está fora do Peru. Ele tem
residência na Califórnia, Estados Unidos, onde trabalha na Universidade de
Stanford. Aparentemente, esteve no último final de semana em Paris, França.
A promotoria pediu, na terça (7),
a um tribunal a prisão por 18 meses do ex-presidente Toledo, acusado de receber
subornos milionários da Odebrecht.
Toledo responde como cidadão
comum, pois sua imunidade parlamentar como ex-presidente venceu cinco anos após
ter deixado o cargo.
Apoiada em um testemunho do
ex-gerente da Odebrecht no Peru, Jorge Barata, sua empresa pagou US$ 20 milhões
como propina ao governo de Toledo para realizar a construção da estrada
interoceânica que liga o Peru ao Brasil.
Nos documentos do Ministério
Público divulgados pela imprensa peruana, Barata conta que o intermediário foi
o então chefe de segurança de Toledo, o israelense Avraham Dan On.
Ele assegura que o dinheiro foi
depositado nas contas do empresário peruano-israelense Josef Maiman, amigo do
ex-presidente e que chegou a ser citado na lista da revista Forbes.
Suborno na América Latina
A Odebrecht carrega uma dívida
cada vez maior desde que seu envolvimento nos crimes apurados na operação Lava
Jato veio à tona. Em dezembro, o grupo
brasileiro reconheceu a prática de suborno na América Latina.
A Odebrecht admitiu o pagamento de
US$ 29 milhões a funcionários peruanos em troca de contratos para obras no país
entre os anos de 2005 e 2014, segundo documentos do Departamento de Justiça dos
Estados Unidos (DoJ).
No período, a construtora
participou de mais de 40 projetos no Peru, que envolveram cerca de US$ 12
bilhões em gastos públicos durante os governos de presidentes Alejandro Toledo,
Alan García e Ollanta Humala.
No relatório de administração da
Odebrecht de 2016-2016, a empresa cita entre seus principais negócios obras dos
projetos de Irrigação Olmos e Chavimochic, da Central Hidrelétrica Chaglla, da
Vía de Evitamiento de Cusco e do Porto Matarani. A empresa também administra
concessões de rodovias no Peru.
Depois dos brasileiros, os
peruanos compõem a maior parte do quadro de trabalhadores da empresa. Dos 128
mil funcionários da empresa no grupo, cerca de 10 mil são peruanos.
Propina em 12 países
Em acordo de leniência firmado com
o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, derivado das investigações da
Lava Jato, a Odebrecht admitiu ter pago em propina US$ 788 milhões entre 2001 e
2016 e a Braskem, US$ 250 milhões entre 2006 e 2014, a funcionários do governo,
representantes desses funcionários e partidos políticos do Brasil e de outros
11 países. Para o órgão dos EUA, é o "maior caso de suborno internacional
na história".
A construtora brasileira pagou
propina para garantir contratos em mais de 100 projetos em Angola, Argentina,
Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique,
Panamá, Peru e Venezuela, segundo o Departamento de Justiça dos EUA. Na
Colômbia, a empresa admitiu ter pago mais de US$ 11 milhões em propina entre
2009 e 2014.
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