Soldados
chineses durante uma cerimônia
(Peter Parks/AFP)
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Se forem colocadas em prática
"no mundo real" as ideias do futuro secretário de Estado
"abririam o caminho para um devastador confronto entre China e EUA"
O jornal estatal Global
Times, ligado ao Partido Comunista da China (PCCh), publicou nesta
sexta-feira um editorial crítico advertindo que se a diplomacia da equipe do
presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, prosseguir com seus
desafios, ambas as partes “deveriam pensar em se preparar para um enfrentamento
militar”.
“Como Trump ainda tem que tomar
posse, a China mostrou contenção cada vez que os membros de sua equipe
expressaram pontos de vista radicais, mas os EUA não deveriam pensar que Pequim
tem medo de suas ameaças”, afirmou a publicação que a voz oficial da China. O
artigo responde principalmente às alusões que o secretário de Estado designado
por Trump, Rex Tillerson, fez durante seu comparecimento ao Senado na
quarta-feira, onde deu a entender que Washington não permitiria que a China
tivesse acesso às ilhas do Mar da China Meridional, cuja soberania, total ou em
parte, é reivindicada por vários países vizinhos.
“A menos que Washington planeje
lançar uma guerra em grande escala no Mar da China Meridional, qualquer outro
método para evitar o acesso chinês a essas ilhas será estúpido”, garantiu o Global
Times, que é conhecido por seus pontos de vista belicistas e
nacionalistas. O jornal lançou inclusive a hipótese de um conflito
atômico, ao assinalar que “Tillerson faria bem em se atualizar sobre
estratégias nucleares se quer que uma potência nuclear (em referência à China)
se retire de seus próprios territórios”.
A China disputa com outros países
da região, como as Filipinas e o Vietnã, a soberania de arquipélagos no Mar da
China Meridional como as ilhas Spratly e as Paracel, mas esse contencioso
esfriou com a chegada de Rodrigo Duterte à presidência filipina, já que o mesmo
defende mais diálogo com Pequim e o afastamento de suas relações com
Washington. “Justo no momento em que as Filipinas e o Vietnã tentam melhorar
suas relações com a China, as palavras de Tillerson não poderiam ser mais
irritantes”, opinou o “Global Times”, que, ao longo do ano passado, já publicou
vários artigos com críticas a Trump.
Em seu comparecimento no Senado,
Tillerson comparou as ações da China nas ilhas disputadas com a anexação russa
da Crimeia, e assegurou que o novo governo de Trump, que assumirá a presidência
em 20 de janeiro, enviará a Pequim um sinal claro de que deve interromper sua
ampliação artificial das ilhotas na região que controla.
No editorial, o Global
Times afirmou que as palavras de Tillerson, “as mais radicais até agora”
que os EUA emitiram na questão do Mar da China Meridional, poderiam ter sido
apenas um gesto teatral, para que ele se mostrasse como um político firme em
relação a Pequim. Outro jornal oficial, o China Daily, também se
mostrou condescendente, assinalando que “é melhor não levar a sério as
declarações de Tillerson porque são uma mistura de inocência, falta de visão,
preconceitos e fantasias políticas não realistas”.
Se forem colocadas em prática “no
mundo real” as ideias do futuro secretário de Estado, acrescentou o China
Daily, “abririam o caminho para um devastador confronto entre China e
Estados Unidos”.
(Com agência EFE)
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