Corpos são
retirados neste domingo (15) da Penitenciária Federal
de Alcaçuz,
na região metropolitana de Natal (RN). A rebelião durou
cerca de 14h
e teve pelo menos 27 mortos.
(ANDRESSA
ANHOLETE/AFP)
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Motim foi controlado no início da
manhã deste domingo, 15, por policiais militares e agentes penitenciários.
Corpos foram levados para identificação
Ao menos 26 detentos
morreram na rebelião
da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana
de Natal, considerado o motim mais violento da história do Rio
Grande do Norte. O número de mortos foi confirmado pelo secretário de
Segurança e Defesa Social do RN, Caio César Bezerra, no início da noite deste
domingo. Segundo as informações da secretaria, 24 detentos foram decapitados e
dois, carbonizados. A rebelião, que teve início no sábado, foi controlada no
início da manhã deste domingo por policiais militares e agentes penitenciários.
Mais cedo, o governo do estado
havia divulgado o número de 27 presos mortos, mas, depois, afirmou que um deles
havia sido contado duas vezes – alguns detentos foram esquartejados e
outros carbonizados, dificultando o levantamento dos peritos. Os corpos foram
recolhidos em um caminhão frigorífico alugado e levados ao Instituto
Técnico-Científico de Polícia (Itep) do Rio do Grande do Norte para que seja
feita a identificação, que deve começar na segunda-feira com o apoio de
legistas do Ceará e da Paraíba, que vão ajudar no trabalho. O caminhão passará
a noite no quartel da Polícia Militar, por questões de segurança.
Em entrevista coletiva na noite
deste domingo, o secretário de Justiça, Walber Virgolino Ferreira da Silva
afirmou que na segunda-feira haverá nova busca por corpos no presídio – há boatos
de que haveria mais detentos mortos nas fossas do local, informação que o
secretário não acredita que se confirme. Pelo menos seis homens, pertencentes à
facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), foram
identificados como os responsáveis pela rebelião que destruiu parcialmente a
Penitenciária Estadual de Alcaçuz e o Pavilhão Rogério Coutinho Madruga. De
acordo com Virgolino, os líderes identificados estão isolados e devem ser
transferidos para outras unidades do estado. Segundo a secretaria, o governo
deve pedir a transferência dos líderes para presídios federais com a meta de
enfraquecer possíveis reações dos detentos e separar duas facções, Sindicato do
Crime e PCC.
Durante a entrevista,
Bezerra afirmou que haverá reforço nas guaritas e nos arredores do
presídio durante a noite com o objetivo de evitar fugas. Na segunda-feira, uma
nova revista na unidade será feita, para buscar armas. Após a rebelião foram
foram encontradas armas de fogo artesanais, afirmou o secretário.
A mais violenta rebelião do RN
A rebelião – resultante de uma
briga entre integrantes de facções criminosas rivais que cumprem pena na
unidade – aconteceu no pavilhão 4 da penitenciária, quando detentos do pavilhão
5, que são mantidos separados, escaparam e deram início ao confronto. Na
coletiva de imprensa realizada no final da manhã, Virgolino declarou que a
rebelião foi a maior já registrada no complexo prisional, fundado no final da
década de 1990. “É a maior rebelião em número de mortos, mas não iremos superar
Roraima”, afirmou o secretário.
Desde março de 2015, o sistema
prisional potiguar enfrenta uma séria crise estrutural. A população carcerária
do Estado gira em torno de 7.700 pessoas. O déficit de vagas se aproxima das
4.000.
Bezerra, destacou que a ação de
retomada de controle da unidade prisional foi positiva. “Os presos não reagiram
e estamos avançando na contenção de todos os pavilhões”, frisou, durante a
coletiva.
O Rio Grande do Norte não dispõe
de um Instituto Médico Legal (IML), mas sim de um Instituto Técnico de Perícia
(Itep). Todos os corpos a serem recolhidos da Penitenciária de Alcaçuz serão
transferidos para a sede do Itep, situada na zona portuária de Natal, cerca de
25 quilômetros distante do presídio. Uma força tarefa foi montada para a
identificação das vítimas fatais.
“Teremos três legistas, cinco
necropapiloscopistas, três odontologistas legais e quatro peritos criminais que
irão fazer a perícia no local do crime. Já alugamos uma câmara frigorífica para
a acomodação dos corpos”, disse o diretor do Itep, Marcos Brandão. A sede do
órgão, fundado há mais de 70 anos, não dispõe de estrutura capaz de receber
elevado número de cadáveres.
Para o atendimento aos familiares
dos presos mortos, uma central de informações com atendimento de psicólogos e
assistentes sociais será montada nas proximidades do Itep. Até o início da
tarde deste domingo, nenhum dos corpos das vítimas da guerra de facções no
Estado potiguar havia sido recolhido da Penitenciária de Alcaçuz. “Tem muita
decapitação. Precisamos identificar todos as cabeças e corpos para depois
remontá-los”, disse Marcos Brandão.
O governador do Rio Grande do
Norte, Robinson Faria (PSD), não participou da entrevista.
(Com Estadão Conteúdo)
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