Esquema que
liberava crédito da Caixa beneficiou
também partidos
|
Doleiro e ex-vice-presidente
combinaram como prejudicar funcionários que atrapalhavam; eles também
mencionaram Gabriel Chalita quando falavam de empresas querendo
‘contrapartida’.
O suposto
esquema de pagamento de propina por empresas em troca de
empréstimos da Caixa Econômica Federal também foi utilizado para beneficiar
partidos e políticos, segundo relatórios da Polícia Federal e do Ministério
Público na Operação
Cui Bono.
Na decisão que autorizou buscas
realizadas nesta sexta-feira (13), o juiz federal Vallisney de Oliveira
destacou que o ex-ministro Geddel Vieira Lima, quando no cargo de
vice-presidente da Caixa, “agia internamente, em prévio e harmônico ajuste” com
o deputado cassado Eduardo Cunha, na liberação dos empréstimos.
Os investigadores acrescentam que
“os valores indevidos eram recebidos, tendo como destinação o beneficiamento
pessoal deles ou do PMDB”, diz trecho de um relatório obtido pelo Jornal Nacional.
As mensagens de celular trocadas
entre os envolvidos revelam a interação com integrantes do governo federal na
época.
Em 23 de maio de 2012, o doleiro
Lúcio Bolonha Funaro, suspeito de ser operador do esquema, pergunta a Fábio
Cleto, então vice-presidente de Fundos e Loterias da Caixa, se ele se reuniu
com o então ministro do Trabalho à época, Brizola Neto (PDT-RJ).
"Sim ontem a noite fomos lá.
Carlos [que segundo a Polícia Federal é um dos codinomes de Eduardo Cunha] é
muito bem entrosado com o ministro. A vida do Furtado e do Vasconcelos vai
ficar mais difícil agora”, escreveu Fábio Cleto.
A PF diz que a referência é a
Marcos Vasconcelos, ex-vice presidente de Gestão de Ativos de Terceiros da
Caixa, também foi alvo da Operação Cui Bono. O outro citado seria Paulo
Furtado, integrante do Conselho Curador do FGTS. Nas conversas entre os
integrantes do esquema, ambos eram tidos como pessoas que atrapalhavam as
negociações.
Dois dias após o suposto encontro
entre Fábio Cleto e Brizola Neto, o então ministro do Trabalho exonerou Paulo
Furtado. Em outra troca de mensagens, o grupo demonstra a intenção de usar a proximidade
com Brizola Neto para prejudicar Marcos Vasconcelos.
“Eu conheço o ministro desde que
ele foi deputado estadual”, comemora Fábio Cleto. "Essa proximidade de
vocês é excelente! Precisamos usar isso para f... o Vasconcelos", responde
Lúcio Funaro.
Uma semana depois, ao falar sobre
problemas que estariam tendo com o departamento de Marcos Vasconcelos, Fábio
Cleto diz : "Tô discutindo com Carlos e Brizolinha o que podemos fazer
para modificar esse rito". E depois completa: "Em outras palavras:
tirar poder do Marcos". Marcos Vasconcelos ficou no cargo até setembro de
2016.
Chalita
Os investigadores registram também
uma conversa em que empresas com negócios na Caixa e um político do PMDB são
citados na mesma mensagem.
Em abril de 2012, Lúcio Funaro diz
a Fábio Cleto: "Tem que ver essa situação da Comport e Hypermarcas aí
dentro pra andar rápido porque eles dois tão contribuindo com o Chalita e
querem a contrapartida".
Em 2012, Gabriel Chalita foi
candidato a prefeito de São Paulo pelo PMDB. A investigação não conclui se
Chalita recebeu alguma doação do esquema.
Versões
O ex-deputado Gabriel
Chalita disse que não pediu, não recebeu e “desconhece completamente”
qualquer participação do grupo Hypermarcas e do grupo Comport em sua campanha à
prefeitura de São Paulo.
A Hypermarcas disse
que não realizou doações para Gabriel Chalita, nem nunca possuiu nenhum tipo de
contrato com a Caixa. Por meio de sua assessoria, o PMDB disse que ainda não se
posicionou sobre a operação.
Brizola Neto divulgou
a seguinte nota:
Sobre a matéria veiculada no
Jornal Nacional de ontem a noite (sábado, 14 de janeiro de 2017), esclareço:
Jamais mantive qualquer contato
pessoal com o Sr. Fábio Cleto e nunca tratei com ele qualquer questão, exceto
nas reuniões públicas do Conselho Curador do FGTS (que presidia como Ministro
do Trabalho e Emprego), onde o Sr. Fábio Cleto tinha assento como vice
presidente da Caixa Econômica Federal.
Não conheço o Sr. Lucio Bolonha
Funaro e nunca tive qualquer contato pessoal ou profissional com ele.
No período em que estive a
frente do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE o senhor Eduardo Cunha era
líder do PMDB na Câmara dos Deputados e tive com ele conversas institucionais
sobre matérias de interesses do MTE que tramitavam na Câmara dos Deputados (PEC
das Domésticas e PEC do Trabalho Escravo, dentre outras).
A substituição do Sr. Paulo
Eduardo Cabral Furtado como Secretário Executivo indicado peloMTE no Conselho
Curador do FGTS foi feita atendendo à recomendação da Controladoria Geral da
União feita ainda antes da minha posse, conforme trecho do Relatório de Gestão
Anual da Controladoria Geral da União - CGU de 2011 sobre o Ministério do
Trabalho e Emprego, abaixo transcrito:
Quanto ao fato de a Caixa ter
ficado com uma representatividade maior do que a projetada no Conselho Curador
do FGTS.
O banco cedeu o funcionário
Paulo Eduardo Cabral Furtado para o Ministério do Trabalho e Emprego, que, por
sua vez, o colocou na Secretaria Executiva do Conselho Curador.
Pelo fato de a Caixa ser parte
interessada no FGTS, já que recebe recursos pela prestação de serviços de
gestão do Fundo, a CGU considerou que o Banco deveria se ater à cadeira que já
possui no Conselho.
Me coloco a inteira disposição
da justiça e demais órgãos responsáveis pelas investigações para prestar
eventuais esclarecimentos.
Por último, preciso afirmar que
não acumulei patrimônio pessoal nem obtive através da política qualquer tipo de
benefício, e que ao longo da minha trajetória busquei ser coerente com o maior
patrimônio a mim deixado deixado pelo meu avô Leonel Brizola: ser um homem
honrado e ter uma vida dedicada ao povo brasileiro
Por G1, Brasília
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!