O Secretário
de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame
(Alan
Marques/Folhapress)
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Um dia após guerra em favela
‘pacificada’ que causou pânico na Zona Sul, governo confirma saída do delegado,
que ocupava o cargo há dez anos
O secretário de segurança pública
do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, não suportou o colapso da pasta que
comanda há uma década. No dia seguinte ao caos que se instalou na Zona Sul da cidade, com uma guerra
nos morros Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, em Ipanema e Copacabana, o governo do
Estado confirmou o pedido de exoneração do delegado federal. Beltrame deixa o
cargo no momento em que os índices de criminalidade explodiram.
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Em Brasília, o governador
licenciado, Luiz Fernando Pezão, chegou a dizer que pediria para que Beltrame
continuasse. “Mas entendo que ele esteja muito cansado”, disse. O
subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da secretaria, delegado
federal Antônio Roberto Sá, foi escolhido para ser seu substituto e
assumirá definitivamente a pasta na próxima segunda-feira.
O colapso na segurança pública e,
em especial, no projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), já vinha
sendo percebido desde 2014, ou seja, bem antes da crise financeira pela
qual passa o Rio de Janeiro. Para se ter uma ideia, ao final daquele ano,
101 policiais foram feridos e oito morreram nos territórios considerados
‘pacificados’. Nas ruas, os assaltos estabeleceram um recorde histórico: 158
078.
Como o site de VEJA mostrou, os dados do
Instituto de Segurança Pública (ISP) indicam que 2016 será ainda pior. O
primeiro semestre registrou o maior número de assaltos na história para o
período, 97.100, média de 534 por dia. Aliás, com os três policiais feridos no
Pavãozinho ontem, o número de policiais baleados em UPPs chegou a 131, com
outros 11 mortos. Ou seja: um novo recorde negativo se aproxima.
Beltrame, no entanto, insistiu em
jogar a culpa em outras áreas do governo e da prefeitura, também comandada pelo
PMDB. A crítica à falta de investimento social, por exemplo, era constante, o
que irritava profundamente o prefeito Eduardo Paes, que tem na manga números
expressivos de investimento no setor: mais de 2,1 bilhões de reais.
Outro alvo constante de Beltrame
para tentar justificar o espalhamento da violência – que atingiu áreas antes
pacatas, como o interior do Estado – era a Polícia Federal. Para o secretário
de segurança do Rio, a falta de fiscalização nas fronteiras fazia com que armas
de guerra fossem despejadas diariamente na cidade. Certa vez, numa reunião
dentro da sede da PF, em Brasília, o diretor geral da PF, Leandro Daiello,
disparou, irritado: “Ele diz que não controlamos 17.000 quilômetros de
fronteira, mas não consegue fechar duas entradas da Rocinha”.
Esses fatores também acabaram
minando seu relacionamento com a própria instituição à qual pertence. Por isso,
um retorno à PF ficou inviável. O futuro de Beltrame ainda é incerto. A
amigos próximos, ele diz ter um convite da Federação das Indústrias (Firjan)
para criar um cargo e tocar projetos ligados à área de segurança. O desejo de
morar fora do Brasil também pode ser contemplado. O próprio governo estava
buscando uma vaga na Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington.
Veja.com
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