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por BBC World Service Trading Limited Sérgio Moro,
Janaina
Paschoal e Kim Kataguiri estão entre os protagonistas
do
impeachment.
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Dificilmente, o processo de
impeachment teria sido aprovado na Câmara dos Deputados e encaminhado para o
Senado não fosse a atuação de algumas figuras de fora do mundo político. São
pessoas, digamos, comuns que se tornaram protagonistas da crise política.
Confira abaixo o papel
articuladores "sem mandato" nessa batalha jurídico-política.
Julio Marcelo Oliveira, procurador
do TCU
O procurador do Ministério Público
Julio Marcelo Oliveira, ouvido na quinta-feira como informante da acusação no
processo de impeachment que corre no Senado, teve papel determinante na
investigação das chamadas "pedaladas fiscais" - atrasos nos repasses
da União para bancos que pagavam programas federais.
A suposta irregularidade dessas
operações está no cerne da argumentação do pedido de impeachment apresentado
pelos juristas Hélio Pereira Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaina Conceição
Paschoal. Eles incluíram no pedido um parecer de Oliveira indicando que as
pedaladas fiscais tiveram continuidade em 2015.
O procurador - que atua no
Tribunal de Contas da União (TCU) - foi quem solicitou a abertura de uma
inspeção ainda em 2014 para investigar se o Tesouro Nacional estava atrasando os
repasses para bancos públicos com objetivo de melhorar artificialmente as
contas públicas.
O procurador compartilha com
frequência em seu Facebook posts públicos em apoio ao juiz Sergio Moro e à
operação Lava Jato.
Janaina Paschoal, advogada e
professora da USP
Janaina Paschoal é advogada da
acusação no processo de impeachment que está a ponto de se concluir no Senado
Federal. Foi a denúncia dela, em parceria com os juristas Hélio Bicudo e Miguel
Reale Júnior, que foi aceita para dar início ao processo.
Dos três, Paschoal é a que ganhou
maior evidência devido às suas falas acaloradas contra o governo Dilma e seu
partido. Na sexta-feira, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal),
Ricardo Lewandowski, barrou perguntas de Paschoal - que é advogada de acusação
no processo do Senado - ao professor de direito Geraldo Prado, que estava sendo
ouvido como testemuinha da defesa.
A advogada queria saber do
professor se ele achava que existia democracia na Venezuela e se considerava
correto o julgamento do Mensalão. Lewandowski objetou, alegando que testemunhas
não podem ser pressionadas sobre suas preferências ideológicas.
Muitos temem que ela possa criar
constrangimentos quando estiver diante de Dilma Rousseff, na audiência a que a
presidente afastada está marcada para comparecer, na segunda-feira.
Até agora, o discurso mais
polêmico foi proferido na Faculdade de Direito da USP, onde Janaina leciona,
quando ela bradou que o "Brasil não é a República da Cobra". A
crítica era uma referência ao discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, em que ele se autoproclamou "jararaca".
Juiz Sergio Moro
Formalmente, o processo de
impeachement em curso no Senado não acusa a presidente de crimes relacionados
ao esquema de corrupção da Petrobras.
No entanto, é evidente que os
desdobramentos da operação Lava Jato estão no cerne do desgaste político da
presidente. Na sexta-feira, o ex-presidente Lula acusou de "factóide"
o seu indiciamento pela Polícia Federal na apuração sobre o tríplex do Guarujá,
apenas dois antes da ida de Dilma ao Senado.
Os métodos de Moro, como uso
intenso do instrumento da delação premiada e da condução coercitiva (quando o
investigado é obrigado a comparecer para depor), têm sido criticados por
diversos juristas. Também gerou muita polêmica sua decisão de divulgar, em
março, áudios privados envolvendo Lulae Dilma.
Por outro lado, seus apoiadores
consideram que sem sua determinação na condução da Lava Jato jamais teria se
conseguido descobrir os meandros do esquema de corrupção dentro da estatal.
As manifestações populares
antigoverno de março alçaram Moro à condição de ídolo maior dos movimentos de
oposição a Dilma.
Kim Kataguiri
O ativista, de 20 anos, é
considerado um dos expoentes da direita brasileira e é um dos fundadores do
Movimento Brasil Livre (MBL), grupo criado em 2014 para lutar contra o PT e
divulgar ideias liberais.
Neto de imigrantes japoneses, ele
foi um dos organizadores de muitas das grandes manifestações pró-impeachment.
Kataguiri era estudante universitário,
mas abandonou o curso de economia na Universidade Federal do ABC há dois anos.
Ele diz que começou a se
interessar mais fortemente por política aos 17 anos, quando gravou vídeos para
contestar um professor que defendia o Bolsa-Família. A partir disso, passou a
fazer mais vídeos sobre economia, livre mercado, ideias liberais e críticas à
esquerda. E ganhou popularidade nas redes sociais.
Kataguiri foi escolhido pela
revista Time, em outubro de 2015, como um dos jovens mais
influentes do ano.
Uma de suas declarações polêmicas
foi dada em entrevista de abril ao jornal Estado de S. Paulo,
quando disse que "as escolas públicas são verdadeiros centros de
recrutamento de traficantes".
Rogerio Chequer
O engenheiro e empresário Rogério
Chequer, de 47 anos, é o líder do movimento Vem Pra Rua, que é uma das
principais vozes contra o governo de Dilma Rousseff.
A organização também foi uma das
responsáveis por promover as grandes manifestações de março de 2015.
Chequer afirma que o grupo é
suprapartidário, defende a diminuição do peso do Estado e "luta contra a
grave situação econômica, política e social pela qual passamos".
Sócio da empresa de representações
SOAP, Chequer acusa a gestão Dilma de promover ações que "resultaram em
retrocesso em todas as áreas".
"Na econômica, passamos de
crescimento pífio para depressão. Em termos financeiros, houve aumento de
juros, de impostos e inflação. É um fracasso completo."
Marcello Reis
O administrador de empresas
Marcello Reis, de 40 anos, é o fundador do grupo Revoltados Online, que surgiu
como uma comunidade no Facebook.
Entre as principais bandeiras
defendidas por Reis estão o combate à corrupção e o impeachment de Dilma.
Descrevendo-se como apartidário, o
paulistano disse que perdeu o emprego na agência em que trabalhava por conta de
seu ativismo.
O grupo de Reis chegou a defender,
no passado, a intervenção militar, mas depois mudou de discurso, dizendo
"ter estudado e encontrado outros caminhos democráticos para derrubar o
PT".
Em um do protestos antigoverno
ocorridos em março deste ano na Avenida Paulista, ele apareceu ao lado de
Alexandre Frota, enquanto o ator cantava Satisfaction, dos Rolling Stones, no
alto do carro do Revoltados Online.
*Esta reportagem é uma
atualização de reportagem publicada em maio de 2016 pela BBC Brasil
BBC Brasil
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