PF cumpriu mandado de busca na
casa de Gleisi Hoffmann, em Curitiba.
O ex-ministro ministro do
Planejamento do governo Lula e das Comunicações no primeiro governo Dilma,
Paulo Bernardo, foi preso nesta quinta-feira (23) em um desmembramento da 18ª
fase da Operação Lava Jato, em Brasília.
A operação foi batizada de
"Custo Brasil" e cumpre 65 mandados judiciais em São Paulo, Paraná,
Rio Grande do Sul, Pernambuco e Distrito Federal.
Do total de mandados, 11 são de
prisão preventiva, 40 de busca e apreensão e 14 de condução coercitiva,
quando a pessoa é levada a prestar depoimento. Um dos mandados de busca foi
cumprido na casa da senadora Gleisi Hoffmann, no bairro Água Verde,
em Curitiba.
Policiais federais também estão na sede do PT no Centro de São Paulo. Os presos e o material apreendido serão encaminhados à sede da Polícia Federal, na capital paulista.
Policiais federais também estão na sede do PT no Centro de São Paulo. Os presos e o material apreendido serão encaminhados à sede da Polícia Federal, na capital paulista.
A PF informou que a operação foi
deflagrada para apurar o pagamento de propina referente a contratos de
prestação de serviços de informática no valor de R$ 100 milhões entre os anos
de 2010 e 2015, a pessoas ligadas a funcionários públicos e agentes públicos
ligados ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).
Há indícios de que o MPOG
direcionou a contratação de uma empresa de prestação de serviços de tecnologia
e informática para a gestão do crédito consignado na folha de pagamento de
funcionários públicos federais com bancos privados, interessados na concessão
de crédito consignado, de acordo com as investigações.
"Segundo apurou-se, 70% dos
valores recebidos por essa empresa eram repassados a pessoas ligadas a
funcionários públicos ou agentes públicos com influência no MPOG por meio de
outros contratos - fictícios ou simulados", diz a PF.
Os crimes investigados na operação
são de tráfico de influência, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de
dinheiro e organização criminosa, com penas de 2 a 12 anos de prisão.
Inquérito
A Polícia Federal indiciou Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, ao concluir o inquérito sobre as suspeitas de que dinheiro desviado da Petrobras abasteceu em 2010 a campanha ao Senado da parlamentar.
A Polícia Federal indiciou Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, ao concluir o inquérito sobre as suspeitas de que dinheiro desviado da Petrobras abasteceu em 2010 a campanha ao Senado da parlamentar.
A defesa do ex-ministro disse que
desconhece as razões da prisão, e que estranha porque Paulo Bernardo sempre
se colocou à disposição das autoridades.
A PF afirma ter indícios
suficientes contra Gleisi e o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, por suposto
envolvimento em crime de corrupção.
As conclusões da Polícia Federal
foram anexadas ao inquérito 3979, que tramita no Supremo Tribunal Federal , na
Operação Lava Jato.
A PF entendeu que há indícios
suficientes de que a campanha de Glesi recebeu R$ 1 milhão em propina. Um novo
delator , Antonio Carlos Pieruccini, informou que transportou o dinheiro, em
espécie, de São Paulo para Curitiba em quatro viagens e que entregou a quantia
para Ernesto Kugler, empresário que seria próximo de Gleisi.
Segundo a PF, as entregas
ocorreram na casa de Kugler e em empresas das quais é sócio.
E que o empresário e o então tesoureiro da campanha de Gleisi, Ronaldo da Silva Baltazar, se falaram por telefone pelo menos 25 vezes.
E que o empresário e o então tesoureiro da campanha de Gleisi, Ronaldo da Silva Baltazar, se falaram por telefone pelo menos 25 vezes.
Segundo o relatório da Polícia
Federal, ao qual a TV Globo teve acesso, o suposto pedido de dinheiro para a
campanha de Gleisi teria sido feito ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa quando Paulo Bernardo era ministro do Planejamento do governo Lula e só
porque o ex-ministro teria conhecimento do esquema de desvios na Petrobras.
Assessoria contesta
A assessoria de imprensa da senadora Gleisi Hoffmann, que responde pelo casal, informou por meio de nota que as provas do inquérito demonstram que ela e o marido não receberam dinheiro
A assessoria de imprensa da senadora Gleisi Hoffmann, que responde pelo casal, informou por meio de nota que as provas do inquérito demonstram que ela e o marido não receberam dinheiro
"Todas as provas que constam
no inquérito comprovam que não houve solicitação, entrega ou recebimento de
nenhum valor pela senadora Gleisi Hoffmann ou pelo ex-ministro Paulo
Bernardo", afirma o texto da nota.
Segundo a assessoria, "são
inúmeras as contradições nos depoimentos dos delatores, as quais tiram toda a
credibilidade das supostas delações. Um deles apresentou, nada mais, nada
menos, do que cinco versões diferentes para esses fatos, o que comprova ainda
mais que eles não existiram".
Indiciamento
O indiciamento – do qual a senadora foi objeto – é previsto em lei somente para inquéritos conduzidos pela polícia. O ato de indiciar torna uma pessoa oficialmente suspeita de ter cometido um crime.
O indiciamento – do qual a senadora foi objeto – é previsto em lei somente para inquéritos conduzidos pela polícia. O ato de indiciar torna uma pessoa oficialmente suspeita de ter cometido um crime.
Em 2006, o Supremo Tribunal
Federal firmou um entendimento pelo qual deputados e senadores não podem ser
formalmente indiciados pela polícia – somente podem ser acusados pela
Procuradoria Geral da República.
A defesa de Gleisi Hoffmann vai
questionar o indiciamento da senadora no Supremo a fim de provocar a discussão
sobre se a PF pode ou não indiciar.
Atualmente, o Supremo tem uma
composição diferente da de 2006 e, por essa razão, após o questionamento da
defesa da senadora, há possibilidade de o entendimento vir a ser revisto.
Delação
A acusação faz parte da delação do doleiro Alberto Youssef, que afirmou ter recebido determinação do ex-diretor Paulo Roberto Costa para entregar R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi Hoffman do Paraná.
A acusação faz parte da delação do doleiro Alberto Youssef, que afirmou ter recebido determinação do ex-diretor Paulo Roberto Costa para entregar R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi Hoffman do Paraná.
Isso teria sido feito em um
shopping de Curitiba. A quantia teria sido entregue pessoalmente por Yousseff a
um homem. Youssef afirmou que Gleisi sabia de todo o esquema. E que Paulo
Bernardo pediu um "auxílio" na campanha da mulher.
Depoimentos
Em depoimentos à Polícia Federal em abril do ano passado, a senadora Gleisi Hoffmann e o marido dela e ex-ministro Paulo Bernardo negaram irregularidades na arrecadação para a campanha da petista ao Senado em 2010.
Em depoimentos à Polícia Federal em abril do ano passado, a senadora Gleisi Hoffmann e o marido dela e ex-ministro Paulo Bernardo negaram irregularidades na arrecadação para a campanha da petista ao Senado em 2010.
Gleisi e Bernardo negaram, ainda,
solicitações de doações ao doleiro Alberto Youssef. À PF, Paulo Bernardo disse
que não fez qualquer pedido de "auxílio" a Costa para a campanha de
Gleisi.
Questionado sobre as anotações
"PB" e "1,0", encontradas na agenda de Paulo Roberto Costa
apreendida pela Polícia Federal, o ex-ministro disse não ter conhecimento das
anotações.
Em depoimento à Justiça, Costa
afirmou que as anotações diziam respeito ao valor de R$ 1 milhão repassados a
Paulo Bernardo para a campanha da petista ao Senado.
Em seu depoimento, Gleisi Hoffmann
também disse desconhecer as anotações na agenda de Costa. Ela afirmou ainda que
o empresário Ernesto Kugler participou de alguns eventos da campanha de 2010,
mas que năo atuou na captação de recursos.
Do G1 PR e da TV Globo em
Brasília
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