Ex-presidentes da Espanha,
República Dominicana e Panamá serão ouvidos. Sessão do Conselho já estava
programada para 23 de junho.
A Organização dos Estados
Americanos (OEA) convocou nesta quarta-feira (15) a sessão de seu Conselho
Permanente para a próxima terça (21), em Washington, dois dias antes da reunião
já pautada para debater o estado da democracia na Venezuela.
A reunião de 21 de junho tem
"o objetivo de receber os senhores ex-presidentes José Luis Rodríguez
Zapatero [Espanha], Leonel Fernández [República Dominicana] e Martín Torrijos
[Panamá]", informa um documento da OEA obtido pela AFP durante a
Assembleia Geral da organização em Santo Domingo.
O trio promove um diálogo entre a
oposição e o governo venezuelanos, a pedido a União de Nações Sul-Americanas
(Unasul). Esse diálogo foi posto sobre a mesa como uma alternativa, depois que
o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, invocou a Carta Democrática
Interamericana em 31 de maio passado.
Já estava programada a sessão do
Conselho Permanente de 23 de junho, na qual os 34 membros da OEA decidirão se
implementam - e, em caso afirmativo, em qual medida - a Carta Democrática.
A ministra venezuelana das Relações
Exteriores, Delcy Rodríguez, informou ontem que havia pedido a realização de
uma sessão prévia - a do dia 21 - "para levar novamente a verdade da
Venezuela".
"Apoiamos a conversa que
vamos ter com os três ex-presidentes", disse o embaixador dos Estados
Unidos na OEA, Michael Fitzpatrick, em entrevista coletiva. "São os
próximos passos", completou.
'Agregar valor'
Uma fonte da OEA disse à AFP que
essa sessão é vista por Almagro como "um passo que talvez possa agregar
valor à reunião do dia 23, no sentido de que os ex-presidentes forneçam
informação nova sobre o avanço que fizeram".
"Me parece muito
positiva", acolheu o chanceler chileno Heraldo Muñoz, também em coletiva
de imprensa, referindo-se à reunião.
A Assembleia Geral da OEA está
reunida desde segunda-feira (13) para discutir o desenvolvimento sustentado na
região, mas a crise política, econômica e humanitária na Venezuela concentra as
atenções nos bastidores. Esta quarta-feira é o último dia do encontro.
Carta Democrática
Nos corredores da Chancelaria
dominicana, a delegação venezuelana tenta garantir os 18 votos de que necessita
para bloquear a aplicação das medidas previstas na Carta Democrática, disse um
diplomata de alto perfil à AFP.
Essa Carta é um mecanismo que pode
se aplicado em caso de alteração, ou de ruptura, da ordem democrática e
constitucional. Pode-se autorizar gestões diplomáticas, buscando a resolução da
crise, ou, no caso mais extremo, suspender um país da OEA.
Essa perspectiva levou a chanceler
Rodríguez a pedir, nesta quarta, que a OEA tome "as ações pertinentes para
enquadrar a atuação da secretaria-geral". Para ela, Almagro extrapolou
suas funções, ao invocar esse mecanismo.
"Em um ano de gestão, o
secretário-geral se dedicou a perseguir o governo constitucional da Venezuela,
suas autoridades, em uma espécie de linchamento regional", declarou a
ministra, em plenária.
Aproximação
Na terça, a Assembleia foi palco
de uma aproximação entre Estados Unidos e Venezuela, quando os chefes da
Diplomacia de ambos os países, John Kerry e Delcy Rodríguez, tiveram uma
inédita reunião.
"Acredito que seja mais
construtivo dialogar do que isolar", disse Kerry aos jornalistas, ao
manifestar seu desejo de que isso leve a superar "a velha retórica".
Quase ao mesmo tempo, Nicolás
Maduro dizia na Venezuela: "Eles propuseram que iniciemos uma nova etapa
de diálogo (...) e eu disse à chanceler: 'aprovado'".
As relações entre os dois países
se encontram bastante deterioradas, sem embaixadas nas respectivas capitais
desde 2010.
A chanceler argentina, Susana
Malcorra, e o subsecretário brasileiro das Relações Exteriores, Fernando Simas
Magalhães, falaram nesta quarta na plenária da assembleia sobre desenvolvimento
sustentado sem se referir, porém, à Venezuela - como se esperava.
Malcorra foi acusada de manter uma
relação ambígua com esse país para não pôr em risco sua candidatura à
secretaria-geral da ONU.
Já o Brasil, mergulhado em uma
grave crise política e em meio ao governo interino de Michel Temer, não
manifestou sua posição sobre o tema.
Se algo ficou claro é que os
países americanos apoiam, monoliticamente, um diálogo entre oposição e governo
na Venezuela e se recusam a impor sanções, ou a suspender o país petroleiro da
OEA.
Da AFP
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