Biólogo denunciará ao Ministério Público despejo de dejetos na
Baía de Guanabara após flagrar a mancha no entorno
da Marina da Glória (Foto: Mário
Moscatelli / Divulgação)
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Mário Moscatelli encaminhará as
imagens ao Ministério Público
A 50 dias dos Jogos Olímpicos
do Rio, o biólogo Mário Moscatelli encaminha nesta quinta-feira ao
Ministério Público imagens surpreendentes, captadas de um helicóptero, de
suposta poluição causada por despejo de esgoto clandestino na Marina da Glória
e na Enseada de Botafogo. As extensas manchas registradas pelo ambientalista em
vídeo e fotos expõem o drama de atletas que vão disputar as provas de vela na
Baía de Guanabara.
De acordo com Moscatelli, o
flagrante foi feito sábado, às 13h30, num sobrevôo com uma equipe de reportagem
estrangeira. “Ficamos assustados e indignados de ver como a Baía de Guanabara
continua sendo a latrina do Rio, sofrendo com a poluição, mesmo com a tal
galeria de cintura da Marina da Glória recém-inaugurada pelo governo estadual.
O que adiantou investirem R$ 14 milhões nisso?”, criticou o biólogo.
Em nota, a Cedae argumenta que o
sistema de esgotamento sanitário funcionou normalmente no fim de semana. A obra
a que se refere Moscatelli foi feita nos mesmos moldes de tubulações assentadas
no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas, com canos de grandes polegadas que
coletam esgoto. Apesar dos esforços dos governantes para a sua despoluição,
ambientalistas garantem que a Baía de Guanabara continua recebendo, sem
tratamento, quase a metade ainda dos dos 461,5 milhões de litros de esgoto doméstico
produzidos diariamente pelos municípios de seu entorno, o equivalente a 93
piscinas olímpicas. São Gonçalo, onde mais de 60% dos habitantes não têm acesso
a rede de esgoto, é o que mais despeja dejetos na baía, o equivalente a 90,8
milhões de litros a cada 24h.
“Sem contar com Duque de Caxias,
Magé, Meriti, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Mesquita e parte de Niterói, que,
juntos, são responsáveis por jogar mais de 226 milhões de litros de esgoto sem
tratamento algum”, lamentou o biólogo, lembrando que nos últimos vinte anos já
foram destinados mais de R$ 10 bilhões para obras de despoluição de todo o
complexo. “E agora o prefeito (Eduardo Paes) acaba de pedir mais R$ 1 bilhão ao
presidente interino, Michel Temer, para financiar os Jogos. Inacreditável”,
desabafou o biólogo, que no próximo dia 21, tem audiência com o cardeal do Rio
Dom Orani Tempesta. “Vou pedir a ele para interceder em um encontro com o Papa.
Acho que só falando com o Papa para tentar uma solução para a baía”, completou.
A Cedae garantiu que não houve
lançamento de esgoto no local. “Se tivesse ocorrido, a coloração da mancha não
seria branca, mas escura. Desde 2007, o governo do Rio fez com que o índice de
esgoto tratado saltasse de 11% para 51% na Baía de Guanabara, devendo superar
os 80% em três anos”, diz a nota.
Ainda segundo a concessionária,
com a conclusão das recentes obras, “o esgoto clandestino que ia para redes de
águas pluviais passou a ser encaminhado pela elevatória Marina da Glória, com
capacidade de bombear até 450 litros por segundo de efluentes, para o
interceptor oceânico e, em seguida, para o Emissário Submarino de Ipanema.
Questionamentos sobre a qualidade
da água da Baía de Guanabara já causaram muita polêmica. Há alguns meses, por
exemplo, o presidente da Federação Internacional de Vela (ISAF), Peter Sowrey,
perdeu o cargo depois de insistir que as águas da baía estão poluídas.
Procurada, a prefeitura não quis comentar o assunto.
O Dia
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