Entre os defeitos denunciados estão até mesmo
disparos
acidentais. (Foto: Divulgação)
|
De 35 pistolas modelo PT 940 da
Taurus, 20 apresentaram falha.
A principal fabricante de armas
usadas pela polícia do Brasil é alvo de reclamações de vários agentes
policiais. A Polícia Civil do Rio testou várias pistolas dos modelos mais
usados pelos policiais. Entre os defeitos denunciados estão até mesmo disparos
acidentais. Com um movimento simples, a arma dispara sozinha, segundo o
resultado da perícia da Polícia Civil, como mostrou, com exclusividade, a
GloboNews.
Uma arma modelo PT 100, da
fabricante Taurus, foi comprada por um policial civil do Rio neste mês. Em
tese, a empresa responsável testou a arma, que deveria estar perfeita e pronta
pra uso. No entanto, a arma apresenta falhas grosseiras na confecção. A mais
grave delas é o erro de alinhamento da munição com o cano.
"E eu acho que se eu fosse
usar essa arma imediatamente eu estaria imediatamente morto, porque ela não vai
funcionar. Talvez se você fosse atirar talvez travaria aqui e você teria que
sacudir pra jogar a munição fora. Nisso, eu já tomei uns 5, 6 tiros",
afirmou o policial que comprou a arma. Ele listou os defeitos da pistola, fez
uma queixa na Delegacia do Consumidor e quer uma indenização pelo risco que
poderia ter ao usar a arma.
"Comecei a pesquisar na mídia
de um modo geral e vi que várias pessoas tiveram problemas de armas, inclusive
modelos idênticos ao modelo que eu tenho, que tiveram problemas. De armas
muitas vezes ela simplesmente se desintegrar".
Em 2013, um policial militar de
Goiânia deixou cair no chão uma pistola da Taurus, que disparou e o atingiu.
Ele acabou perdendo o movimento da perna direita e, nesta semana, passou pela
quinta cirurgia. "Quando a minha arma caiu não era pra ter disparado de
forma alguma. E ela disparou", lamentou o policial militar Alexandre
Castro.
Alexandre criou um site chamado
"vítimas da taurus" e começou a reunir histórias parecidas com a
dele. A página mostra flagrantes de falhas grosseiras nas armas dessa
fabricante. Num deles, um homem tenta atirar várias vezes e a arma falha. Em
outro vídeo, dá pra ver que é só sacudir a pistola que os tiros saem.
Só no Rio de Janeiro, as armas da
empresa Taurus são usadas por cerca de 35 mil policiais civis e militares. A
Polícia Civil do rio fez um teste pra avaliar a eficiência das pistolas e
separou lotes de dois dos modelos mais usados por policiais civis e militares
no estado. A perícia aconteceu nos dias 31 de março e 1º de abril e agora saiu
o resultado. Das 55 pistolas testadas, todas compradas há no máximo de 2 anos
pela polícia civil, 36 apresentaram problemas.
Primeiro foram testadas 35
pistolas da Taurus, modelo PT 940. Dessas, 20 apresentaram pelo menos uma
falha. A segunda perícia foi feita em pistolas Taurus, do modelo PT 840. Das 20
pistolas testadas, 16 apresentaram problemas.
Em 2009, a secretaria de segurança
do rio investiu R$ 6 milhões na compra de mais de 1,3 mil carabinas da Taurus.
Mil delas apresentaram problemas e a troca das armas defeituosas só acabou
neste ano.
No Brasil existe uma lei que
determina que a polícia só compre armas fabricadas no país, a menos que haja um
modelo lá fora que não tenha um similar aqui dentro. Mas o Brasil tem só duas
fabricantes e é justamente a Taurus que produz os modelos mais voltados para o
trabalho da polícia nas ruas.
O problema é que as armas dos
criminosos não se restringem às fabricadas aqui no país e aí eles podem levar
vantagem num confronto.
Para o especialista em segurança
Paulo Storani, a liberação para a compra de arma no exterior de certa forma
obrigaria as empresas nacionais a aumentar o padrão de qualidade. “O criminoso
ele vai conseguir uma arma com muito melhor qualidade e com muito mais
facilidade. Na verdade, uma facilidade que as polícias poderiam encontrar
comprando equipamento internacional. Isso obrigaria as fábricas nacionais a
aumentarem seu padrão, melhorarem suas linhas de produção”
Já para o coordenador de segurança
Humana da ONG Viva Rio, coronel Ubiratan Ângelo ex-comandante Geral da PM, é
fundamental que o policial confie na arma que está usando para realizar um bom
trabalho na rua. “A arma na mão do policial tem que ser uma arma extremamente
eficaz. Pra que ele confie na arma e atire menos. Consequentemente se a arma
traz problemas, ele fica mais exposto à vitimização e mais proposto à
letalidade”, afirmou.
Alexandre Castro e outras vítimas
de disparos acidentais fazem pressão para que a câmara dos deputados discuta
uma mudança na legislação, e as armas estrangeiras possam ser vendidas sem
restrições para a polícia no brasil.
“Creio que seja o pontapé inicial
pra gente mudar essa legislação nefasta que está acabando com vida de policiais
e profissionais de segurança pública por aí à fora”, afirmou Alexandre.
Em nota, a Taurus informou que
está passando por uma reestruturação para a melhoria dos processos de
qualidade. E ainda disse que todas as armas produzidas pela Taurus, incluindo
as que foram testadas pela Polícia Civil do Rio já passaram ou estão passando
por uma avaliação rigorosa. Portanto. Segundo a Taurus, não existe problema
técnico nas armas.
Do G1 Rio
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!