As células são sempre lembradas quando tentamos definir
como funciona o corpo e seus sistemas.
É preciso saber o que é o seu corpo. Um corpo humano é
definido de várias formas, pode ser um amontoado de elementos químicos, um
monte de carne e ossos, um pedaço de carne com espírito, um aglomerado de
átomos e etc. Vamos nos atentar aos números de células e bactérias que compõem
o corpo humano e, são bastante interessantes, para que assim tenhamos noção do
universo que falaremos durante o texto desta quinzena.
As células são sempre lembradas quando tentamos definir
como funciona o corpo e seus sistemas, como o respiratório, excretório,
digestório e circulatório (futuramente falarei sobre cada um deles e a relação
com a autonomia nutricional). E realmente a interação entre elas é que faz toda
a magia da vida ter movimento e beleza. Temos em nosso corpo cem trilhões de
células, memorize esse número. Estas células estão “divididas” de acordo com
suas funções e especializações: se é do cérebro é neurônio; se é do fígado é
hepática; se é do osso, osteoblasto; se do olho é cone ou bastonete, e por aí
vai. São dezenas de especializações, cada uma delas se comunicando e trocando
informações umas com as outras em um frenesi ainda não muito bem esclarecido
pela ciência, todas procurando, constantemente, se manterem saudáveis e em bom
funcionamento.
No entanto, existe outro elemento que funciona nos
bastidores do nosso corpo, não porque seja menos importante ou em menor número,
definitivamente não é isso. Estamos nos referindo às bactérias, que conseguiram
ser colocadas em segundo plano por uma imposição da mídia que propaga a ideia
de que bactérias seriam algo ruim e, assim, empresas podem promover um super
sabonete que lhe deixa limpinho ou um super antibiótico, que lhe deixe livre
das bactérias. O desconhecimento por parte dos profissionais de saúde de como
esses seres são laboriosos e importantes em nosso estado de equilíbrio, também
ajuda a construir uma imagem não muito boa das bactérias. Pasmem, o número de
bactérias em nossos intestinos é dez vezes maior que o de células em nosso
corpo, enquanto as células nos constroem com cem trilhões, as bactérias o fazem
com um quatrilhão. Não é incrível?!
Acho que agora temos uma boa definição de corpo humano:
somos um cosmo sistêmico de um quatrilhão e cem trilhões de seres vivos, pulsantes,
vibrantes e que constantemente buscam o viver. Uma corrente onde cada bactéria
e célula representa um elo da longa jornada da vida, no universo do corpo
humano. Então pense duas vezes, e pense bem, antes de falar ou se sentir
sozinho neste mundo. Você definitivamente não está! Entender seu corpo como um
cosmo é permitir-se ter o mesmo espanto de quando se olha para um céu noturno
sem nuvens, sem lua e afastado das grandes cidades. A sensação é
maravilhosamente libertadora.
Assim como quase tudo o que é vivo, as células e
bactérias também adoecem, ficam fracas, se machucam, morrem, nascem, ficam
fortes, se recuperam, se reproduzem e, principalmente, se alimentam. E é aqui
que começamos de fato a reescrever nossa saúde e bem estar, o cosmo corporal e o
futuro com nossas escolhas diárias, do que damos as esses seres como alimento
ou anti-alimento.
Alimentos são coloridos, integrais, têm aroma e
geralmente nós os encontramos dentro de cascas. Anti-alimento é refinado, tem
corante, conservante, cheiro e aspecto duvidosos, e geralmente encontramos em
embalagens super coloridas confeccionadas em algum tipo de derivado de plástico
tóxico. Enquanto o primeiro gera um lixo amigo da natureza, o segundo gera lixo
que durará centenas de anos desequilibrando ecossistemas e contaminando a água,
ou seja, o que alimenta o ser humano também alimenta o planeta. É a visão
sistêmica, que comentei em nosso último encontro, existindo na prática.
Quando você opta por comer alimentos, está optando também
por comer carboidratos complexos, vitaminas, proteínas, sais minerais, fibras,
enzimas e, principalmente, cores. As fibras vão alimentar as bactérias, que em
sua maioria estão localizadas em nossos intestinos. As vitaminas vão ajudar nas
funções celulares e de defesa. As proteínas irão agir reconstruindo e
aperfeiçoado os tecidos de todos os órgãos do corpo. Os carboidratos se
transformarão em glicose que abastecerá toda essa sinfonia descrita até aqui,
chegando até o íntimo de cada célula e será usado como combustível essencial. E
os pigmentos, também conhecidos como nutracêuticos, vão proteger todo esse
sistema de geração de vida.
Para ter-se uma ideia da importância do hábito de comer
colorido, darei dois dados bem interessantes: primeiro, uma célula precisa, em
média, de 45 nutrientes para executar sua função; segundo, estima-se que
renovemos 50 milhões de células diariamente. Bacana demais, não é mesmo?! Vamos
raciocinar mais um pouquinho. Darei dois exemplos de pratos de almoço: primeiro
- prato de arroz branco, batata frita e um bife; segundo, arroz integral,
grão-de-bico, batata baroa, couve, tomate, cenoura, beterraba, cebola roxa,
azeitonas e farinha de linhaça com curry. Em qual dos dois pratos teremos maior
chance de encontrar os 45 nutrientes para as funções celulares e renovação de
50 milhões delas?
Em nossa próxima conversa falarei um pouco mais sobre as
bactérias que constroem o nosso corpo e como mantê-las sempre saudáveis.
Laércio Almeida é Técnico em
Nutrição e Dietética. Possui formação pelo Curso Bases Fisiológicas da Terapêutica Natural e
Alimentação Viva, ministrado pelo Dr. Alberto Gonzalez. Participa do GEN (Grupo
de Orientação Nutricional) e ministra palestras com foco na educação
nutricional. É autodidata dos sabores e texturas infinitos da culinária
vegetariana e raw food e desenvolve métodos de produção de spirulina como forma
de combate à fome.

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