O simpósio também marcou o lançamento do Núcleo de Estudos Africanos
A platéia foi composta por alunos das três pós-graduações sobre cultura africana
Durante o Simpósio Afrocartografias Macaenses, com a presença do ex-ministro da Integração Racial, Edson Santos, o evento atraiu grupos de outros municípios, como Campos, Cabo Frio, Rio das Ostras e Quissamã.
- É uma experiência bem sucedida e não medimos esforços para que essa questão seja tratada da maneira que ela merece, disse Marilena, destando que a secretaria, através da Fundação Educacional de Macaé (Funemac), desde 2009, vem dando ênfase a essa pós-graduação.
No evento, o deputado federal, Edson Santos, afirmou que apoiará uma parceria entre a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e a Prefeitura de Macaé, para financiamento do curso “Essa experiência deve se constituir como referência para o Brasil”, disse o ex-gestor do órgão federal, referindo-se à pós-graduação.
O simpósio também marcou o lançamento do Núcleo de Estudos Africanos, que proporá palestras, seminários e aprofundamentos nessa temática. A platéia foi composta por alunos das três pós-graduações sobre cultura africana oferecidas pela Funemac e docentes, além de escritores, artistas, contadores de histórias e funcionários que atuam em quilombos.
- O evento superou nossas expectativas com participação de pessoas de outros municípios. Considero que isso se deve a excelência do curso, disse a coordenadora da pós-graduação, doutora em Literatura Africana, Sônia Santos.
- Um curso gratuito que possibilitou a todos nós, além do conhecimento previsto, o estreitamento de laços com professores que são ícones na educação do estado e do país. Pretendemos aprofundar nossos estudos e pesquisas, disse o aluno Wallace da Silva Veiga.
Também o já diplomado especialista Jorge Luís Rodrigues ressaltou a importância dessa iniciativa. “O curso foi uma mudança de vida para muitos de nós. Conquistamos nosso título aqui e temos atuado graças a esse estudo. Trabalhamos em escolas da rede pública na região e, hoje, sou delegado na Conferência Brasileira”, relatou o professor, que foi um dos convidados a palestrar.
Edson Santos, em sua palestra “Igualdade Racial, políticas públicas e Cidadania no Brasil”, abordou as primeiras relações entre África e Brasil e suas influências recíprocas. Ele enfocou a exclusão social do negro, desde a abolição da escravatura; o mito da democracia racial e a luta para desmistificação por meio dos movimentos sociais, a partir da década de 30 e especialmente após os anos 70.
Ele tratou também do surgimento de políticas públicas para a igualdade racial, a partir da Constituição de 1988, passando pelo Estatuto da Igualdade Racial (2010) e pela elaboração do Programa contra a Intolerância Religiosa. O ex-ministro explicou ainda o papel da Seppir, de atuação transversal, perpassando pelos demais órgãos federais.
Para Edson Santos, a aplicação da Lei 10.639, que torna obrigatória a inclusão no currículo escolar da cultura africana e afrobrasileira, irá possibilitar que, trazendo à luz a história do negro no Brasil e promovendo sua valorização, haja um crescimento da autoestima dos afrodescentes. “Para se chegar a uma efetiva democracia, as pessoas têm que ser respeitadas. O mérito deve ser o único critério de julgamento”, enfatizou.
Durante todo o dia, os participantes do encontro estiveram envolvidos nos debates provocados pelas mesas redondas: “A Invisibilidade e Naturalização do Viés Racial das Desigualdades Sociais” e “A falsificação da história: análise dos estudos de Cheikh Anta Diop”. O evento foi encerrado com a apresentação de jazz “Tributo a Duke Ellington”, por Bruno Py e banda.
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