Ministro apontou discordância com dosimetria das penas e mostrou preocupação com a delação de Mauro Cid; parlamentares ligados não acreditam em absolvição, mas veem espaço para questionar a Corte
O julgamento que tornou réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados por tentativa de golpe de Estado revelou divergências entre os ministros Luiz Fux e Alexandre de Moraes, relator do caso na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Embora a decisão tenha sido unânime, o primeiro demonstrou preocupações com aspectos processuais e com a dosimetria das penas. Entre os principais pontos de discordância, Fux questionou a tipificação dos crimes imputados aos réus e manifestou reservas sobre o acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O ministro destacou que Cid prestou nove depoimentos, levantando dúvidas sobre a consistência e a credibilidade das informações fornecidas. “Nove delações representam nenhuma delação”, afirmou.
Outro ponto de tensão surgiu na
discussão sobre a competência do STF para
julgar o caso. Fux foi o único a defender que o processo deveria ser
encaminhado para outras instâncias ou, caso permanecesse na Corte, ser julgado
no plenário, e não apenas na Primeira Turma. A divergência também se refletiu
no julgamento da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, acusada de pichar
“perdeu, mané” na estátua “A Justiça” durante os ataques de 8 de janeiro de
2023. Enquanto Moraes sugeriu uma pena de 14 anos de prisão, Fux pediu vista do
processo para analisar melhor o contexto da acusação. “Confesso que, em
determinadas ocasiões, me deparo com uma pena exacerbada”, disse o ministro.
Apesar das discordâncias, Fux
acompanhou o relator em algumas decisões, como a negativa à nulidade da delação
de Mauro Cid, embora tenha ressaltado que pretende reavaliar a legalidade do
acordo no momento adequado. A postura do ministro anima minimamente a oposição,
embora os aliados de Bolsonaro não alimentem esperanças de que o ex-presidente
conseguirá se safar no julgamento conduzido pelo Supremo. No entanto, as
discordâncias manifestadas por um dos ministros abre espaço para
questionamentos, avaliam os bolsonaristas.
A PGR atribui a Bolsonaro cinco
crimes: liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição
violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado
contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Caso condenado
com as penas máximas, o ex-presidente poderia enfrentar uma sentença de até 43
anos de prisão. No entanto, sendo réu primário, é provável que a condenação
seja mais branda.
Publicada por Felipe Dantas
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