Caso teria acontecido meses antes
de o governo brasileiro fechar um novo acordo sobre os valores pagos por
energia vendida ao Brasil; negociações do Anexo C do tratado de Itaipu
Binacional foram suspensas
O Paraguai convocou,
nesta terça-feira (1), o embaixador do Brasil no país, José Antônio Marcondes,
para dar explicações a respeito de suposto caso de espionagem realizado
pela Abin
(Agência Brasileira de Inteligência) contra o país vizinho.
“Convocamos o embaixador do Brasil no Paraguai para que ofereça explicações
detalhadas sobre a ação de inteligência levada a cabo pelo Brasil mediante a
entrega de uma nota oficial para que explique as ações desenvolvidas no marco dessa
ordem por parte do governo Brasil”, afirmou o chanceler paraguaio, Rubén
Ramírez Lezcano, que classifica a ação como uma violação do direito
internacional, mas o governo paraguaio afirmou que não ter indícios de ações
brasileiras. Diante da situação, Lezcano informou que as negociações do Anexo C
do tratado de Itaipu Binacional, prevista para ser assinado até o fim de maio,
ficam suspensas até que o Brasil dê respostas sobre o assunto.
O suposto caso de espionagem foi
revelado pela reportagem do UOL, e teria acontecido meses antes de o governo
brasileiro fechar um novo acordo sobre os valores pagos ao Paraguai por energia
vendida ao Brasil, em maio de 2024. O planejamento de espionagem teria tido
início durante o governo de Jair Bolsonaro, só que a ação teria sido executada
com a autorização do atual diretor da Abin de Lula, Luiz Fernando Corrêa.
Agentes da Abin teriam invadido computadores para informações sigilosas
relacionadas à negociação de tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu, objeto de
disputa comercial entre os dois países há anos, e a ação teria resultado na
captura de dados de diversos alvos ligados à cúpula do país vizinho.
Em nota, o Ministério das
Relações Exteriores declarou que “o governo do Presidente Lula desmente
categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência contra o
Paraguai”, e que a “a citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em
junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da ABIN em 27 de
março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato”. O Itamaraty
acrescenta que o atual diretor-geral da ABIN encontrava-se, naquele momento, em
processo de aprovação de seu nome no Senado Federal, e somente assumiu o cargo
em 29 de maio de 2023, e que o “governo do Presidente Lula reitera seu
compromisso com o respeito e o diálogo transparente como elementos fundamentais
nas relações diplomáticas com o Paraguai e com todos seus parceiros na região e
no mundo”.
JP
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