Setor de Alumínio e Aço do Brasil manifesta preocupação com impactos da nova tarifa de 25% dos EUA | Rio das Ostras Jornal

Setor de Alumínio e Aço do Brasil manifesta preocupação com impactos da nova tarifa de 25% dos EUA

Abal

A nova tarifa de 25% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as importações de aço e alumínio gerou forte preocupação no setor industrial brasileiro. A Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e o Instituto Aço Brasil alertam para os impactos da medida nas exportações e na competitividade dos produtos nacionais no mercado norte-americano.

A Abal destaca que ainda há incerteza sobre a aplicação da tarifa: se substituirá a taxa atual de 10% ou se será somada a ela, elevando o imposto total para 35%. Caso a sobretaxa seja acumulativa, os produtos brasileiros perderiam ainda mais espaço nos Estados Unidos, dificultando o acesso a um mercado estratégico.

Apesar de representar menos de 1% das importações americanas de alumínio, o Brasil tem os EUA como um parceiro comercial relevante, responsável por 16,8% das exportações brasileiras do metal em 2024. O montante negociado chegou a US$ 267 milhões, dentro de um total de US$ 1,5 bilhão exportado pelo setor no ano.

Já no setor siderúrgico, o impacto tende a ser ainda maior. O Brasil foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA em 2024, atrás apenas do Canadá. O Instituto Aço Brasil ressalta que a indústria nacional já enfrenta desafios internos, como o aumento de importações da China a preços considerados predatórios, e pede ao governo brasileiro medidas de defesa comercial para proteger a produção local.

A decisão da administração Trump, que entra em vigor a partir de 12 de março, reacende as tensões comerciais entre os países. No primeiro mandato, o ex-presidente já havia imposto tarifas semelhantes, levando empresas do setor no Brasil a anunciarem demissões. Na ocasião, Trump acabou revertendo a medida, o que evitou um impacto mais severo.

Eis a íntegra da nota da Abal:

A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) manifesta preocupação com os impactos da nova medida tarifária anunciada pelo governo dos Estados Unidos, que pretende impor um acréscimo de 25% sobre as importações de alumínio. Apesar do anúncio público da medida feito na segunda-feira (10/02) à noite, até o momento, o Decreto Executivo com os detalhes das medidas a serem aplicadas sobre o alumínio ainda não havia sido publicado no site do governo americano.

Portanto, ainda não está claro se essa nova tarifa substituirá a sobretaxa existente de 10% da Seção 232 ou se será adicionada a ela, resultando em uma tarifa total de 35%. E, conforme anunciado pelo Presidente Donald Trump, desta vez não haverá exceções ou isenções para nenhum país.

Na medida anterior (Seção 232, imposta em 2018), os Estados Unidos aplicaram tarifas de 25% sobre importações de aço e 10% sobre importações de alguns produtos de alumínio. No entanto, no caso do alumínio, alguns países receberam isenções totais (Canadá, México e Austrália) ou foram incluídos em acordos de cotas (Argentina, União Europeia e Reino Unido).

Os efeitos imediatos para o Brasil serão sentidos primeiramente nas exportações e na dificuldade de acesso dos produtos brasileiros a esse mercado. Apesar de os produtos de alumínio brasileiros terem plena condição de competir em mercados altamente exigentes como o americano, seja pelo aspecto da qualidade ou da sustentabilidade, nossos produtos se tornarão significativamente menos atrativos comercialmente devido à nova sobretaxa.

Embora a participação do Brasil nas importações americanas de produtos de alumínio seja relativamente pequena, menos 1%, os Estados Unidos é um parceiro comercial importante e correspondem a 16,8% das exportações brasileiras do metal. O que movimentou US$ 267 milhões do total de US$ 1,5 bilhão exportado pelo setor em 2024. Em termos de volume, os Estados Unidos foram o destino de 13,5% do total (72,4 mil toneladas) das exportações brasileiras de produtos de alumínio. Desse total, 54,2 mil toneladas das exportações estavam sujeitas à Seção 232, e chapas e folhas de alumínio corresponderam a 76% desse volume.

Além dos impactos na balança comercial, preocupa ainda mais os efeitos indiretos associados ao aumento da exposição do Brasil aos desvios de comércio e à concorrência desleal. Produtos de outras origens que perderem acesso ao mercado americano buscarão novos destinos, incluindo o Brasil, podendo gerar uma saturação do mercado interno de produtos a preços desleais.

A imposição das novas tarifas nos EUA também pode resultar em uma tendência de elevação dos preços regionais, especialmente nas regiões que dependem de importações, o que pode provocar um realinhamento nas cadeias globais de suprimento e modificar fluxos comerciais tradicionais.

Esse cenário reforça a necessidade de ampliarmos as discussões sobre o fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e a recalibração da política tarifária nacional, de forma a corrigir distorções no mercado para proteger a indústria nacional contra a concorrência desleal e os impactos adversos provenientes dessa nova reconfiguração internacional.

Cenários desafiadores como este requerem sensibilidade e diálogo na construção de soluções que não são simples, mas que levem em consideração a necessidade de evitar disrupturas no suprimento de produtos e materiais estratégicos para a economia brasileira.

A ABAL está em diálogo com o governo brasileiro para compreender as implicações dessa medida e buscar soluções que mitiguem seus impactos sobre a economia nacional no curto e médio prazo, garantindo um ambiente mais competitivo para a indústria do alumínio brasileira.

Gazeta Brasil

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