Deputada federal, que preside o
partido desde 2007, é cotada para assumir a Secretaria-Geral da Presidência da
República no lugar de Márcio Macêdo; reforma ministerial também pode levar
Arthur Lira para o governo
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) está em conversas com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann,
para que ela assuma a Secretaria-Geral da Presidência da República, cargo
atualmente ocupado por Márcio Macêdo. A mudança faz parte de uma reforma
ministerial que deve ser iniciada após as eleições para o comando da Câmara e
do Senado, na próxima semana. Gleisi, deputada federal pelo Paraná e uma das
principais lideranças do PT, foi sondada por Lula em duas reuniões na semana
passada.
Gleisi Hoffmann tem uma longa
trajetória na política brasileira. Foi senadora, ministra-chefe da Casa Civil
no governo Dilma Rousseff e ocupou cargos em gestões petistas em nível
municipal e estadual. Eleita deputada federal em 2018 e reeleita em 2022, ela
preside o PT desde 2017. Sua atuação à frente do partido foi marcada por
críticas à política econômica do governo, especialmente em relação ao arcabouço
fiscal proposto por Fernando Haddad. Fora do partido, seu nome encontra muita
resistência, que o presidente está disposto a ignorar.
Apesar de Gleisi negar que já
tenha recebido um convite formal, a expectativa no Planalto e entre aliados de
Lula é que ela assuma a Secretaria-Geral, pasta responsável pela articulação
com movimentos sociais. Caso confirmada, a nomeação a colocaria no núcleo duro
do governo, ao lado do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do secretário de
Comunicação, Sidônio Palmeira. A entrada da deputada no governo também pode
abrir espaço para mudanças em outras pastas. Uma das possibilidades é a
substituição do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que
poderia assumir a Saúde no lugar de Nísia Trindade. No entanto, há resistência
dentro do governo em reduzir o número de mulheres no primeiro escalão, o que
poderia ser atenuado com a nomeação de Gleisi.
A reforma ministerial também deve
impactar a base aliada do governo. Lula busca recompor sua coalizão com vistas
à sucessão presidencial de 2026, em um momento em que pesquisas apontam queda
na aprovação de sua gestão. Nesse contexto, partidos como o PSD têm pressionado
por maior espaço. Um dos nomes cotados é o do líder do PSD na Câmara, Antonio
Brito, para o Ministério do Desenvolvimento Social, atualmente comandado pelo
petista Wellington Dias. Além disso, há especulações sobre a possibilidade de o
presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), assumir o Ministério da Agricultura,
hoje sob o comando do senador licenciado Carlos Fávaro (PSD). No entanto, o
PSD, liderado por Gilberto Kassab, resiste à proposta, buscando uma
configuração que preserve sua influência no governo.
A nomeação de Gleisi Hoffmann
para a Secretaria-Geral da Presidência também deve influenciar a sucessão no
comando do PT. O favorito de Lula para assumir a presidência do partido é
Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara (SP). A expectativa é que Gleisi e o
atual líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), apoiem uma candidatura
sem oposição de Edinho nas eleições internas, marcadas para julho de 2025. No
entanto, há divergências dentro da legenda sobre a indicação de Edinho,
especialmente entre a ala mais à esquerda da sigla, que pode lançar um nome
alternativo.
JP
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